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Jesus transforma dinheiro em liderança no Fla. E agora mira Libertadores

Do UOL, no Rio de Janeiro

26/08/2019 04h00

Jorge Jesus iniciou os trabalhos no Flamengo em 20 de junho. Logo no primeiro dia, chamou atenção pela intensidade. O português correu ao lado dos jogadores, gesticulou, cobrou. O ritmou era diferente daquele experimentado nos últimos tempos no Ninho do Urubu. Internamente, a impressão era quase unânime: "esse técnico vai dar muito certo ou muito errado, não tem meio-termo", comentavam os profissionais do dia a dia rubro-negro. Dois meses depois, a primeira opção começa a ganhar força.

Em dois meses de trabalho, um elenco questionado por custar tão caro e ainda não dar retorno disparou para ser o líder do Campeonato Brasileiro. A intensidade de um técnico que não deixa nenhuma competição pelo caminho fez o milionário time ir além, se aproximando também de uma vaga na semifinal da Libertadores após mais de 30 anos.

Mas como Jesus fez isso? O que se desenhava um problema no início, com lesões, mostrou ser uma "arma". Os treinos intensos mudaram a rotina física de um clube que passou a conviver com desfalques. Mas também apresentaram um elenco pronto para qualquer situação. Para cada jogo, uma escalação diferente. Foram 12 formações em 12 partidas. E a fórmula se mostrou positiva até então.

Ontem (25), contra o Ceará, novas "misturas" e um time mesclado entre aqueles apontados como reservas e titulares. Novas peças, mesma fórmula: ritmo intenso, ataque, gols, vitória e, agora, a liderança do Campeonato Brasileiro.

O Flamengo vive momento espetacular. Desde a chegada de Jorge Jesus, o time entrou em campo em sete oportunidades no Campeonato Brasileiro. São cinco vitórias, um empate e uma derrota. Isso representa um aproveitamento de 76,2% dos pontos disputados.

"Quando chegamos estávamos a 8 pontos do Palmeiras, o líder. Tivemos jogos importantes, mas isso faz parte das grandes equipes. Vocês valorizam muito aqui a Copa do Brasil e menos o Brasileiro. Não dá muito para entender, minha cultura é o contrário. Quando chegamos a proposta era colocar o Flamengo entre os primeiros. Sabia que tinha capacidade para isso. Pode e deve ter objetivo de conquistar. Felizmente estamos em primeiro. Faltam muitas rodadas e não ganhamos nada ainda", disse Jorge Jesus.

O clima de desconfiança antes com o técnico Abel Braga já não existe mais. Tudo por conta do padrão de jogo apresentado pelo Flamengo de Jesus. Se antes a oscilação era grande e dependia muito do talento individual, agora, sob o comando do português, há claramente um jogo coletivo.

A mudança é completa. Ainda mais se levar em consideração que tudo ocorreu em apenas dois meses de trabalho. O Flamengo ainda não venceu nada, mas joga futebol que agrada até quem não é torcedor. Ainda tem muito campeonato pela frente, mas inegável que o Rubro-negro brigará pelo título até as últimas rodadas.

Agora Jorge Jesus mira a sonhada vaga na semifinal da Copa Libertadores. Contra o Inter, na quarta-feira, mais uma formação provavelmente ainda desconhecida. E o desejo de alcançar um feito igualmente desconhecido para parte dos rubro-negros: uma vaga na semifinal, ficando a três jogos de colocar a mão na Copa Libertadores da América.