Discurso conformado de Carille expõe falhas e cria pressão no Corinthians
![Vagner Love e Fábio Carille, do Corinthians, após partida contra o São Paulo, perdida por 1 a 0 no Morumbi - Bruno Ulivieri/AGIF](https://conteudo.imguol.com.br/c/esporte/6c/2019/10/13/vagner-love-e-fabio-carille-do-corinthians-apos-partida-contra-o-sao-paulo-1571014889986_v2_900x506.jpg)
Resumo da notícia
- Atitudes recentes do técnico do Corinthians incomodaram jogadores e dirigentes
- Internamente, discurso do comandante é considerado excessivamente resignado
- Carille tem como filosofia a sinceridade, rejeita técnicos que dão muitas desculpas
- Não há risco imediato de demissão, mas a pressão sobre Carille tem aumentado
Sétimo treinador com mais partidas à frente do Corinthians na história, Fábio Carille vive seu momento de maior instabilidade no cargo. Além de a equipe não vencer há três jogos no Campeonato Brasileiro, o desempenho é abaixo do esperado e atitudes recentes do técnico abalaram a confiança de parte do grupo de jogadores e da diretoria.
Não existe um risco imediato de interrupção do trabalho, mas as últimas semanas expuseram problemas internos e aumentaram o ambiente de pressão, especialmente por causa do discurso considerado excessivamente resignado do treinador. Carille disse que está "tendo dificuldade" em melhorar o desempenho ofensivo do Corinthians e que "não dá para entender" como está no G4. Ele também afirmou que "tem muitos jogadores abaixo [em relação ao rendimento], não é de hoje" e que o elenco é desequilibrado.
Acho que de 63 jogos não fizemos dez bons jogos no ano.
A relação com alguns jogadores do elenco já vinha abalada desde que o técnico culpou o excesso de "meninos em campo" por uma derrota na Copa Sul-Americana. Este momento da temporada teve consequências imediatas, e parte do elenco mostrou insatisfação.
Agora o abalo é com a diretoria. Depois de reclamações de Boselli dando conta que tinha poucas chances de fazer gol por causa do funcionamento da equipe, Carille afirmou que "a característica do time não é para o Boselli" porque falta um jogador agudo para municiá-lo. O treinador até citou, por duas vezes, tentativas frustradas do clube de contratar Gabigol, Rodriguinho e Róger Guedes.
A exposição das dificuldades da diretoria no mercado incomodou dirigentes do Corinthians. O impacto da insatisfação ainda é desconhecido - não houve, por exemplo, cobranças diretas ao treinador. O presidente Andrés Sanchez sempre usa a permanência de Tite após a eliminação na primeira fase da Libertadores de 2011, diante do Tolima, como argumento para dizer que é um dirigente resistente às pressões externas. Mas hoje é justamente o descontentamento interno que enfraquece Fábio Carille.
Mesmo fragilizado, o técnico do Corinthians tem conceitos sólidos sobre seu comportamento e tipo de manifestação pública. Ele paga o preço pela sinceridade e rejeita o posicionamento de treinadores que escondem problemas de suas equipes. Não há uma tendência de mudança, é um conceito de trabalho. Mas agora os problemas estão escancarados por declarações do próprio treinador:
1) A falta de repertório ofensivo do time;
"A casinha está bem fechada. O que temos que crescer é ofensivo, tem que melhorar. E se não melhorar não classifica para a Libertadores. Temos que melhorar para que a gente cresça na competição", em 13/10.
2) A pressão na diretoria por jogadores que não foram contratados;
"O clube tentou, Andrés falou de contatos com Gabigol, Rodriguinho e Róger Guedes. Precisamos de jogadores mais agudos para a bola chegar na área. Mas o Corinthians pela sua situação financeira não conseguiu jogadores que jogam perto do 9 e incomodem mais. Infelizmente não conseguimos e isso que falta para nós hoje", em 10/10.
3) A exposição de problemas técnicos do atual elenco;
"Tem outras equipes com mais equilíbrio no elenco. Nos falta profundidade, jogadores que se posicionam para buscar a bola na frente e dar bola no pé. Tem equipes mais equilibradas em questão de elenco (...) Estou sentindo alguns jogadores importantes com confiança baixa. Então é conversa, trabalho e deixar as coisas mais determinadas. ", em 13/10.
4) A transferência de responsabilidade para não encaixar Boselli;
"Pelas características do time o 9 sofre muito. O bom é que está mostrando o que é necessário para sermos mais fortes. Se vai acontecer [contratação] não sei, a situação do clube sabemos que não é boa. Jogadores qualificados que resolvem não tem muito, e quando tem é muito caro", em 10/10.
5) A admissão de que não sabe o que fazer para melhorar;
"Eu mesmo estou me criticando, cobrando, treinando, trabalhando. Cria-se uma expetativa de ganhar tudo e não estamos preparados para ganhar tudo. Fomos campeões paulistas, vai entrar no meu currículo, mas não foi jogando bem. Estamos precisando jogar mais e melhora com treino e vídeos. Mas não temos muito tempo para treinar", em 10/10.
6) O engessamento com o esquema tático 4-1-4-1;
"Acredito muito nesse sistema. O clube também acredita em atacar aquilo que nos falta para voltar a ser forte."
O próximo desafio do Corinthians sob o comando de Fábio Carille é amanhã (16), às 21h30, contra o Goiás, no Serra Dourada, pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro. O time do Centro-Oeste é o segundo melhor do segundo turno do torneio e promete impor dificuldades ao já pressionado Alvinegro.
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