Gaciba analisa VAR no Brasileiro e afirma que tecnologia é "100% precisa"
O chefe da comissão de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, analisou as recentes polêmicas envolvendo o uso do VAR no Campeonato Brasileiro.
Em conversa com os jornalistas do "Seleção SporTV", o ex-árbitro afirmou que a tecnologia é "100% precisa" e fez um paralelo com o Campeonato Inglês, que tem sido usado como referência no uso do árbitro de vídeo.
"Isso é legal de colocar: eu acho engraçada a questão de cultura, isso é uma coisa que temos que parar pra pensar. O VAR da Inglaterra é considerado um bom exemplo. Quando terminou a quarta rodada, o diretor chamou todo e mostrou onde erraram. Tiveram quatro erros admitidos, é a média que o Brasil erra. A diferença é que lá é considerado positivo (o número de erros), não são considerados dolosos, de má-fé. São erros de interpretação. Eles colocaram a linha tão lá em cima a ponto de rasgar o protocolo (do VAR). Esse protocolo não é feito pela CBF, é feito pela Fifa, pela Ifab. Lá, se aceita isso mais tranquilo. Os países latinos têm mais dificuldade no uso da ferramenta do arbitro de vídeo", analisou Gaciba.
O dirigente da CBF destacou que os protocolos de análises de lances passaram por várias mudanças desde que o VAR foi implementado. Gaciba destacou ser difícil criar uma "linha de intervenção geral", já que determinados lances podem receber diferentes interpretações, mas ele disse julgar necessário haver equilíbrio entre interferir ou não nas decisões de campo.
"Pra mim, o meio termo (seria o ideal). Um erro claro não é um erro grosseiro. Estamos nos dando com situações em que existe um erro claro de arbitragem, mas um erro mostrado por uma câmera de trás do gol, que é uma imagem que o árbitro não tem, ele não viu aquilo, não consegue enxergar por aquele ângulo. Então, o que é erro claro?", questionou Gaciba, que demonstrou incômodo ao responder uma pergunta do comentarista de arbitragem Paulo César de Oliveira.
"Só tô falando que não é fácil, no futebol, em jogadas interpretativas, a gente ter um critério único. Vão ter jogadas em que não vamos conseguir ter um critério único. O que é erro claro pra uma pessoa não é para outra."
Como funciona a ferramenta ao analisar impedimentos
Um dos lances que foi bastante abordado durante o debate foi o gol marcado por Bruno Henrique para o Flamengo contra a Chapecoense. O lance foi tema de bastante debate por conta da posição do atacante no momento da finalização. Gaciba, então, explicou como a ferramenta analisa a posição do jogador para definir se ele está em posição legal ou não.
"Todo o campo é parametrizado, mapeado. Todas as câmeras são sincronizadas. As câmeras seis e sete, as do impedimento, têm a tecnologia para fazermos a linha vertical. Essa linha vertical, na verdade, só serve para fazer uma projeção do jogador no campo, dando a exata posição dele no campo de jogo. O que vale para a linha de impedimento são as linhas horizontais. Sempre que o amigo ver em casa azul e vermelho, azul vai ser defensor e vermelho o atacante. Quando tem a linha azul, significa mesma linha, gol legal. Eu fui para dentro do Maracanã e fiz testes para ter credibilidade no produto que estamos usando", explicou Gaciba.
Transparência no VAR
Gaciba também analisou questões colocadas pelos comentaristas da atração sobre transparência no uso do VAR. O dirigente salientou que a CBF já está disponibilizando as imagens que são usadas para definir se um lance foi regular ou não. Contudo, ele disse ser contra a divulgação dos áudios dos árbitros de campo e da cabine do VAR.
"As imagens nós estamos passando. Pediram e nós estamos passando. Inclusive, passamos imagens mesmo quando não é uma revisão. Os áudios já é uma coisa da questão particular, o que falam no teu ponto eletrônico é muito pessoal, uma questão do jogo. Não viria para somar", explicou Gaciba, que acrescentou:
"Só foi exposto em Portugal e voltaram atrás pelas polêmicas que causaram as conversas dentro da cabine. Algumas pessoas tendo interpretação do que os árbitros pensavam e falavam."
Especialistas operando o VAR
Ao ser questionado sobre as diferentes interpretações adotadas pelos árbitros, Gaciba indicou que vê como medida ideal para o futuro a criação do "quadro específico". Desta forma, seriam formados árbitros apenas para atuarem no vídeo.
"Acho que vamos caminhar pro quadro específico, como é com a função dos assistentes. O que já consegui perceber é que não necessariamente um árbitro muito bom no campo é muito bom no VAR, e não necessariamente um cara que nunca apitou a série A seja um bom árbitro de vídeo", pontuou Gaciba, que ainda salientou o que um bom árbitro de vídeo precisa ter:
"Leitura boa do jogo, saber fazer o que estamos fazendo aqui, (analisar) o que é um erro claro e óbvio. Tomar uma decisão que vá trazer o árbitro a área de revisão de forma rápida, mas sem deixar passar jogadas que podem ser consideradas na segunda-feira pela opinião pública um erro claro e óbvio."
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