Vasco tem denúncia de "voos da alegria" de dirigentes em jogos fora do Rio
Enfrentando salários atrasados e asfixiado por dívidas e penhoras, o Vasco está agora diante de uma denúncia protocolada no início deste mês, no Conselho Fiscal, de possíveis gastos excessivos em viagens de dirigentes e conselheiros em jogos da equipe fora do Rio de Janeiro, algo que já tem sido denominado ironicamente de "voos da alegria".
O UOL Esporte teve acesso a alguns detalhes destas acusações. Uma das partidas citadas, por exemplo, foi contra o Vitória, dia 9 de setembro de 2018, em Salvador (BA). Na ocasião, segundo os denunciantes, passagens foram compradas pelo clube com pagamentos à empresa "Hotel a Jato" para um conselheiro e um vice-presidente na véspera do duelo. Por conta da proximidade da data de aquisição, elas saíram inflacionadas ao preço de R$ 3.286,22 cada.
Ainda na citada viagem, a hospedagem da dupla também teria sido custeada pelo Cruzmaltino no mesmo hotel da delegação, sendo que eles ficaram em quartos individuais enquanto os jogadores dividiram suas acomodações.
Outro jogo citado nominalmente com práticas parecidas teria sido contra o Cruzeiro, em Belo Horizonte (MG), também no ano passado. Em ambos, os denunciantes classificam as pessoas envolvidas como "irrelevantes para a operação do jogo", dizendo também que a prática tem acontecido em quase todas as partidas fora do Estado.
Presidente do Conselho Fiscal do Vasco, Edmilson Valentim confirmou as denúncias à reportagem:
"O que nós identificamos ao fechar as contas de 2018 é que existiram passagens compradas no nome de pessoas que não teriam nenhum papel, isso com o clube numa situação de penúria, pedindo empréstimo. Isso motivou que nós solicitássemos ao Vasco uma lista de todas as pessoas que o clube pagou as suas passagens e hospedagens em 2018 e 2019 para verificar. Protocolamos essa situação agora no início do mês e estamos aguardando".
Valentim foi questionado se em alguns destes casos a pessoa que teve a viagem custeada pelo clube teria sido nomeada como "chefe de delegação", prática - de certa forma - comum em clubes e até na seleção brasileira, apesar do quadro financeiro delicado do Vasco atualmente.
"Isso é que a diretoria administrativa tem que demonstrar na listagem solicitada para compararmos com os comprovantes", disse o presidente do Conselho Fiscal, complementando as solicitações: "Formatamos uma tabelinha como modelo para que fosse enviada ao Conselho Fiscal dentro deste formato, o que possibilita à diretoria informar qual é o papel de cada um".
Por meio de nota oficial, o Vasco garantiu que os conselheiros que viajaram para partidas fora do Rio de Janeiro foram nomeados como chefes de delegação. Confira:
"Historicamente, a diretoria do Vasco da Gama convida conselheiros para integrar algumas viagens do Futebol, na condição de chefe de delegação. Trata-se de um procedimento absolutamente padrão em clubes de futebol e entidades desportivas. Como não poderia deixar de ser, as despesas correlatas são devidamente registradas e auditadas na contabilidade do Clube".
Vasco segue com salários atrasados
Enquanto recebe estas denúncias, o Vasco segue com seus salários atrasados. No levantamento feito pelo UOL Esporte, atualmente o clube se encontra na seguinte situação:
- Funcionários que recebem até R$ 1.500: julho
- Funcionários que recebem acima de R$ 1.500: junho e julho
- Jogadores: julho (CLT) e abril, maio e julho (imagem)
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