Marcão une estilo Diniz com dedo de Oswaldo, e Flu evolui na Sul-Americana
O Fluminense que entrou em campo no empate sem gols contra o Corinthians pela Copa Sul-Americana foi comandado pelo auxiliar permanente Marcão na área técnica. E a sabedoria do antigo xodó da torcida tricolor esteve na união de forças: na conversa, não abdicou nem do estilo de Fernando Diniz nem do "dedo" de Oswaldo de Oliveira.
O time mostrou evolução e conquistou bom resultado na competição continental, tratada como prioridade em Laranjeiras.
A começar pelas poucas mudanças na equipe titular - Nenê foi a única mexida por opção técnica, e Frazan substituiu o lesionado Digão -, Marcão tentou modificar o mínimo possível a estrutura do Flu que teria uma pedreira na Arena Corinthians. Eram resquícios do time de Diniz. Ainda assim, foi possível ver algo muito marcante nos times de Oswaldo de Oliveira: a movimentação constante dos homens de frente.
Sem um centroavante fixo, Yony Gonzalez e Marcos Paulo se postaram à frente de Allan, Daniel e Ganso, que formaram um tridente mais compacto no meio de campo. Assim, Nenê flutuou como um falso 9 durante todo o jogo, segurando a bola, sofrendo faltas importantes e cadenciando o ritmo da partida. Experiente, aumentou o controle do jogo para o time. A posse de bola foi menor do que de costume, apenas 44%. Mas o Tricolor pouco sofreu contra um adversário que costuma exercer forte pressão dentro de seus domínios.
"Nenê contribuiu demais com sua experiência. Taticamente foi perfeito. Segurou o jogo, se posicionou bem defensivamente. Priorizamos isso. Ofensivamente deu segurança e experiência. Creio que contribuirá ainda mais", declarou Marcão após o empate.
O jeito de jogar com a bola nos pés, entretanto, seguiu pouco afetado. Os jogadores buscaram na maioria das vezes a saída com toques, e tiveram sucesso. Nenê foi importante também para isso. Sua entrada possibilitou que Ganso e Daniel se movimentassem mais no meio, dando mais opções de passe nas triangulações. Assim, Allan pode comandar o time na saída de bola, melhorando a transição entre a defesa e o ataque.
"Muito difícil desapegar. O Athletico, por exemplo, manteve o estilo. São coisas que ficam no nosso subconsciente, de tanto ter treinado. O Oswaldo não quer que a gente desapegue, vamos continuar com isso, a posse de bola é importante para controlar o adversário. O jeito dele (Oswaldo) vai agregar com o nosso estilo", opinou Igor Julião.
Na defesa, a mudança foi também posicional. Frazan e Nino melhoraram o jogo aéreo e seguraram as jogadas mais fortes do Corinthians, seja com Vagner Love, Boselli ou Gustagol. Melhor postados e protegidos por uma linha de quatro ou cinco homens na marcação, também jogaram mais simples quando apertados, evitando erros de passe na saída de bola.
Sempre sorrindo e com estilo calmo, Marcão conta com a confiança do elenco e do restante da comissão técnica. Além dele, foi importante a presença do preparador físico Marcos Seixas, com mais de 20 anos de carreira no clube. Juntos, conseguiram motivar o elenco, abatido pela demissão de Fernando Diniz.
Ex-atleta de Oswaldo, o auxiliar será peça importante na transição do estilo mais arrojado de Diniz para o "mais tradicional" do novo treinador. Ao ter a inteligência e humildade de unir os pontos fortes de ambos, ganhou pontos até com os mais críticos ao seu trabalho, fugindo do estereótipo de "boleiro" e "motivador".
Formado em Educação Física, com cursos de treinador e idiomas, Marcão se preparou para deixar para trás o rótulo de ex-jogador. E se depender do bom resultado na Copa Sul-Americana, está perto de provar seu valor no clube.
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