Torcida do Bahia se revolta com visibilidade no Allianz e estuda processo
Já não é mais nenhuma novidade ouvir reclamações de torcedores visitantes que vão ao Allianz Parque e têm dificuldades para acompanhar a partida por causa da rede de proteção instalada no setor. A última vítima da má visibilidade no estádio foi a torcida do Bahia, que não pôde acompanhar com todos os detalhes o empate por 2 a 2 com o atual vice-líder do Campeonato Brasileiro, no domingo (11).
Segundo o Palmeiras, a rede é uma exigência da Polícia Militar que consta no laudo de segurança do estádio para evitar que objetos sejam arremessados no campo ou no andar de baixo das arquibancadas.
Procurada pelo UOL Esporte, a Polícia Militar, através da assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, 'esclarece que realiza vistorias técnicas nos estádios paulistas e elabora um laudo de segurança, no qual é recomendada a adoção de medidas de proteção nos setores que acomodam as torcidas visitantes'.
A reportagem conversou com André Lessa, de 34 anos, um dos torcedores do Bahia que compareceram ao Allianz Parque após pagar R$ 110 por um ingresso para o setor de visitante. Um grupo de aficionados procurou a Polícia Militar e a Ouvidoria para, ao menos, obter o dinheiro de volta, mas não teve sucesso.
"No primeiro tempo, não dava para ver absolutamente nada. Você tinha que encostar a cara na tela para poder assistir. Inacreditável. Era surreal. Reclamamos com a Polícia, disseram que em todo jogo é assim... Eu levantei com um colega e falei: 'Vamos pegar o dinheiro de volta e assistir num bar, porque desse jeito não dá'. E o ingresso foi R$ 110", disse ao UOL Esporte.
Agora, André e mais um grupo de torcedores do Bahia - incluindo a Embaixada Tricolor de São Paulo - estudam entrar com um processo contra o Palmeiras.
"A gente foi na Ouvidoria e disseram que a política deles é não devolver o ingresso, e que a rede é para evitar que se joguem objetos. E falaram um monte de mentira, que todo estádio de São Paulo é assim. Eu já fui ao Morumbi, ao Pacaembu, ao Itaquerão, e não tem nada disso. Trataram a gente com desdém. E eu só fui à Ouvidoria para ter uma prova para um processo", disse.
"Eu me senti como um animal isolado, no zoológico. Sem ver nada e isolado. Foi o ingresso mais caro que eu já paguei para ter essa experiência como torcedor", acrescentou.
Diego Tavares, de 37 anos, viajou de Salvador a São Paulo só para acompanhar a partida. E crava: foi a pior experiência que teve como torcedor do Bahia em estádios do Brasil.
Foi a pior experiência que tive em estádio. Nunca vi nada parecido em nenhum estádio do Brasil" (Diego Tavares, torcedor do Bahia)
"Foi uma péssima experiência. Eu, sempre que posso, costumo ir a alguns jogos do Bahia pelo país. E te digo seguramente que foi a pior experiência que tive em estádio. Nunca vi nada parecido em nenhum estádio do Brasil", disse.
"A tela, juntamente com o sol, impossibilita a visão quase que 100% do campo. Alegaram que a tela foi colocada por segurança, para não jogarem objetivos na torcida embaixo. Mas ninguém é animal selvagem para ficar em tela. Aqui na Arena Fonte Nova mesmo, não tem tela, o Bahia disponibiliza segurança, através de policial, e isolando as primeiras cadeiras do setor. Simples assim", acrescentou o torcedor, que ainda fez críticas à polícia de São Paulo.
"Agora, se a PM de São Paulo não quer ter trabalho, aí prejudica o torcedor visitante, que paga caro... Isso tem que ser analisado", argumentou.
Boa parte dos torcedores perdeu um tempo considerável da etapa inicial enquanto argumentava com policiais e reclamava na Ouvidoria, em vão.
"Perdi o primeiro tempo quase todo, tentando preencher a reclamação. Saí de Salvador, deixei meu pai em pleno Dia dos Pais para ir ver meu Bahia e, mesmo com o bom resultado do time, saí revoltado do estádio", completou Diego.
Também procurado pela reportagem do UOL Esporte, o Bahia disse que acompanha o assunto, mas que não irá se pronunciar.
Paulo Castilho, procurador de Justiça Criminal do Estado de São Paulo e ex-diretor do Departamento de Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte, contou à reportagem qual deve ser a atitude do torcedor que se sentir prejudicado.
"O consumidor que se sentir lesado poderá entrar com ação, inclusive, na cidade de seu domicílio, exigindo o dinheiro de volta e eventuais perdas e danos. Entretanto, tem que provar a lesão. O Palmeiras terá toda oportunidade de justificar a medida adotada", explicou.
STJD pode analisar tratamento dado aos visitantes
Em texto publicado ontem (12), o Blog Lei em Campo aborda a questão e diz que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pode vir a analisar o tratamento dado pelo Palmeiras às torcidas visitantes.
"Lei Pelé e Estatuto do Torcedor garantem direitos a ele [torcedor], que por força da lei é equiparado ao consumidor, com todas as garantias estabelecidas também pelo Código de Defesa do Consumidor. Quando se vai a um estádio, ninguém imagina ter que assistir a um jogo tendo uma tela na sua frente. Ainda mais quando essa tela só é colocada para a torcida visitante. Ou seja, torcedor do clube tem uma visão melhor da partida do que torcedor visitante", diz trecho do texto.
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