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Em alta no Atlético-MG, Vina superou "pior dia da vida" para virar jogador

Vinícius, meia-atacante do Atlético-MG, tem uma tatuagem com a fotografia da avó no braço direito - Bruno Cantini/Divulgação/Atlético-MG
Vinícius, meia-atacante do Atlético-MG, tem uma tatuagem com a fotografia da avó no braço direito Imagem: Bruno Cantini/Divulgação/Atlético-MG

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

17/08/2019 04h00

Vinícius Goes tem as melhores lembranças da vida em Curitiba, onde entra em campo hoje para defender o Atlético-MG diante do Athletico Paranaense, pela 15ª rodada do Brasileirão 2019. Nascido na cidade, o artilheiro do time no pós-Copa América, com quatro gols, jogou pelos três grandes da capital paranaense. Mas é claro que as recordações não se restringem ao futebol. A memória, sem dúvida, remete aos momentos de felicidade ao lado da família e, principalmente da avó Maria Neusa Goes, que faleceu há nove anos.

O ano era 2010. Vina teve, na temporada anterior, a primeira chance no elenco profissional do Paraná. No entanto, em um período instável ainda da carreira, voltou para as divisões de base. Ele se preparava para jogar a Copa São Paulo de Futebol Júnior pela segunda vez seguida e sonhava com a consolidação como atleta. A avó, com câncer à época, se recuperava em um hospital de Curitiba no mesmo período.

Já em São Paulo para jogar o torneio, Vina não rendeu o que sabia nos dois primeiros jogos. Craque do time na ocasião, sabia que não estava tudo certo com a avó, sua principal incentivadora na carreira. Ligava incessantemente para a mãe a fim de saber notícias, mas sempre sem respostas sólidas. Pressionado por melhores atuações em campo e preocupado com a situação da avó fora das quatro linhas, ele viveu a "pior dia da vida" às vésperas do último jogo da fase de grupos.

"Em um sábado, o treinador apareceu no nosso quarto. Estávamos eu e mais três jogadores. Ele me falou que precisava falar comigo. Aí fui para o lanche, ele apareceu lá. Fui ao quarto, e estava a psicóloga do clube. Quando cheguei ao quarto, foi 'pá-pum', não tinha para onde correr. Foi o pior dia da minha vida, ela tinha falecido. Quando a psicóloga falou, eu só queria chorar, meu mundo desabou", disse em entrevista à TV Galo.

O mundo desabou um dia antes do jogo que poderia mudar a história de Vinícius no futebol. Depois de horas de indecisão sobre ir ou não ao enterro da avó Neusa, o qual aconteceu no momento da partida, o atleta seguiu o conselho dos pais - Simone Meira Goes e Praxedes Barbosa de Souza - e ficou em São Paulo para entrar em campo.

Vinícius é um dos destaques do Atlético-MG no ano - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Vinícius é um dos destaques do Atlético-MG no ano
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

"Fui desnorteado até o meu quarto. Eu só conheci ela como avó, era mãe da minha mãe. Falei com ela sempre: 'você vale pelos quatro'. Nós tínhamos que ganhar o último jogo da fase de grupos da Copinha para classificar. O clube me levaria para o enterro se eu quisesse. Conversei com meus pais e eles falaram: 'fica, filho'. O jogo do domingo foi no horário do enterro dela", comentou.

No estádio Doutor José Sidney da Cunha, em Capão Bonito, marcou o segundo dos quatro gols do Paraná. O lance ocorreu aos 29 minutos de partida e foi seguido de muita emoção.

"Na hora do jogo, na hora do enterro, como não estava presente, meu irmão mais velho e meu irmão mais novo pegaram uma camisa do Paraná e colocaram para me representar. É arrepiante, porque não estava presente, mas meu sobrinho estava acompanhando o jogo e, na hora que começou a descer o caixão dela com a minha camisa, fiz o gol lá. Eu saí chorando muito, meu sobrinho disse que gritou no enterro. A gente arrepia, cara, porque ela era tudo para mim. Na verdade, ela continua sendo. Ela era fazia parte daquele tripé da minha vida, com meu pai, minha mãe e ela. Sei que onde ela está, ela está bem", contou emocionado.

A avó, sua grande amiga, tornou-se imortal na pele de Vina. O jogador tatuou uma fotografia da familiar no braço direito e fez ao menos outros dois desenhos em homenagem a ela. Mas não é só assim que se lembra de Neusa. Quando balança as redes adversárias, o atleta aponta para o céu. Um dos motivos é agradecer à avó.

"Tudo o que realizo, de hoje também estar no Atlético, queria que ela estivesse aqui, assistisse a um jogo meu. Se você acompanhar as minhas comemorações, eu sempre vou dar uma apontada para o céu, é claro para Deus e também para ela", contou.

Hoje, às 19h (de Brasília), ele terá a chance de brilhar na cidade em que viveu ao lado da avó. Titular do time de Rodrigo Santana, está confirmado para o duelo contra o Athletico-PR.

Ficha técnica
Athletico-PR x Atlético-MG

Motivo: 15ª rodada do Brasileirão
Local: Arena da Baixada, em Curitiba (PR)
Data: 17 de agosto de 2019 (sábado)
Horário: às 19h (de Brasília)
Árbitro: Dewson Fernando Freitas da Silva (Fifa/PA)
Assistentes: Marcelo Carvalho Van Gasse (Fifa/SP) e Helcio Araujo Neves (PA)
VAR: Pathrice Wallace Corrêa Maia (RJ)

Athletico Paranaense
Santos; Madson, Pedro Henrique, Léo Pereira e Adriano; Wellington, Bruno Guimarães e Bruno Nazário (Nikão); Marcelo Cirino, Rony e Marco Ruben (Thonny Anderson).
Técnico: Tiago Nunes.

Atlético-MG
Cleiton; Guga, Réver, Igor Rabello e Fábio Santos; Ramón Martínez, Elias, Juan Cazares e Vinícius; Yimmi Chará e Rafael Papagaio.
Técnico: Rodrigo Santana.

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