Viciado em futebol, dono do PSG desafiou Neymar sem jamais o escutar
Por telefone, Tamim Ben Hamad Al Thani, Emir do Qatar e dono do Paris Saint-Germain, ouvia todos os anseios de Neymar. Diretor esportivo, Leonardo detalhava a ele as propostas do Barcelona, dava sugestões e ouvia ordens. Figura discreta, mas extremamente poderosa, o dono do clube francês teve a palavra final para não negociar o brasileiro, que não foi consultado durante o processo.
Segundo apurou o UOL Esporte, tudo aconteceu sem que Neymar ou seu pai e empresário, Neymar da Silva Santos, tivessem contato com o Emir. A falta de diálogo faz com que o entorno do jogador se sinta refém de alguém que se importa pouco com valores sentimentais. Só uma proposta superior aos 222 milhões de euros investidos na contratação do brasileiro há dois anos poderia mudar o cenário.
Segundo o "Le Monde", jornal francês especializado em cobertura política, Al Thani já tinha deixado clara a determinação de não vender Neymar. Toda a novela da negociação com o Barcelona foi uma estratégia de marketing de quem sempre quis mostrar poder e resistência.
Neymar é um fenômeno da propaganda e a figura perfeita para promover a imagem da Copa do Mundo no Qatar em 2022, ano em que seu contrato com o PSG chega ao final. Já o Emir é conhecido no exterior por seu envolvimento no mundo do futebol e foi o grande incentivador da candidatura de seu país para organizar o evento.
Esportivamente, Neymar é um dos melhores jogadores do planeta. Pela qualidade técnica, carrega a admiração do Emir, um viciado em futebol de acordo com funcionários do clube francês. Ser dono do PSG é um passatempo para quem cuida do riquíssimo país do golfo Pérsico, que possui a renda per capita mais alta do mundo graças às grandes reservas de gás. Por isso, se preocupa em como se proteger dos poderosos vizinhos e rivais Arábia Saudita e Irã, abrigando a mais importante base militar americana desde 2013.
"Você não vai encontrar nenhuma declaração do Emir sobre o PSG. Ele vem a Paris e assiste a jogos de vez em quando, mas não frequenta o clube. Lembro só de uma vez que ele foi aos treinamentos em 2017. Ele ama futebol e, claro, colocou o PSG em outro patamar. Mas nada de valioso no clube acontece sem que ele tenha a palavra final", afirmou Frédéric Gouaillard, repórter do jornal francês Le Parisien.
Sua discrição causa no PSG a sensação de que o mandatário do clube é Nasser Al-Khelaifi. O presidente tem boa relação com Neymar, e o entorno do jogador acredita que o dirigente se sensibilizou pela vontade do jogador de voltar ao Barcelona. O pai do brasileiro tem amizade e diálogo direto com o cartola, mas ficou decepcionado quando ele fez críticas públicas ao comportamento do camisa 10 ao fim da temporada passada.
Nasser foi colocado como presidente do PSG pelo Emir do Qatar em 2011, logo após a compra do clube. Ex-tenista profissional e marcado na história do Qatar por sua participação em jogos de Copa Davis, o dirigente era professor de tênis de Al Thani no princípio dos anos 2000, ainda no país.
Aos 39 anos, o Emir do Qatar ocupa o cargo desde 2013. Já a posição de destaque no esporte é mais antiga. Em 2005, usou a riqueza da família para criar a Qatar Sport Investiments, que tem como objetivo promover o país por meio de eventos esportivos. Em 2006, a empresa foi a responsável pela organização dos Jogos Asiáticos, em Doha. Pouco depois, articulou a candidatura do Qatar aos Jogos Olímpicos de 2020, perdendo a disputa para Tóquio. Tem como grande feito a conquista da Copa do Mundo de 2022.
A fortuna da família está ligada ao controle do Qatar. No PSG, os gastos da Qatar Sport Investment em contratações já passaram de 1 bilhão de euros. No momento da aquisição, em 2011, o clube francês vivia momento de crise esportiva e financeira. Atualmente, vender um jogador do porte de Neymar não é necessário para controle do caixa.
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