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Sobe e desce da seleção: Tite faz experiências conservadoras e não vence

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Bruno Grossi

Do UOL, em Los Angeles (EUA)

11/09/2019 07h00

Terminou a terceira data Fifa do ano para a seleção brasileira. Em jogos disputados nos Estados Unidos na última sexta-feira e ontem, respectivamente, o Brasil empatou com a Colômbia por 2 a 2 e perdeu para o Peru por 1 a 0. Resultados que deixaram Tite incomodado, até porque o desempenho também esteve abaixo das expectativas do técnico.

A comissão técnica queria aproveitar esses jogos em Miami e Los Angeles para iniciar uma fase de testes após a conquista da Copa América e antes do início das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022. Serão mais quatro amistosos neste ano, e a classificatória começa em março de 2020.

Diante das experiências feitas por Tite contra Colômbia e Peru, o UOL Esporte preparou um balanço dos convocados para esta data Fifa e também do próprio treinador, que perdeu a terceira partida desde que assumiu a seleção no segundo semestre de 2016.

Goleiros

Ederson chegou cercado de elogios por estar entre os três melhores goleiros do mundo. Teve a chance de ser titular duas vezes na ausência de Alisson, mas pouco pôde mostrar nos jogos. Contra a Colômbia, os gols foram longe de seu alcance. Contra o Peru, sua saída do gol no cruzamento foi questionada. No dia a dia, porém, segue com treinos de alto nível e não deixará a seleção tão cedo. Seu reserva foi Weverton, do Palmeiras, que também conseguiu se destacar nos treinos, mas deve entrar em um rodízio na posição. Ivan foi como terceira opção para manter o plano da comissão técnica de conhecer mais de perto goleiros jovens.

Alex Sandro durante amistoso da seleção brasileira contra o Peru nos EUA - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Alex Sandro foi titular duas vezes, não foi substituído, mas não jogou bem
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Laterais

Na direita, Daniel Alves fez boa partida contra a Colômbia e foi preservado contra o Peru pelo desgaste gerado pelo jogo em Miami e pela viagem a Los Angeles - uma logística criticada por Tite. Fagner, titular diante dos peruanos, teve desempenho seguro, firme na marcação, mas pouco participativo no ataque. O defensor do Corinthians tem a confiança do técnico. Na esquerda, havia muita expectativa sobre o aproveitamento de Jorge, um dos pupilos de Tite. Foram muitas conversas particulares com o ala do Santos, mas no fim Alex Sandro jogou todos os minutos dos amistosos. O titular atuações problemáticas, sobretudo contra a Colômbia. Com Jorge crescendo e a ascensão de Renan Lodi no Atlético de Madri, o lateral da Juventus fica ameaçado.

Zagueiros

Samir, a novidade do setor, não jogou nenhum minuto e tem outros concorrentes pela vaga de quarto zagueiro do grupo. Thiago Silva só enfrentou a Colômbia e jogou bem, enquanto Marquinhos teve uma de suas piores atuações diante dos colombianos. Ele mesmo se mostrou incomodado e até melhorou naquele empate. Contra o Peru, não teve problemas para anular Gabriel Costa, substituto de Paolo Guerrero. Seu parceiro contra os peruanos foi Militão, que sofreu um pouco com a falta de precisão na saída de bola - algo que Tite direciona também ao gramado ruim - e se envolveu no lance do gol de Abram. Ainda é considerado um jogador de grande potencial, inclusive para ser titular.

Marquinhos durante amistoso da seleção brasileira contra o Peru nos EUA - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Marquinhos saiu incomodado com a própria atuação contra a Colômbia, mas se recuperou
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Volantes

Casemiro fez duas ótimas partidas: fez um gol sobre a Colômbia foi até capitão contra o Peru. Pilar do time. Arthur teve um primeiro tempo abaixo da média no primeiro amistoso, melhorou depois do intervalo e acabou preservado ontem. Allan ganhou uma chance e também cresceu só na segunda etapa, quando poderia ter feito um gol. Tite tem cuidado muito de Arthur e Allan para que eles contribuam mais com a construção de jogadas no campo de ataque, com infiltrações, finalizações e passes mais verticais. Fabinho foi quem teve menos minutos. Entrou no segundo tempo contra o Peru e conseguiu bons desarmes, mas cometeu a falta do gol da derrota. Deve seguir tendo chances após custar a ganhar a confiança de Tite.

Meias

Philippe Coutinho mais uma vez foi bancado por Tite. Desta vez, mostrou um futebol melhor do que na Copa América. Foi bastante ativo durante os amistosos, gerando as melhores oportunidades de gol da seleção brasileira. Lucas Paquetá, seu reserva, ainda mostra dificuldades para exercer a mesma função, o que torna a vida de Tite difícil. Se Coutinho não render, é possível confiar no ex-flamenguista? O técnico tem pensado em mudar o esquema, formando duas linhas de quatro e espetando dois pontas no ataque, o que extinguiria a posição de armador central. Até por isso, experimentou Paquetá aberto pela direita contra o Peru, mas o teste não surtiu resultado. O que mudou para o garoto em relação à Copa América foi uma firmeza maior nos treinos.

Pontas

Richarlison foi unanimidade. Pela direita, embora limitado às jogadas de linha de fundo, e pela esquerda foi sempre o melhor do time. A força e velocidade impressionam Tite cada vez mais. Não sai mais do grupo. Por outro lado, David Neres foi discreto em mais uma chance como titular, contra o Peru. Ele só melhorou um pouco quando abriu pela direita e passou a ter mais liberdade para infiltrações. Vinícius Júnior, outra novidade que gerava ansiedade, teve só metade do segundo tempo para atuar em sua estreia contra o Peru e mostrou alguns sinais de imaturidade no acabamento das jogadas.

Richarlison durante amistoso da seleção brasileira contra o Peru nos EUA - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Richarlison teve boa atuação nos dois amistosos da seleção neste mês
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Centroavantes

Roberto Firmino teve duas atuações absolutamente discretas. Contra a Colômbia, ainda conseguiu descolar finalizações ou pivôs perigosos no primeiro tempo. De resto, não foi eficiente nem para recuar e ajudar na criação. Segue com moral com Tite, mas decepcionou. Bruno Henrique, do Flamengo, foi chamado para ser o centroavante reserva, mas não teve muitos minutos para mostrar suas maiores virtudes. Nos treinos, a forma como encarou os zagueiros titulares, com velocidade e movimentação, foi elogiável.

Neymar

O astro voltou à seleção brasileira - e aos gramados - depois de três meses. Jogou os 90 minutos contra a Colômbia de forma surpreendente, já que poderia sentir a falta de ritmo. Não só não cansou como entregou bom desempenho. Contra o Peru, só entrou no segundo tempo, mas novamente demonstrou ímpeto e objetividade. Ainda carece de um tempo maior para recuperar a melhor forma.

Tite

A promessa de fazer testes foi cumprida. Mas as experiências foram conservadoras. No primeiro jogo, só fez três das seis substituições possíveis. Priorizou dar espaço a Neres e Paquetá, que jogaram pouco na Copa América e precisavam dar mais amostragem à comissão técnica. As novidades mais "frescas", como Bruno Henrique e Vinícius Júnior, tiveram pouco tempo em campo. Samir e Jorge nem sequer entraram. E até mesmo a variação tática imaginada, saindo do 4-3-3 para o 4-4-2, foi discreta. A grande ousadia, de fato, foi dar minutos a Neymar como "falso 9", no melhor momento do time na derrota para o Peru.