Como Guerrero e Caetano moldaram Fla e Inter que buscam vaga em semifinal
Protagonistas de um Internacional em plena reconstrução, o atacante Paolo Guerrero e o diretor-executivo Rodrigo Caetano foram símbolos importantes no processo que culminou com o período de "vacas gordas" no Flamengo. Pilares deste atual momento colorado, a dupla revê justamente o antigo clube amanhã (21), às 21h30, no Maracanã, quando colorados e rubro-negros começam a definir quem avança à semifinal da Copa Libertadores.
Contratado pelo presidente Eduardo Bandeira de Mello, Caetano tinha admiração irrestrita do mandatário, mas sucumbiu após os resultados de campo não acompanharem as conquistas financeiras. Eliminado pelo Botafogo no Carioca de 2018, o diretor puxou a fila de uma limpa no departamento de futebol do clube. A ressaca pela eliminação atingiu ainda Paulo César Carpegiani, então técnico do Fla.
Bandeira de Mello tentou segurar o diretor até o último instante, mas havia a necessidade de um movimento político. Já desgastado pelos maus resultados no futebol, o dirigente não resistiu à pressão e, mesmo contrariado, mandou Caetano embora. O diretor deixou a Gávea com o título do Carioca de 2017 e algumas frustrações na bagagem, dentre elas a de não ter podido surfar na onda dos altos investimentos. Em seu período no clube, as contratações de Guerrero, Diego e Éverton Ribeiro foram os sinais mais claros de que um projeto de hegemonia financeira estava em curso. Apesar de ter sido protagonista nessa caminhada, não conseguiu estar à frente de um clube que hoje figura como bicho papão no mercado.
Sem clube, o gaúcho voltou para casa. Mas dessa vez para o Internacional, rival do Grêmio, clube de origem do profissional. E sua contratação significou muito para os colorados, que haviam subido da Série B como vice-campeões em 2017 e começado o ano seguinte ainda com dificuldades. A equipe foi eliminada pelo principal rival no Gauchão, caiu na Copa do Brasil para o Vitória e não iniciou bem o Brasileiro.
A torcida protestava contra a direção e o elenco parecia inseguro. Foi com a sua chegada, em maio de 2018, que o Internacional iniciou uma mudança mais radical. Logo de cara, o discurso de apresentação injetou um otimismo antes em falta:
"A Série B já faz parte do passado. Muitos tiraram aprendizado, que não queriam ter tido, mas serve de lição. Não é este fato que apaga o tamanho do Internacional, que tem grandes conquistas, uma história que dispensa comentários. De uma vez por todas, isso tem de ficar para trás. Apesar das dificuldades, temos que olhar para o topo, mirar as primeiras colocações, para sermos protagonistas no cenário nacional. Não é a queda que vai invalidar a história".
Fora de campo, Rodrigo foi importante em negociações, no trabalho de bastidor com elenco e planos futuros para o time, que já em 2018 terminou o Brasileiro em terceiro. Coincidentemente, sua trajetória voltou a cruzar com a de Guerrero. Ex-colegas no Flamengo, o dirigente trabalhou duro para chegada da principal contratação recente da história vermelha, e a boa relação entre eles pesou no acerto.
Sem o sucesso esperado no Rubro-negro, o artilheiro desembarcou em Porto Alegre em agosto de 2018, com muita festa da torcida e apresentação nos moldes europeus. O movimento ousado para a realidade do Inter mostrava a ambição da equipe, que então brigava pelo título nacional. Mesmo que ele não tenha estreado naquele ano, com a queda da liminar que o autorizava a atuar, apesar da suspensão, a expectativa pelo astro alimentou a esperança da torcida em dias melhores.
Em campo desde abril deste ano, o desempenho já justificou a expectativa. Guerrero disputou 19 jogos, marcou 11 gols (inclusive um contra o Flamengo) e personifica aquilo que o Inter trata como "próximo passo" para se recolocar de vez no cenário nacional: os títulos. Para seguir vivo pelo tricampeonato continental, jogador e dirigente terão de superar um rival que ajudaram a construir.
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