Resumo da notícia
- Neymar disse que merece ter privilégios por sua trajetória na seleção
- Ele usou o exemplo de Messi e disse que aprendeu isso ao longo da carreira
- "Quando Neymar carregou a seleção nas costas?", diz Renato Maurício Prado
- "O clube e a seleção é que permitem esse absurdo", analisa André Rocha
Em entrevista coletiva concedida na manhã de hoje (9), um dia antes do amistoso contra Senegal, o atacante Neymar defendeu que os melhores jogadores tenham um tratamento diferenciado em relação aos demais atletas do grupo. O atleta do PSG destacou a sua trajetória na seleção brasileira e foi sincero ao afirmar que merece ter alguns privilégios.
"Quanto às críticas que o Tite recebe sobre me proteger, eu não tenho o que falar. Eu estou na seleção vai fazer dez anos. Desde a primeira vez que eu pisei aqui, eu sempre tive muita responsabilidade e sempre fui um dos principais nomes, um dos que carregavam sempre... acho que... praticamente tudo nas costas", afirmou.
Prestes a completar 100 jogos com a camisa verde e amarela, o jogador ainda usou o exemplo de Lionel Messi, no Barcelona, e disse que aprendeu isso ao longo da carreira pelos clubes em que atuou.
"Quando um atleta de alto nível atinge um nível alto, considerado um dos melhores do mundo, por que não tratá-lo de forma diferente? Não pode existir inveja do resto do time. Eu tive meu papel de entender. No Barcelona, eu trabalhei com o Messi, e ele tem o tratamento diferente. Por que ele é bonito? Não. Porque ele decide. Ele conquistou aquilo. Ele está assim depois do que alcançou", opinou.
Diante das declarações do atacante, acionamos os blogueiros do UOL Esporte para eles responderem o seguinte questionamento: a história na seleção faz Neymar merecer privilégios? Veja o que eles pensam:
ANDRÉ ROCHA
Neste ponto sempre concordo com o Zico quando me disse em uma entrevista: "Privilégio do craque do time é no salário, o resto é só responsabilidade: treinar mais, decidir em campo e dar o exemplo dentro e fora". O mesmo vale para seleção. Creio que isso resume o que penso sobre essas declarações lamentáveis do Neymar. Mas a culpa não é dele, assim como não era do Romário, do Renato Gaúcho e de outros que exigiam privilégios por onde passaram. O clube e a seleção é que permitem esse absurdo dentro de um esporte coletivo.
Leia o blog do André Rocha.
ANDREI KAMPFF
Não. Histórico, desempenho, conquistas são referenciais para valorização financeira, nunca para garantir privilégios. Quem ganha mais, já ganha mais, e não pode ser tratado de maneira diferente. Vale pro futebol como vale pra vida.
Leia o blog Lei em Campo.
JUCA KFOURI
Uma coisa é tratar igualmente os desiguais, o que, muitas vezes, se revela injusto.
Outra é conceder privilégios excessivos que ultrapassem os limites do razoável.
Exemplifico: Mané Garrincha merecia ser tratado de maneira diferente do tratamento dado a Mauro Ramos de Oliveira.
Pelé tinha mesmo o direito de benefícios diferentes dos recebidos por Carlos Alberto Torres, assim como Romário em relação a Dunga ou Ronaldo em relação a Cafu.
O quarteto em questão se distinguia de todos os demais pela genialidade e pela folha de serviços prestados aos times que defenderam.
Neymar ainda não amarra a chuteira de nenhum dos quatro e tem privilégios, como seu pai, que eles jamais sonharam ter.
O que resulta em expulsões e simulações como jamais aconteceu com os quatro.
Leia o blog do Juca.
MARCEL RIZZO
Neymar provavelmente terminará sua carreira com números expressivos na seleção, de jogos e gols. É o principal jogador de uma geração que, infelizmente, deve ficar marcada por fracassos em Copas (7 a 1 contra a Alemanha encabeçando a lista). Pelo que faz dentro de campo, Neymar poderia ter privilégios, como ser convocado mesmo em momentos ruins. Sua carreira, entretanto, está marcada mais por confusões extracampo, como forçar para sair de todos os clubes em que jogou, do que pela genialidade dentro dela. Por isso qualquer privilégio pode ser questionado.
Leia o blog do Marcel Rizzo.
MAURO CEZAR
Não! Mas sem ele o valor de mercado da seleção brasileira em jogos amistosos e afins despenca. Por essas e outras não se imagina que perca os paparicos.
Leia o blog do Mauro Cezar.
MENON
"De cada qual, segundo sua capacidade, a cada qual, segundo suas necessidades".
A frase é de Karl Marx. Ele dizia que, em uma sociedade comunista, cada cidadão contribuiria segundo suas qualidades e consumiria segundo suas necessidades. Nem todos seriam iguais.
O preceito do velho Marx caberia em Neymar, que passa longe de ser comunista?
Não. De jeito nenhum. Ele tem dado muito menos do que sua capacidade. Ou, então, sua capacidade não é tão grande assim. De uma maneira ou de outra, não tem feito nada que mereça privilégios. Talvez uma gelatina a mais na sobremesa.
Leia o blog do Menon.
MILTON NEVES
Quanto mais porrada esse mascarado leva, mais irresponsável fica. Que privilégio você merece, moleque? Só o privilégio de ser convocado até quando não merece, como ultimamente. E como "te vi nascer" aos 16 anos e inventei o imbecil "Neymar Arantes do Nascimento, anote aí que o Pelé, que era o Pelé e que jogava 11.678.456 vezes mais do que você, exigiu um só "privilégio" na seleção: ficar no mesmo quarto de Joel Camargo na Copa de 70. Ele queria proteger Joel de sua sisudez, complexo e decepção pela reserva. Aprenda, menino mimado e genial! Genial e o mais odiado no mundo do futebol, no planeta todo.
Leia o blog do Milton Neves.
PERRONE
Sou contra um jogador ter privilégios na seleção ou em seu time. Mas, ainda que admitisse tratamento diferenciado para alguns, não acredito que a história de Neymar com a amarelinha o faça ser merecedor disso. Um título da Copa das Confederações e o ouro olímpico não dão autoridade para ele falar tão grosso. Neymar deveria pensar no que Pelé, Garrincha, Romário, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo, entre outros, fizeram pela seleção. Se for sincero, verá que ainda precisa comer muito feijão pra falar em carregar nas costas o time pentacampeão mundial.
Leia o blog do Perrone.
PVC
Nenhum jogador merece privilégios.
Todos os jogadores merecem atenção.
Algumas necessidades, em alguns momentos, podem ser especiais.
Mas isso não pode significar privilégios.
Jogador não tem o direito de levar mulher para a concentração. Este privilégio é impróprio.
Mesmo que saibamos que já houve casos escondidos, como Romário na Copa de 1994.
Jogador não tem o direito de se ausentar da concentração.
Mesmo que saibamos que já houve exceções, como Neymar ser liberado para se apresentar ao Barcelona, durante a preparação para a Copa das Confederações de 2013.
É possível criar exceções. Situações especiais podem causar soluções especiais.
Mas não definir previamente que alguém pode ter privilégio.
Seleção brasileira não é lugar para artista pedir 200 toalhas brancas em seu camarim.
Hoje, Neymar tem um desafio: mostrar que pode ajudar a seleção a ser campeã.
A seleção mostrou há três meses que pode ser campeã sem ele.
E ainda que o objetivo mais importante exija sua presença, porque Copa do Mundo é mais difícil do que Copa América, é preciso que ele se entenda como parte de um grupo Merecerá atenção especial, quando as situações forem especiais.
Leia o blog do PVC.
RENATO MAURÍCIO PRADO
Não! O prêmio por ser melhor e, supostamente, "carregar" o time nas costas é ganhar mais. E Neymar ganha MUITO mais que qualquer outro companheiro na seleção (e na maioria dos clubes pelos quais passou - a exceção foi o Barcelona, por causa do Messi). O supercraque argentino, aliás, não pede privilégio algum, seja no Barça, seja na seleção. Em tempo, quando Neymar carregou a seleção nas costas? Nas Copas, certamente, não foi...
Leia o blog do Renato Maurício Prado.
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