Justiça adia audiência de caso Daniel; réus devem falar em setembro
O que deveria ser a fase final da audiência de instrução no caso do assassinato do jogador Daniel Corrêa tornou-se apenas mais uma breve etapa no processo. Após cinco horas do início das oitivas na manhã de hoje (13) a juíza Luciani Regina Martins de Paula decidiu adiar os interrogatórios dos réus acusados pelo crime para os dias 4, 5 e 6 de setembro.
Quem comunicou a decisão aos jornalistas do lado de fora do Fórum de São José dos Pinhais (PR) foi Rodrigo Faucz, advogado de David Vollero e Ygor King, réus no processo. "Foi decidido que não vai ser desmembrado, mas vai ser adiado", afirmou Faucz. "É um direito deles ouvir todas as testemunhas, então vai ser adiado para os dias 4 5 6 de setembro", disse.
Faucz aproveitou para fazer um pedido de liberdade provisória para a dupla. A partir da manifestação do Ministério Público, a juíza vai decidir sobre o pedido de liberdade provisória de David e Ygor. Os advogados dos demais réus não se manifestaram a respeito de pedidos semelhantes.
A mudança de data aconteceu após um pedido de Cláudio Dalledone Junior, advogado da família Brittes, para que uma nova testemunha fosse ouvida: o jornalista da Rede Massa, afiliada do SBT no Paraná, João Gimenes. "A testemunha teria que ter vindo hoje, mas o apresentador de televisão não quis comparecer. No auditório, ele se ufana de dizer que não tem medo de nada; hoje, ficou com medo e não quis comparecer. Então a juíza marcou uma outra audiência para que ele possa estar presente. Do contrário, vai mandar conduzir coercitivamente", disse Dalledone.
O UOL Esporte apurou que a testemunha em questão sofreu um acidente de moto recentemente e por isso não poderia comparecer para um depoimento até esta quinta-feira, data originalmente estipulada para o fim da audiência.
João teria ido até a loja de assistência de celulares, na qual Cristiana Brittes deixou o celular para conserto após o crime. A defesa dos Brittes quer apurar quem foi o responsável por vazar fotos de Cristiana Brittes que estariam no aparelho da acusada e foram divulgadas em programa da Rede Massa.
Além da nova testemunha, ao chegar ao Fórum, Dalledone havia anunciado que pediria para que seus clientes, Edison, Cristiana e Allana, fossem os últimos a serem ouvidos. Edison, conhecido como Juninho Riqueza, é réu confesso e alega ter agredido o jogador apos pegá-lo na cama com a mulher, Cristiana.
O assistente de acusação, Nilton Ribeiro, avaliou como acertado o parecer da juíza. "É uma decisão correta da doutora Luciani. Nos dias 4, 5 e 6 de setembro, voltarão os trabalhos, e vamos ouvir os acusados. Não vejo como [mudar estratégia nesse período]. O processo está muito bem instruído e não vai fugir do que já tem. A materialidade, a autoria estão muito bem delineadas. Não vejo como surgir uma nova estratégia, algo nesse sentido", afirmou.
Antes do adiamento ser anunciado, haviam sido ouvidas duas testemunhas de defesa: o delegado do centro de triagem Roberto Fernandes, que falou sobre noticias falsas de que Edison Brittes teria sido agredido na prisão e o técnico Guinter Gois, da loja de assistência técnica para onde Cristiana levou o celular dias após o crime.
A lista de réus inclui também Eduardo Henrique e Evellyn Perusso acusados por diferentes crimes que ocorreram durante e após o assassinato de Daniel, como coação de testemunha e fraude processual. Evellyn, por exemplo, responde em liberdade por falso testemunho.
Allana teve habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça na última semana e passou a responder em liberdade pelos crimes de que é acusada: coação no curso do processo, fraude processual e corrupção de menor. Assim como Juninho, Cristiana responde por homicídio.
O jogador foi morto em 27 de outubro de 2018 depois de um "after party" na casa da família Brittes após a comemoração do aniversário de 18 anos de Allana na casa noturna Shed, em Curitiba (PR).
A audiência de instrução teve início em fevereiro e já ouviu 77 testemunhas entre acusação e defesa. Só a família Brittes teve 48 nomes arrolados, de familiares a amigos próximos e pessoas que de alguma forma foram envolvidas no caso.
Depois das oitivas, há um prazo de cinco dias para alegações da promotoria e outros cinco para os defensores. Após analisar as manifestações, a juíza Luciani Regina Martins de Paula dará a sentença de pronúncia se os réus irão a júri popular.
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