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CBF defende calendário e diz que "não abrirá mão de ter os melhores"

Rogério Caboclo, presidente da CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Rogério Caboclo, presidente da CBF Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Do UOL, em São Paulo

26/09/2019 20h13

Em uma nota assinada por seu presidente, Rogério Caboclo, a CBF se defendeu hoje das críticas que vem recebendo pelos problemas do calendário do futebol nacional após a última convocação da seleção brasileira. Na última sexta-feira, até 21 atletas que costumam ser usados no Campeonato Brasileiro foram convocados para três equipes diferentes - e, com isso, perderão, no mínimo, duas rodadas do torneio em sua reta decisiva.

Ao comentar que o calendário é um desafio, ele disse que "assumimos na CBF dois conceitos: o primeiro é que não existem amistosos. O que existe são jogos preparatórios. E segundo que as seleções brasileiras não mais abrirão mão de ter os melhores jogadores em campo". O texto chega em meio a pedidos como o do Flamengo e do Vasco, que não querem liberar Reinier e Talles Magno para o Mundial Sub-17, de outubro a novembro.

A seleção principal, de Tite, por exemplo, vai jogar nos dias 10 e 13 de outubro em Singapura, contra Senegal e Nigéria. Enquanto isso, o Campeonato Brasileiro não para, com duas rodadas programadas para o período. Segundo Caboclo, a "CBF compartilha com os clubes e federações essa responsabilidade".

"O calendário é o grande desafio do futebol brasileiro. Ele não é uma criação da CBF", escreveu Caboclo. "Entendo que fazer calendário é a arte de traduzir em datas compromissos contratuais assumidos por todos os clubes em relação aos campeonatos que disputam e pelos quais recebem prêmios relevantes, que constituem parte majoritária de suas receitas anuais. Uma complexa construção que acontece com a necessidade da conciliação das datas FIFA com as competições continentais, os campeonatos estaduais, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Com a particularidade de realizar competições em um país de dimensões continentais, muitas vezes com logística difícil, agravada pela recente redução da malha aérea nacional".

Essa defesa do presidente tem a ver com a maneira como a CBF monta o calendário nacional. A entidade até tem uma comissão formada pelos clubes em que se discute o assunto, mas, como escreveu o blogueiro do UOL Rodrigo Mattos ao explicar por que os clubes estão amarrados para rejeitar convocações, não há força para se exigir uma mudança.

"Primeiro, é da CBF o exclusivo direito de organizar o calendário anual de eventos e competições - está estabelecido no artigo 12o, inciso V, do estatuto da entidade. A CBF é obrigada a respeitar o calendário da Fifa, mas não é proibida de marcar jogos nesta data", diz Mattos.

"Há uma comissão de clubes formada na CBF. O texto do estatuto deixa claro que trata-se de um órgão de mera 'cooperação'. Sua função? 'Fazer sugestões' para equilíbrio, modernização e integridade da competição ou organização. Não tem poder de decisão nenhum e não apita sobre calendário. Nunca vi em meus 20 anos de carreira cobrindo o poder do futebol a CBF convidar um clube para opinar sobre o tema", completa.

Além disso, Mattos ainda fala sobre a liberação dos jogadores: "Em datas-Fifa, é determinada por regulamento da Fifa [a liberação]. Jogadores que não sirvam suas seleções estão vetados de jogar no período pelos clubes, portanto, irregulares. O desrespeito às regras da Fifa, segundo o estatuto da CBF, pode levar à punição até com suspensão dos clubes. Dito isso, individualmente, os clubes não podem fazer nada além de reclamar. Só poderão questionar juridicamente os jogadores da seleção sub-17 porque não se trata de Data-Fifa. Neste caso, o STJD já lhes deu razão".