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Com Neymar no banco, seleção vai mal com testes de Tite e perde para o Peru

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Bruno Grossi

Do UOL, em Los Angeles (EUA)

11/09/2019 01h59

A passagem da seleção brasileira pelos Estados Unidos terminou de forma melancólica. Depois de empatar com a Colômbia na última sexta-feira, a equipe comandada por Tite foi derrotado pelo Peru por 1 a 0 na madrugada de hoje, em Los Angeles. O jogo marcou a estreia de Vinícius Júnior pelo time canarinho, fato que acabou escondido pelo revés com atuação fraca no Memorial Coliseum. Foi a primeira derrota desde a Copa do Mundo, quando o time saiu derrotado para a Bélgica.

O estádio recebeu maioria peruana entre os torcedores, que só aumentou o volume aos 39 minutos do segundo tempo de um jogo marcado pelo marasmo. Em falta pelo lado esquerdo da defesa brasileira, Yotún cruzou fechado e o zagueiro Abram desviou, sem dar chances ao goleiro Ederson.

Os próximos compromissos da seleção brasileira estão programados para outubro, entre os dias 7 e 15, em mais uma data Fifa. O local desses amistosos ainda não foi divulgado pela entidade. Depois, a temporada de seleções termina com uma nova rodada de amistosos entre os dias 11 e 19 de novembro.

Neymar banco de reservas - Kevork Djansezian/AFP - Kevork Djansezian/AFP
Tite surpreendeu ao iniciar o jogo com Neymar no banco de reservas da seleção brasileira
Imagem: Kevork Djansezian/AFP

Neymar é atração até mesmo no banco de reservas

Por mais que tenha começado o amistoso no banco, Neymar não deixou de ser o centro das atenções. O batalhão de fotógrafos que normalmente registra a formação titular em campo ficou minguada com as lentes que se viraram para o banco para flagrar o astro da seleção brasileira. A transmissão oficial do jogo fez o mesmo diversas vezes e os torcedores, inclusive peruanos, faziam questão de gritar para Neymar. Algumas esparsas vaias, também de peruanos, foram ouvidas, mas rapidamente abafadas. Em campo, o craque fez função diferente, como um "falso 9". Isso confundiu os defensores do Peru e deixou o Brasil um pouco mais leve em campo — mas não o suficiente para ameaçar a meta adversária.

Quem foi bem: Richarlison

O atacante segue enchendo os olhos de Tite. O vigor físico, a habilidade e a velocidade de Richarlison foram as principais armas do Brasil em uma noite de pouca inspiração em Los Angeles. Os melhores chutes e até uma assistência para Allan perder um gol cara a cara foram do camisa 9. No fim, saiu aplaudido para dar lugar ao estreante da noite Vinícius Júnior.

David Neres dribla goleiro - Kelvin Kuo/USA Today - Kelvin Kuo/USA Today
David Neres chegou a driblar o goleiro, mas acabou desarmado no momento da finalização
Imagem: Kelvin Kuo/USA Today

Quem foi mal: Alex Sandro e David Neres

Não é que a dupla tenha comprometido o time ou feito uma partida desastrosa. Mas ao receberem uma nova chance com Tite o esperado era que entregassem mais do que uma atuação burocrática. O atacante do Ajax ainda conseguiu criar algumas jogadas por infiltração e perdeu um gol claro assim no primeiro tempo, mas precisa de mais. Alex, por sua vez, se limitou a raras descidas ao ataque.

Atuação do Brasil

As experiências que Tite fez no time titular não funcionaram no primeiro tempo. Fagner foi muito conservador, Allan esteve sumido e David Neres perdeu muitos minutos travado na ponta esquerda até se soltar no lado oposto. Na volta do intervalo, Allan passou a se projetar mais vezes ao ataque e melhorou a equipe. A entrada de Neymar no lugar de Roberto Firmino, para ser o homem mais adiantado e centralizado do ataque, também foi importante para que a seleção saísse da mesmice. Vinicius Júnior recebeu 15 minutos para a sua estreia, mas pouco conseguiu fazer.

Atuação do Peru

O desfalque de Paolo Guerrero, que ficou com o Internacional nas finais da Copa do Brasil, e a queda constante de Christian Cueva poderiam enfraquecer a seleção peruana. Mas o time do técnico Ricardo Gareca é cada vez mais ajustado e coletivo. A qualidade na saída de bola merece destaque, bem como a consistência do meio de campo para marcar. As chegadas pelos lados foram sempre perigosas. E foi aí que Guerrero fez falta. Costa não conseguiu aproveitar nenhuma oportunidade. No segundo tempo, com os brasileiros mais ajustados em campo, o rendimento caiu. Em jogada isolada de bola aérea, Abram conseguiu abrir o placar.

Cronologia do jogo

O primeiro tempo foi fraco tecnicamente. Apesar da boa saída de bola dos peruanos e das chances criadas pelo Brasil já perto do intervalo, sempre com Richarlison, os goleiros foram ameaçados poucas vezes. O lance de maior perigo para Ederson foi uma cabeçada de Renato Tapia, aos 13 minutos. Já Pedro Gallese só trabalhou aos 43, em chute de fora da área de Richarlison.

Tite optou por não mexer no time no intervalo, mas viu o crescimento de Allan já ajudar o Brasil a criar mais. Richarlison seguiu como arma importante e ganhou ainda mais espaço quando Neymar entrou como "falso 9" e desmontou a defesa peruana. Gallese fez três defesas difíceis antes dos 20 minutos da etapa final.

Fabinho, Lucas Paquetá e Vinícis Júnior também entraram — e Cueva, pelo lado do Peru, fez o estádio explodir ao substituir Costa. Mas a reta final do segundo tempo retomou a monotonia. Muita disputa no meio de campo e pouca inspiração ofensiva. Foi só com uma bola aérea que os peruanos conseguiram abrir o placar.

Gramado mostrou marcas de jogo de futebol americano

No amistoso em Los Angeles, brasileiros e peruanos encontraram um gramado incomum e um tanto quanto castigado. O Memorial Coliseum recebeu jogo de futebol americano universitário no último sábado e as pinturas da outra modalidade ainda estavam visíveis. Além disso, o campo mostrou algumas áreas de maior desgaste na faixa central, com terra aparente. Até por isso nenhum treino foi feito no estádio na véspera da partida.

FICHA TÉCNICA
BRASIL 0 X 1 PERU

Local: Memorial Coliseum, em Los Angeles (EUA)
Data/Hora: 11 de setembro de 2019, à 0h (de Brasília)
Público: 32.287 presentes
Árbitro: Jair Marrufo
Assistentes: Frank Anderson e Corey Rockwell
Cartões amarelos: Alex Sandro (BRA); Aquino (PER)
Gols: Abram (PER)

Brasil: Ederson, Fagner, Militão, Marquinhos e Alex Sandro; Casemiro (Fabinho), Allan e Philippe Coutinho (Bruno Henrique); David Neres (Paquetá), Richarlison (Vini Jr) e Roberto Firmino (Neymar).
Técnico: Tite.

Peru: Pedro Gallese, Luis Advíncula, Carlos Zambrano (Santamaria), Luís Abram e Miguel Trauco; Renato Tapia, Yoshimar Yotún e Pedro Aquino (Gonzáles); Edison Flores (Carrillo), Raúl Ruidíaz (Reyna) e Gabriel Costa (Cueva)
Técnico: Ricardo Gareca