Com 14 "atacantes", Fluminense tem poucos defensores para reverter má fase
A derrota para o Avaí no Maracanã expôs muito mais do que a situação caótica que o Fluminense vive no Campeonato Brasileiro. Ainda que se possa discutir as substituições feitas por Oswaldo de Oliveira no segundo tempo, o Tricolor tem um elenco desequilibrado para os 22 jogos que restam. O ofensivo Fernando Diniz montou o elenco ao seu modo, e o sucessor terá de fazer "malabarismos" ou recorrer a mercados alternativos se quiser mudar o modelo de jogo da equipe.
Os números escancaram a fase que vive o Fluminense. Além de ocupar a 18ª posição, com 12 pontos e apenas três vitórias em 16 jogos, o time tem outras questões a se preocupar, como os cerca de 70% de chances de rebaixamento. Os 26 gols sofridos dão ao Tricolor a segunda defesa mais vazada da competição, o que, pela falta de opções no elenco, só mudará com treinos e mudanças táticas.
Isso porque a quantidade de alternativas preocupa. É só checar o site oficial do clube: de origem, o Fluminense tem apenas seis defensores de linha disponíveis para as próximas "decisões" que enfrentará. É bem verdade que o Tricolor deu azar com as lesões de Matheus Ferraz e Léo Santos (que sofreu nova contusão após ser devolvido para o Corinthians), que poderiam formar a linha de zaga titular.
"Nos três jogos que eu dirigi, a defesa não foi mal. O Avaí criou, mas o Fluminense criou muito mais. Futebol é cobertor curto. Meu risco de jogar com Yony, João Pedro, Ganso, Nenê e Nem era grande, mas foi calculado nesse sentido. O Fluminense atacou e criou muito mais. Não acho que a defesa seja tão ruim. Tivemos duas partidas contra o Corinthians em que a defesa foi muito bem. Hoje, aconteceu essa fatalidade, mas a criatividade da equipe superou isso", defendeu Oswaldo de Oliveira, em coletiva após o jogo.
Mas dificilmente haverá explicação para a equipe ter apenas três laterais de ofício e quatro zagueiros no elenco. O jovem Mascarenhas tem sofrido com lesões e mal entrou em campo na temporada. Não à toa, o volante Caio Henrique, jogador que mais entrou em campo pelo Flu no ano, atuou na maioria das partidas improvisado como lateral-esquerdo.
Durante os primeiros testes e o andamento do ano, o ex-técnico Fernando Diniz não pediu reforços para as laterais. Até reconheceu a necessidade de contar com mais zagueiros, mas se contentou em utilizar o volante Yuri improvisado.
Para o setor mais defensivo do meio, considerada carente, o Flu até tem número. São oito jogadores para a função, mas só dois jogaram com regularidade no setor, também por conta de improvisos: Airton, que volta aos poucos de lesão, e Allan. No mês passado, Bruno Silva foi liberado para o Internacional. Caio, que cometeu pênalti na derrota para o Avaí, começa a ser utilizado por Oswaldo após receber chance com Marcão. Dodi, por outro lado, não teve muitas oportunidades no ano, assim como os jovens Zé Ricardo e Calegari. Ao ser questionado sobre a escalação de dois volantes, o técnico não escondeu a falta de opções.
"O Airton é um jogador que eu gosto muito, mas está voltando. Se eu tivesse necessidades mais defensivas, ele teria entrado, mas não era o caso hoje. Precisava de características como a do Caio, que chega na frente e também marca. Eu estou chegando e estou conhecendo os jogadores. O Allan joga muito bem ali, é agressivo, marca e inicia as jogadas. É muito qualificado. Se tiver dois nesse nível, será muito melhor", declarou o treinador.
As falhas dos goleiros tricolores em 2019 por algum tempo "mascararam" outras deficiências da equipe. Muito além do estilo de jogo, a falta de peças atrapalha e muito o Fluminense, que não tem outra opção a não ser o jogo ofensivo. Também, pudera: entre meias e atacantes, são 14 jogadores à disposição, sendo sete pontas. Na meia, uma das quatro opções é o jovem Miguel, de apenas 16 anos.
Quando assumiram o clube, Mario Bittencourt e Celso Barros trouxeram o goleiro Muriel, o meia Nenê e os atacantes Wellington Nem e Lucão. Nenhum defensor de linha foi contratado.
O departamento de futebol busca mais um zagueiro, mas o mercado não oferece muitas opções. Por regulamento, o clube pode adquirir apenas mais um jogador já inscrito em outra equipe na Série A, e o Tricolor não dispõe de muito dinheiro. Além disso, a janela de transferências internacionais se fechou. Portanto, a única alternativa para quaisquer posições são jogadores sem contrato ou de divisões inferiores do futebol brasileiro.
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