Inter revê final da Copa do Brasil 10 anos depois de time "campeão de tudo"
Se passaram dez anos desde a última vez que o Internacional disputou a final da Copa do Brasil. De volta à decisão do torneio após vencer o Cruzeiro por 3 a 0 ontem, no jogo de volta da semifinal, o Colorado poderá tentar conquistar a competição pela segunda vez em sua história. Para isso, chega com um enredo muito diferente daquele que terminou no vice-campeonato em 2009.
Naquele ano, o Inter vivia seu ápice. Havia conquistado a Libertadores e o Mundial três anos antes, mas não parou por aí. Em 2007 conquistou a Recopa, e em 2008 a Sul-Americana. Ostentava o status de "campeão de tudo".
As finanças iam bem. O clube celebrava marca superior a 100 mil sócios, e não faltava recurso para investimentos. Com isso, chegavam jogadores que atuavam na Europa, nomes de peso. Para aquela temporada, por exemplo, o lateral esquerdo Kléber, repetidamente convocado para a seleção brasileira, foi contratado.
O time precisava de poucos reforços. Sob comando de Tite, tinha a base que havia conquistado a Sul-Americana. Tinha nomes como Índio, Bolívar, Guiñazu, D'Alessandro, Magrão, Nilmar e Taison. Sobravam opções como Alecsandro, Andrezinho e Giuliano. O elenco, que ainda naquele ano disputaria o título do Brasileiro até a última rodada, no ano seguinte viria a conquistar novamente a Libertadores.
Com o embalo, a expectativa era imensa. Mas o Colorado perdeu para o Corinthians de Ronaldo Fenômeno, Jorge Henrique, Elias, Dentinho, William e companhia. Os comandados por Mano Menezes venceram por 2 a 0 em São Paulo, empataram por 2 a 2 em Porto Alegre e ficaram com a taça.
A realidade hoje é totalmente diferente. Os anos de glória passaram. O Inter deixou de conquistar os títulos e conheceu o momento mais baixo de sua história. Em 2016, foi rebaixado para a Série B pela primeira vez. Em 2017, precisou disputar a segunda divisão e conseguiu retornar à elite como vice-campeão.
As finanças, antes controladas, explodiram. Atolado em dívidas, o Colorado precisou passar por um duro processo de cortes até ensaiar alguma recuperação. Hoje ainda sofre reflexos da implosão financeira ocorrida antes do rebaixamento.
O elenco precisou ser refeito. Poucos jogadores de 2016 ficaram em 2017. Mas desde que a atual gestão, do presidente Marcelo Medeiros, assumiu o comando do clube, o pensamento virou-se para a reconstrução. O grupo que começou a ser formado em 2017 ganhou reforços no ano passado e já deu resultado com o terceiro lugar no Brasileirão.
Sob comando de Odair Hellmann, ainda que distante das contratações milionárias ou do status de "campeão de tudo", o Inter se vê mais forte. Com D'Alessandro como regente, com Paolo Guerrero como principal estrela, e com Nico López, Edenilson, Cuesta e tantos outros em ascensão, a expectativa transborda no Beira-Rio.
"Chegamos com muita fome. Estamos preparados para isso. Serão dois jogos muito difíceis, o adversário é o atual campeão da Sul-Americana. Não é por acaso que está na final. Mas eu acho que temos totais condições de fazer grandes jogos. Temos jogadores experientes, acostumados a decisões, que já conquistaram muito nas carreiras. Estamos fortes, como o Athletico também está. Mas temos fome de brigar muito para sermos campeões", disse o vice de futebol Roberto Melo.
O Inter conquistou uma vez a competição, em 1992 - ou seja, há 27 anos. A chance se apresentará novamente nos dias 11 e 18 de setembro, datas das partidas da final da Copa do Brasil.
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