Encaixe, pontas e ajuste: por que o Flu de Marcão não toma gol há 3 jogos
O Fluminense começou o Campeonato Brasileiro jogando um futebol que agradava ao torcedor e à opinião pública, mas não alcançava os resultados esperados -- além de contar com certa dose de azar, principalmente nas finalizações. A máxima do futebol seguiu valendo, e como "quem não faz, leva", o Tricolor enfileirou resultados negativos. A defesa, então segunda pior da competição, foi considerada culpada. De lá para cá muita coisa mudou e, com Marcão no comando da equipe, o Flu alcançou marca expressiva no setor defensivo após vitória sobre o Bahia: três jogos sem tomar gol, em sequência de cinco jogos sem perder.
"O grupo entendeu a ajuda do companheiro da cobertura. O Gilberto hoje tirou uma bola de dentro do gol. É um correr pelo outro, a cobertura é importante, ficar feliz pela cobertura, pelo gol. O entendimento do nosso grupo é esse, um jogar pelo outro e isso tem feito muita diferença. Estamos fazendo da melhor maneira possível. É importante demais passar mais uma partida sem tomar gol, fortalece a equipe, fortalece o grupo e vamos tentar manter isso", afirmou o treinador na coletiva após a vitória.
Citada pelo técnico, a cobertura de fato melhorou bastante. Se com Diniz as perseguições defensivas eram mais curtas mas a marcação por zona não era eficiente principalmente pelas laterais, com Marcão o panorama mudou. Mesmo sem atuar com dois volantes, o Tricolor passou a ter dois jogadores na maioria dos duelos defensivos pelas pontas, seja um atacante, como Yony González ou Wellington Nem, ou mesmo um meia, como Daniel ou Nenê.
A cobertura, entretanto, faz parte de um ajuste maior. Marcão e sua comissão técnica passaram a treinar a equipe com a marcação por encaixes. Assim, a linha de defesa e também os meias passam a acompanhar, por zona, os jogadores adversários que recebem a bola. Se deu errado logo na primeira jogada, com o lateral Gilberto, dando espaço para um cruzamento que virou chance inacreditável perdida por Élber, a nova recomendação funcionou: Orinho, principalmente, se destacou no quesito, desarmando bastante pela lateral-esquerda.
Um pouco mais velozes que Digão, Frazan e Nino foram importantes fazendo pressão nos atacantes. Forte e rápido, o atacante Gilberto incomodaria mais caso os espaços não fossem reduzidos. O jogador esteve muito bem monitorado até quando recuou para buscar jogo no campo de defesa, onde foi desarmado pelos dois zagueiros em diversas jogadas.
Com a marcação diferente e mantendo o estilo de posse da bola, o Fluminense ainda teve outro mérito, este, ofensivo. Foi mais eficiente no campo de ataque, traduzindo em gol duas boas chances já no primeiro tempo. O jogo marcou a primeira vez que o Tricolor foi para o intervalo com vantagem de dois gols em todo o Campeonato Brasileiro.
Para isso, o Flu contou também com atuação de gala de Daniel, que criou a jogada do primeiro gol e cabeceou para marcar o segundo. O camisa 20 esteve em todos os lugares do campo, se destacando na defesa e principalmente no ataque. Foi a cabeça pensante do time, quebrando linhas com passes incisivos ou conduções objetivas de bola. O meia foi o melhor da partida no Maracanã, e fez a torcida nem lembrar de Ganso, aniversariante do dia que desfalcou a equipe por suspensão.
Mais cirúrgico que no primeiro turno, o time conseguiu mais uma vitória, a terceira de Marcão em quatro jogos. Assim, o Fluminense chega à sua melhor sequência no Brasileirão: cinco jogos sem perder. Com 29 pontos, o Tricolor dorme na 13ª colocação, mas já sabe que, independente dos resultados do domingo, fecha a 25ª rodada na 14ª colocação.
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