Amizade com Dagoberto prejudicou início de quase tenista Evandro no futebol
O meia Evandro, do Santos, irá reencontrar neste domingo (8) o clube que o revelou para o mundo: o Athletico. Foi lá que o jogador fez toda a categoria de base, acumulou convocações para as seleções brasileiras menores e subiu ao profissional. No entanto, também foi no clube do Paraná que Evandro viveu um momento curioso: o "afastamento" do clube por causa de sua amizade com o atacante Dagoberto.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Evandro lembrou com carinho dos anos vividos em Curitiba, onde inclusive ganhou o apelido "seleça" que seria propagado por Alex Mineiro no Palmeiras. Ainda na base, o meia chegou a ser gandula nos jogos do profissional e não negou: fazia cera quando era preciso.
"Fui muitas vezes gandula na Arena da Baixada, em 2001, no ano que o Athletico foi campeão brasileiro. Via de perto os jogadores. Fazia [cera]. A gente queria mais é que o Athletico ganhasse. Os profissionais vinham conversar e brincar com a gente e isso era tudo pra nós, garotos ainda. O ano que eu subi foi um dos melhores como profissional. Fui premiado entre os melhores meias do Campeonato Brasileiro e chegamos na final da Libertadores", disse o meia.
Depois de boas temporadas nos profissionais, Evandro acabou encostado e começou a ser emprestado pelo clube por desobedecer uma ordem interna, relacionada ao amigo Dagoberto.
"Nessa altura o Dagoberto teve um problema muito sério com a diretoria. Ele teve uma lesão e os empresários queriam que ele tratasse fora do Brasil. Isso gerou uma polêmica muito grande, inclusive na renovação dele, que não aconteceu. Eu sempre fui muito amigo dele e até hoje sou. Isso me prejudicou muito, porque a ordem no clube era para não ter contato com o Dagoberto. Passei dois anos sem fazer pré-temporada e jogando no time B. Isso de fato aconteceu e eu recordo com muita frustração. Mas tenho um carinho especial pelo Athletico, que me possibilitou realizar meu sonho", lembrou Evandro.
Antes do clube paranaense, o meia chegou a passar em um teste no Palmeiras, mas não ficou por falta de alojamento e escola. Os pais do jogador sempre primaram pelos estudos de Evandro. Depois, o meia fez teste no São Paulo, mas não passou e acabou indo para Curitiba porque seu pai, que foi jogador profissional, conhecia o técnico da base do clube.
O que poucos sabem é que Evandro quase deixou de lado a carreira no futebol, antes mesmo dela começar, para ser tenista. Ele levava jeito para o esporte quando garoto e chegou a jogar para valer.
"Com 9 anos eu fui brincar com tênis e ficou mais sério porque eu estava me destacando. Cheguei a ser terceiro no ranking de Santa Catarina e fiquei dividido. Com 11 anos eu comecei a ter o sonho de ser jogador e tive que optar. Escolhi o futebol", revelou.
Depois de atuar no Brasil, e antes de brilhar em Portugal, Evandro passou três anos no Estrela Vermelha, clube tradicional da Sérvia. O meia lembra das dificuldades de jogar na equipe, mas acredita que evoluiu bastante durante o período, principalmente na parte pessoal.
"Às vezes o jogador se queixa por muito pouca coisa, reclama de barriga cheia. Por passar muitos meses sem receber em um campeonato muito pouco visto e que não é forte, comecei a dar valor para muitas coisas. O Estrela Vermelha, que já foi muito forte e tem uma torcida espetacular, se encontra em uma situação muito precária, até em termos de comida. Às vezes eu dava um dinheiro para o garçom para ele trazer um pouco mais", contou.
Em ascensão no Santos desde sua chegada, o meia já classificou o esquema de Sampaoli como o mais fácil em que já atuou e elogiou muito o argentino, dizendo até que o atual comandante está à frente de técnicos com quem trabalhou na Europa, como Julen Lopetegui, ex-Porto, seleção da Espanha e Real Madrid.
Evandro acredita que o tempo na Europa e a experiência no futebol como um todo fizeram dele uma pessoa mais tranquila com o que acontece dentro de campo. Para o meia, isso tem sido fundamental no seu crescimento no Santos, onde foi titular nos últimos três jogos.
"Eu melhorei muito minha maneira de ver o futebol, de pensar e aproveitar. Passei muito tempo com aquela coisa de não poder errar e isso acaba tirando seu melhor. Pra mim está sendo uma diversão vir treinar e isso me faz estar melhor. Esse relaxamento depois de tanto tempo no futebol está me fazendo muito bem", afirmou.
O reencontro entre Evandro e o Athletico está marcado para este domingo, às 16h, quando o Santos recebe o clube paranaense na Vila Belmiro, em jogo válido pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro.
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