Muito além de Ganso: com defesa frágil, Fluminense sente falta de qualidade
Paulo Henrique Ganso chegou ao Fluminense em janeiro cercado de expectativa. O aeroporto lotado denunciava uma contratação que fazia o torcedor tricolor voltar a pensar grande. Mas a esperança pelo jogador, que foi tema de clamor popular superior ao por Neymar antes da Copa do Mundo de 2010, virou decepção para parte da torcida. O mau momento do Tricolor em 2019 fez do camisa 10 um alvo de críticas. Mas não há evidência que comprove: os problemas vividos pelo time de Oswaldo de Oliveira são muito maiores do que o meia e não passam necessariamente por ele.
"Difícil estar na situação que a gente está na tabela. A gente tem que passar tranquilidade para os mais jovens para que eles possam caprichar ainda mais quando tiverem as oportunidades", declarou Ganso após a derrota por 3 a 0 para o Palmeiras, ontem (10), pelo Brasileirão.
Desde que chegou, Ganso pode não ter as estatísticas polpudas de gols e assistências que os torcedores esperavam. São quatro bolas na rede e um passe decisivo na conta do jogador. Mas o camisa 10, que nunca foi esse meia de chegada, hoje atua improvisado como volante.
O esquema tampouco ajuda. Com o meia recuado, a saída de bola melhora, mas a equipe perde na construção de jogadas. Não à toa, o Fluminense de Oswaldo de Oliveira finaliza sistematicamente menos que o de Fernando Diniz. É Ganso o fator diferencial: mais distante do gol, o jogador dá menos assistências para finalizações. Ainda assim, quando foi à frente, deixou João Pedro e Caio Henrique de cara para Fernando Prass. Os dois, entretanto, desperdiçaram as oportunidades.
"O Palmeiras teve as chances de gol, finalizou bem e fez três gols. A gente teve chance e não aproveitou. Estou jogando um pouco mais recuado, mas mudou pouco para o time. Mudança de treinador acontece, é normal em qualquer clube, mas a gente tem que ter consciência e fazer o nosso melhor para ajudar o clube", disse Ganso.
Desde que chegou ao Fluminense, Ganso teve seu melhor momento nos últimos jogos antes da parada para a Copa América. Com Daniel (barrado por Oswaldo), Allan, Airton e Bruno Silva (cedido ao Internacional) como opções para o meio-campo, o Tricolor tinha maior repertório para que o meia desempenhasse melhor seu futebol. Mais do que isso, a equipe tinha maior qualidade nos passes, algo que também piorou desde a chegada do novo treinador.
Desde a chegada de Nenê, o encaixe ainda não foi o ideal. Além de ajudar pouco na marcação, o meia de 38 anos tem atuado mais adiantado que os pontas na recomposição, que vem sendo um problema: nem Yony González nem Wellington Nem acompanham laterais adversários. Os reservas Marcos Paulo, Brenner, Kelvin e Guilherme tampouco têm essas características. Mais uma vez, faltam opções de qualidade.
O primeiro gol do Palmeiras, por exemplo, surgiu em ultrapassagem de Diogo Barbosa por dentro, em espaço impossível de ser coberto por um pesado Airton e um Ganso improvisado.
Com um volante, dois meias lentos e três atacantes, o Fluminense tem a 19ª defesa mais vazada da Série A, com 29 gols sofridos em 18 jogos. Faltam opções defensivas, e o clube está no mercado buscando um lateral-esquerdo (o único de ofício no elenco é Mascarenhas, e o titular é o volante Caio Henrique, também improvisado), um zagueiro e um volante. É qualidade e número em falta.
Para o jogo contra o Corinthians - no domingo, às 16h, no Mané Garrincha -, por exemplo, Oswaldo de Oliveira pode se ver em situação em que apenas Yuri e Dodi sejam opções viáveis entre os volantes, já que Caio dificilmente voltará à equipe após atuação desastrosa na derrota par o Avaí. Airton está suspenso, e Allan é dúvida para o jogo. Nem que quisesse o treinador poderia escalar dois volantes.
"A gente tem que pensar no Corinthians. Não fizemos uma partida boa como foi contra o Fortaleza, agora precisamos voltar a vencer contra o Corinthians", resumiu Ganso.
Sem peças, Oswaldo tende a manter Nenê em campo e Ganso improvisado. Assim, o Tricolor segue jogando aberto demais e protegendo pouco os lentos zagueiros Digão e Nino, que jogam naturalmente adiantados por "herança" de Diniz. Um prato cheio para os ataques adversários, que contam ainda com a ineficiência do Fluminense para chutarem a gol.
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