No jogo de ontem (25), contra o São Paulo, a torcida do Vasco presente em São Januário entoou o grito "time de veado" pelas arquibancadas. O ato foi registrado na súmula pelo juiz Anderson Daronco - que chegou a paralisar a partida - e o caso já está sendo analisado pelo STJD.
Hoje (26), o clube carioca emitiu uma nota oficial repudiando o canto homofóbico de sua torcida. O Vasco pode perder três pontos no Campeonato Brasileiro caso seja considerado culpado.
E você, acha que o Vasco deve ser punido pelo caso? Fizemos essa pergunta aos blogueiros do UOL Esporte. Veja o que eles pensam:
ANDREI KAMPFF
O STF, em decisão histórica, equiparou pra fins legais o crime de homofobia ao de racismo. É natural o STJD seguir essa orientação, e o movimento esportivo também passar a punir. Mas como toda lei, a principal preocupação não pode ser a punitiva, mas a de provocar uma mudança de comportamento. Acredito que o STJD irá punir o Vasco de acordo com o art. 243-G e pela orientação do Supremo, mas acho que não será uma punição rigorosa. Primeiro, porque o clube respondeu imediatamente quando soube da manifestação; segundo, porque todos precisam entender a importância da Lei aos poucos.
Leia o blog Lei em Campo.
ANDRÉ ROCHA
Toda manifestação de preconceito merece punição e as autoridades demoraram a impor sanções com rigor. Mas o Vasco procurou agir rápido para conter as manifestações daqueles que acham que o estádio de futebol é o último refúgio para a barbárie, onde tudo é permitido. Uma prática difícil de mudar, já que é chancelada inclusive por autoridades de governo.
Em um primeiro momento seria rigoroso demais fazer com que profissionais que tentaram coibir a homofobia sejam punidos pela imbecilidade de uma minoria no estádio. Pode ser algo mais gradativo e adequado ao contexto brasileiro de 2019.
Leia o blog do André Rocha.
BENJA
Há trinta anos cantar " Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, sera que ele é? Viado! Era apenas uma simples e ingênua canção de carnaval cantada até por crianças.Mas o mundo mudou, e continua mudando, sendo assim, tudo que é novo requer tempo para adaptação, e no começo é preciso educar e não multar. Se o Vasco for punido por esse canto da sua torcida, será algo mais desrespeitoso do que a própria infração. Deveriam sim é punir alguns árbitros que nem com o uso do VAR conseguem acertar!
Leia o blog do Benja.
MARCEL RIZZO
Por recomendação da Fifa, tem que ser punido. A questão é o tamanho da punição: a Fifa recomenda, numa primeira condenação por discriminação, multa pesada e no máximo jogar com número limitado de espectadores. A partir da segunda amplia até para perda de pontos e em casos extremos o rebaixamento. Acho que punições como perda de mando, portão fechado e multa vai resultar em algo que ocorreu com os torcedores que jogavam objetos ao gramado: outras pessoas vão denunciar, para evitar que o time seja punido. Vai se educar pela punição.
Leia o blog do Marcel Rizzo.
MAURO CEZAR
Como o clube poderia controlar os gritos dessas pessoas? Quando me coloco no lugar de um dirigente em situações assim me pergunto: o que eu faria? Não há como impedir. Punição por ação individual deve ser ao indivíduo.
Leia o blog do Mauro Cezar.
MENON
Eu considero um ataque ao esporte um clube ser punido esportivamente por atitudes homofóbicas ou racistas. Os agressores, sim, devem ser punidos. As torcidas organizadas devem ser punidas.
Os clubes não podem perder pontos. Talvez algum mando de campo. Imaginem uma última rodada de campeonato. O time A tem 75 pontos e recebe o time B, que tem 73. O time B vence com gol no último minuto. E campeão. Então sua torcida xinga o goleiro de veado. Vai perder três pontos? Vai deixar de ser campeão?
Não teremos mais futebol.
Leia o blog do Menon.
PERRONE
Na minha opinião a matéria é técnica. O STJD deve ler o Código Disciplinar e aplicar o que ele determina. Então, opino agora sobre como acredito que deveriam ser as regras. Punição esportiva de no máximo jogos com portões fechados. Medidas mais radicais só se o clube não apresentar às autoridades policiais imagens de suas câmeras no estádio para a identificação de eventuais criminosos. Temos também imagens de TV para individualizar pelo menos alguns casos. Esse é o caminho pra mim.
Leia o blog do Perrone.
PVC
Punido, não.
O princípio das punições não pode ser pegando uma torcida como bode expiatório.
Tem de haver os alertas e o anúncio das punições a médio prazo.
É para corrigir o problema. Não para estragar o campeonato.
Leia o blog do PVC.
RENATA MENDONÇA
Quando a torcida do Vasco (e eu poderia inserir aqui qualquer outra, porque todas já gritaram coisas assim) grita "time de veado" com o intuito de ofender a equipe adversária, ela passa um recado: ali não é lugar para "veado". Não é lugar para qualquer um que não se encaixe nos padrões de ser homem heterossexual e que se comporte como tal (o popular "machão"). E esse tipo de comportamento restringe a liberdade de quem não se identifica com esse padrão e não encontra espaço para simplesmente ser quem é dentro do estádio. Os gritos homofóbicos restringem a liberdade dos homossexuais que também têm o direito de viver o futebol por essência. E se ainda tem gente que não entendeu isso, ainda precisaremos da arbitragem e das punições para lembrar as torcidas que o preconceito não está liberado - nem na rua, nem nos estádios.; se o preço para o futebol se tornar um lugar mais inclusivo e respeitoso para todos for ele ficar "chato" pra quem é preconceituoso, racista, machista e homofóbico, é um preço justo a se pagar. (LEIA MAIS)
Leia o blog Dibradoras.
RODRIGO MATTOS
Vasco deveria sofrer uma punição leve de início como uma multa, sem perda de mando ou pontos. É o que está previsto na norma da Fifa como pena inicial. Além disso, o técnico Vanderlei Luxemburgo e o clube se manifestaram contra os gritos homofóbicos que cessaram após a paralisação do jogo. Se houver reincidência, deve se aumentar o grau de punição, valendo para todos os clubes.
Leia o blog do Rodrigo Mattos.
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