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Incêndio no Ninho faz 8 meses com só três acordos e inquérito "em análise"

Bandeira do Flamengo foi colocada a meio mastro em frente ao Ninho do Urubu  - Thiago Ribeiro/AGIF
Bandeira do Flamengo foi colocada a meio mastro em frente ao Ninho do Urubu Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Alexandre Araújo e Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/10/2019 04h00

O incêndio no Ninho do Urubu, CT do Flamengo, que vitimou dez jovens das categorias de base, completa oito meses hoje (8) com indefinições, apenas três indenizações aos familiares dos mortos seladas e um acordo mais próximo de um desfecho, já que os familiares de Vitor Isaías e representantes do clube têm expectativa de chegar a um consenso em breve.

Em julho deste ano, os promotores do Ministério Público devolveram o inquérito para a Polícia Civil, sob o argumento de que as provas apresentadas não eram suficientes. Em sua investigação, o delegado Marcio Petra, do 42ª DP, indiciou o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello e outras sete pessoas.

O atraso em relação à conclusão destes trabalhos trava as negociações, já que os advogados dos familiares entendem que esta peça é decisiva para a base de cálculo e responsabilizações. Segundo o UOL Esporte apurou, esta nova versão está sendo analisada pelo Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (Gaedest/MPRJ), que o recebeu no dia 2 deste mês.

Até aqui são três acertos desde a tragédia e as partes evitam dar um prazo para que tudo se resolva. Dos casos finalizados há o aperto de mão com as famílias de Athila Paixão, de Gedson Santos, o Gedinho, e com o pai de Rykelmo. Com a mãe de Rykelmo e com os familiares de Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Jorge Eduardo, Pablo Henrique e Samuel Thomas ainda não houve resolução. As defesas não estão sendo conduzidas de forma coletiva.

Flamengo recebeu Habite-se parcial do Ninho do Urubu em agosto

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No caso de Rosana de Sousa, mãe de Rykelmo, que é representada por Gislaine Nunes, optou-se por uma ação judicial contra o presidente Rodolfo Landim e também Rogério Caboclo, mandatário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ainda não houve manifestação por parte do juiz sobre este caso específico.

"O contato com todas as famílias é constante. Sempre há conversa. Não fechamos nenhum canal. Não há nada apenas com a família que já entrou na Justiça", afirmou Rodrigo Dunshee, vice geral e jurídico do Rubro-negro.

Ninho do Urubu destruído após incêndio - Folhapress - Folhapress
Ninho do Urubu destruído após incêndio
Imagem: Folhapress

No dia 12 de agosto, uma reunião de conciliação entre o Flamengo e membro do Ministério Público do Trabalho (MPT) aconteceu na sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), no centro do Rio. O juiz Múcio Borges,coordenador de primeiro grau do Centro Judiciário de Solução de Conflitos (CEJUSC), indicou que o Fla poderia levar uma proposta em um encontro futuro.

A nova reunião, que contaria também com integrantes representantes do Ministério Público Estadual e Defensoria Pública do Estado, porém, nunca aconteceu. Borges apontou que, depois de criteriosa análise, chegou "à conclusão de que a conciliação neste momento se apresenta inviável".

A situação dos sobreviventes
Ventura - Marcelo Cortes/Flamengo - Marcelo Cortes/Flamengo
Jhonata Ventura e Dunshee de Abranches assinam acordo de indenização
Imagem: Marcelo Cortes/Flamengo

O incêndio no Ninho do Urubu também deixou feridos. Cauan Emanuel e Francisco Dyogo se recuperaram e retornaram ao futebol. Ventura, que teve 30% do corpo queimado e recebeu alta no dia 13 de abril, ainda se recupera. Ele está tendo apoio médico do Flamengo, que vem acompanhando a situação de perto.

O local chegou a ser interditado pelas autoridades, mas o clube cumpriu as exigências até a obtenção do alvará definitivo e do Habite-se, documentos que o Fla não tinha quando houve o ocorrido.