Tite ataca cultura do futebol brasileiro e calendário: "convoco com pesar"
Em uma coletiva que não escondeu as reclamações dos mais diversos assuntos, Tite disparou contra a cultura do futebol brasileiro e o calendário proposto pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Mais cedo, ele já havia exposto toda a sua insatisfação com a Pitch, empresa que organizou os amistosos contra Senegal (dia 10) e Nigéria (dia 13), ambos em Cingapura.
O treinador da seleção brasileira foi bastante criticado por convocar Gabriel e Rodrigo Caio, do Flamengo, Matheus Henrique e Everton, do Grêmio, e Weverton, do Palmeiras, em meio à disputa do Brasileirão e na preparação para a semifinal da Libertadores.
"Quando a seleção joga não tinha que ter jogo de time. Continuo convicto. Isso para mim não vai mudar ao longo do tempo. Eu faço as convocações e faço com bastante pesar. Porque eu não queria. Continuo com a mesma opinião. Eu sei que o Manoel Flores (diretor de competições da CBF) está tentando ajustar. Mas vocês sabem mais que eu e eu não quero entrar nestes aspectos. Mas esse problema aconteceu com todos os clubes, quase todos os clubes. Eu tenho isso claro e continua igual", afirmou o treinador em coletiva de imprensa.
Na esteira das críticas ao calendário e à cultura do futebol brasileiro, Tite foi questionado sobre a demissão de Sylvinho do Lyon com menos de seis meses de trabalho. Ele deixou claro a sua chateação e a sua surpresa e pediu ajuda para seu auxiliar Cléber Xavier para a resposta.
"A gente não esperava, a gente tem conversado algumas vezes, poucas por conta do trabalho dele e do Fernando (ex-analista de desempenho da seleção e auxiliar de Sylvinho), que a gente tanto se aproximou. Eles têm um potencial enorme. Foi surpresa. Eu achava que não deveria ter uma demissão agora, até pela recuperação na Champions e o Francês poderia recuperar. Fico chateado, triste, mas espero que eles consigam comandar em uma situação", afirmou Cléber Xavier.
Em seguida, Tite corroborou com a situação e acrescentou uma análise crítica ao que vê no futebol brasileiro.
"Sou muito grato aos dois pelo trabalho. Quero também fazer uma outra referência. A situação do Brasil tem algumas diferenças na Europa, mas o nível de pressão também é alto. Eu não concebo e, agora vou falar sem filtro, o que acontece aqui. Me parece que no Brasileirão não ganhar um jogo é crime. É crime o técnico participar e não ganhar. E aí te proporciona invasão de treino a toda hora. Isso é vergonha, eu me sinto envergonhado", disparou.
Na mesma coletiva, Tite admitiu que deu bronca em Gabriel Jesus por conta da expulsão na final da Copa América e revelou ajustes táticos para deixar a seleção no seu modo ideal. No último treino, ele sinalizou que a equipe será a seguinte: Ederson; Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Alex Sandro; Casemiro, Arthur e Coutinho; Neymar, Gabriel Jesus e Roberto Firmino.
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