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Neymar usa talento para ofuscar ofensas e tornar épico o retorno ao PSG

Neymar comemora após marcar para o PSG contra o Strasbourg - Martin Bureau/AFP
Neymar comemora após marcar para o PSG contra o Strasbourg Imagem: Martin Bureau/AFP

João Henrique Marques

Colaboração para o UOL, em Paris

15/09/2019 04h00

Ao se posicionar para cobrança de escanteio, Neymar ouviu o alto grito da torcida organizada do Paris Saint-Germain: "Neymar, filho da p...". Na cobrança, a tentativa de gol olímpico parou na trave. A situação foi emblemática na vitória do PSG por 1 a 0 sobre o Strasbourg, ontem (14), pelo Campeonato Francês, no Parque dos Príncipes, em Paris. Autor do gol decisivo, o camisa 10 usou seu talento para responder às ofensas e transformá-las em aplausos.

Neymar teve atuação nervosa no primeiro tempo. Errou passes, falhou em uma tentativa de encobrir o goleiro com um chute fraco e reclamou com companheiros quando não recebeu a bola. Era, de longe, a sua pior exibição pelo PSG em dois anos. No entanto, a evolução na segunda etapa foi empolgante, quando dribles passaram a ser frequentes, e o golaço em uma meia bicicleta nos acréscimos teve ar de redenção.

"Estou muito contente. Foi um dia diferente por jogar em casa e ser vaiado. A gente sabe que a mesma boca que vaia é a que grita o gol. Então, eles vaiaram o jogo todo e no fim tiveram que gritar o gol, não teve jeito. Isso faz parte, e espero que eles fiquem bem", provocou Neymar, ao fim do jogo.

Após o gol, Neymar foi aplaudido de pé pela maior parte do estádio. Só que a perseguição da torcida organizada, Coletivo Ultras, seguiu mesmo assim. Vaias foram novamente ouvidas assim que o brasileiro voltou a tocar na bola, e gritos de "Cavani" foram usados com o interesse de mostrar ao brasileiro quem é o ídolo da uniformizada.

Durante o jogo, os Ultras do PSG foram duros com Neymar. A raiva da torcida também chegou ao pai do jogador. Os torcedores exibiram uma faixa escrita "Neymar Sr, venda o seu filho na Vila Mimosa", em referência a uma das mais famosas áreas de prostituição do Rio de Janeiro. Mágoa que, apesar do golaço, parece longe de ser contornada.

"Não foi fácil, porque o Neymar também é um cara muito sensível. E também devemos respeitar o nervosismo dos torcedores que acompanharam um mercado difícil. Isso vai ser cicatrizado com o tempo", opinou o treinador do PSG, Thomas Tuchel.

"O Neymar ainda pode atuar melhor do que isso. Fazer mais dribles, mais jogadas de aceleração, mas ele vai precisar de várias partidas para encontrar seu ritmo e sua capacidade física. Mas o que ele fez no último minuto do jogo [o golaço] já ajuda muito em todos os sentidos", completou.

O dia histórico para Neymar ainda conta com a notícia do nascimento do irmão de David Lucca. Pouco antes da partida, o jogador recebeu a notícia de que o bebê ia nascer de Vinicius Martinez, marido de Carol Dantas. Por isso, comemorou o golaço foi com a bola embaixo da camisa.

"Fiquem tranquilos que não serei pai. Foi a mãe do meu filho que acabou de ter o neném durante a partida. Eu falei com o marido dela que faria um gol em homenagem", brincou o camisa 10.

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