Árbitro da "farsa de Rojas" relembra caso: "Vi que ele não foi atingido"
Há 30 anos, o agora ex-árbitro argentino Juan Carlos Loustau fez parte de um dos maiores escândalos da história do futebol: no dia 3 de setembro de 1989, um Brasil x Chile, disputado no Maracanã e válido pelas Eliminatórias para a Copa de 90, não teve apito final.
Tudo porque o goleiro chileno Rojas, durante o 2° tempo do jogo - quando o placar era favorável ao Brasil -, caiu após um rojão ser lançado ao gramado. Neste momento, algumas pessoas pensaram que o sinalizador havia atingido o jogador, que estava com rosto e camisa sangrando. Após pedido médico, Loustau, então, decidiu colocar fim ao confronto antes dos 90 minutos.
Ao jornal "La Tercera", o argentino, hoje com 72 anos, relembrou o que aconteceu dentro de campo e afirmou ter visto que o rojão não havia atingido diretamente o goleiro. "Taffarel colocou a bola em jogo e Astengo pegou a bola no momento em que Rojas caiu. Vi que a labareda havia atingido o campo, mas vi também que o corpo dele não foi atingido. O que eu não sabia era se alguma lasca havia o afetado", revelou Loustau.
A partir daí, Loustau relembrou a confusão. "Eu fui até o Rojas. Quando cheguei, os jogadores o cercavam. Pedi que me deixassem passar, mas eles formaram uma barreira. Como eu era mais alto que muitos, pude ver que o médico e seu colaborador também estavam lá. A camisa e o rosto de Rojas estavam supostamente ensanguentados. Naquele momento, não consegui pensar em mais nada. O médico e seus colegas, então, decidem retirá-lo. Eu disse a eles para removê-lo com a maca e eles disseram que não".
"Depois de um tempo, muito mais longo que o normal, me disseram que os jogadores avisaram que não estavam em condições psicológicas para continuar o jogo", contou o ex-árbitro, que deu fim ao confronto.
Mais tarde, relatos indicam que Rojas, na verdade, acabou se cortando propositalmente com uma lâmina de barbear que estava dentro de suas luvas. O objetivo dos chilenos, que precisavam da vitória naquela partida, era cancelar o duelo e conquistar a vaga para a Copa nos tribunais. A segunda parte não deu certo: o Chile acabou impedido de jogar o mundial no ano seguinte.
Na entrevista, o argentino elogiou a qualidade técnica de Rojas e da seleção chilena da época, mas disse que se sentiu enganado - já que o goleiro não participou da revisão da comissão médica da FIFA dias depois do ocorrido - e condenou a atitude do atleta.
"Tentar enganar o árbitro fingindo uma lesão que não existe torna a coisa mais desagradável que um jogador de futebol pode fazer. O engano cúmplice, tentando vencer a qualquer custo, é trapaça. Excede todas as margens toleráveis", falou o árbitro 30 anos depois do ocorrido ao veículo.
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