Cria do interior gaúcho, técnico do Athletico não se assusta com Beira-Rio
"Quem enfrentou um Ba-Gua (Bagé x Guarany de Bagé, clássico da fronteira com o Uruguai) não se assusta com nada". Foi isso que Tiago Nunes, técnico do Athletico respondeu ao pai, Múcio Nunes, de 72 anos, quando perguntado sobre o Maracanã antes do duelo com Flamengo, pelas quartas de final da Copa do Brasil. Forjado no interior gaúcho, o treinador será visitante, mas poderá muito bem se sentir em casa amanhã (18), quando decidirá o título da competição contra o Inter.
Ainda que nunca tenha treinado o Colorado, Tiago rodou por vários clubes no interior gaúcho. Não chegou a ser jogador profissional, a carreira foi abreviada por uma lesão quando ainda estava nas categorias de base do Riograndense, de Santa Maria, cidade em que a família mora até hoje. E logo os estudos o levaram para o cargo de preparador físico.
Uma série de clubes apareceram na carreira. E posições também. Riograndense, Inter de Santa Maria, São Luiz de Ijuí, Rio Branco-AC, Bagé, Veranópolis, União Frederiquense, Luverdense-MT, Nacional-AM, São Paulo-RS, Ferroviária-SP Grêmio, Sapucaiense, Bacabal-MA, em todos Tiago trabalhou, mas nem sempre em funções técnicas. Além de treinador e preparador físico, ele foi diretor de futebol do Inter de Santa Maria por três meses.
"Ele morou em nove Estados do Brasil, também passou as dificuldades dele na carreira", contou o pai, Múcio Nunes, ao UOL Esporte. "É muito gratificante ver onde ele chegou. Por outro lado, tem o sofrimento da final né, é difícil, o Inter joga muito bem em casa, tem ótimos jogadores. Vamos ver. O Athletico virá preparado. Torço que ele consiga passar para os atletas as coisas que pretende. Afinal, jogamos por dois resultados", completou.
Tiago Nunes chegou ao Athletico em 2017 para treinar o time sub-23. Conquistou o Estadual e a vaga na equipe principal veio após a queda de Fernando Diniz.
"Ele esteve na base do Grêmio e saiu porque tinha uma proposta do Juventude. Ele via a possibilidade de treinar o profissional depois. Ganhou a Copa Serrana, depois veio o São Paulo de Rio Grande, a Ferroviária de Araraquara, voltou para o Estado no Veranópolis, e tinha convite para voltar ao Grêmio. Mas preferiu ir para o Athletico porque queria novos desafios. Gostou muito da entrevista com Paulo Autuori. E quando ganhou o Paranaense ele cresceu", comentou Múcio.
E a tradição impõe que no Rio Grande do Sul, qualquer um que goste de futebol tenha um lado. Colorado ou gremista. Mas, segundo o pai, Tiago nunca preferiu nenhum deles.
"Ele nunca preferiu lado nenhum. Todo mundo se surpreende quando falo isso. Ele jogava no Riograndense, no Coloradinho (Inter de Santa Maria), trabalhou nos dois, estudou educação física, nunca foi jogador profissional, parou quando era jovem, preferiu estudar, nunca escolheu lado algum", explicou.
Agora, a decisão não assusta o treinador. Ainda que o jogo seja reconhecidamente complicado, pela imposição do Inter no Beira-Rio, não será a força da torcida ou qualquer tipo de pressão que irá assustar o técnico.
"Ele não é de fugir da briga. Ele sempre fala, quem disputou um Ba-Gua [clássico entre Guarany de Bagé e Bagé] não assusta com nada. Ele treinou o Grêmio Bagé, sempre fala, num dia de chuva, venceram 3 a 0 do Guarany. Então, ele fala: 'Nada me assusta, pai'. Eu disse, e agora, o Maracanã, 80 mil pessoas. E ele respondeu: 'Quem enfrentou um Ba-Gua não se assusta com nada'", contou.
A ligação familiar segue forte. Pai de Tiago e da irmã, Múcio prefere ver os jogos em casa, negou o convite do filho para a semifinal contra o Grêmio e está otimista pelo título nacional.
"Ele me convidou para ir lá contra o Grêmio, mas eu prefiro ver os jogos em casa. Sou um dos 200 milhões de treinadores, dou pitaco, mas não falo para ele. Em casa, eu posso ficar mais tranquilo", disse o ferroviário aposentado.
O futuro é uma incógnita. Valorizado, com bom ambiente, ainda que tenha se mostrado cansado após a última rodada do Brasileiro, Tiago Nunes irá avaliar a situação ao fim do ano. Mas o importante é mostrar o trabalho ao país todo.
"Eu fiquei surpreso. Mas ele explicou isso depois. Está focado, atento à decisão", disse. "Estou otimista, acho que tudo pode acontecer. Minha esposa está nervosa. O Inter é muito forte em casa. Vamos ver. Mas independente do que vá acontecer, o importante é que ele conseguiu mostrar trabalho para o país todo", completou.
Basta um empate para que o Athletico erga a taça. Como venceu o jogo de ida (1 a 0), o time paranaense joga por vitória ou placar igual para conquistar o título inédito. Ao Inter cabe fazer dois ou mais de vantagem. Vitória simples do time gaúcho leva para os pênaltis. "Eu acho que um 1 a 1 vem por aí", finalizou
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