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Bahia jogará com camisa "manchada de óleo" em protesto a desastre ambiental

Camisa do Bahia traz reflexão sobre preservação do meio ambiente - Reprodução/Bahia
Camisa do Bahia traz reflexão sobre preservação do meio ambiente Imagem: Reprodução/Bahia

Do UOL, em São Paulo

20/10/2019 11h52

O Bahia enfrenta o Ceará pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro na segunda-feira (21). A partida, no estádio do Pituaçu, em Salvador, vai ser palco de protesto do ativista time baiano: jogadores vestirão camisa "manchada de óleo".

O protesto contra o vazamento de óleo que toma conta das praias nordestinas vem acompanhado de um manifesto, divulgado neste domingo (20) no site do clube. "Quem derramou esse óleo? Quem será punido por tamanha irresponsabilidade? Será que esse assunto vai ficar esquecido?", indaga a postagem.

"Um convite à reflexão: o que faz um ser humano atacar e destruir espaços sagrados? O lucro a qualquer custo pode ser capaz de destruir a ética e as leis que regem e viabilizam a humanidade? A barbárie deve ser tratada como tal, não como algo natural", finaliza o texto.

O Bahia tem histórico de manifestações sociais. Neste ano, o clube criou um site para auxiliar mulheres que forem vítimas de assédio em estádios de futebol. A ferramenta traz um "assediômetro", que mostra em tempo real a quantidade média de mulheres assediadas em 2019.

Além disso, por ele, é possível relatar o assédio sofrido em um estádio. Por fim, o site dá dicas de o que fazer em caso de assédio e disponibiliza o número 180, da central de atendimento à mulher em situação de violência.

Bahia em estado de emergência

O vice-governador da Bahia, João Leão, que estava no exercício do governo, assinou na última semana três documentos que visam ajudar o estado a conter a mancha de óleo que se espalha rapidamente pelo litoral da Região Nordeste. Entre eles, a declaração de emergência nos municípios afetados pelo desastre ambiental.

O decreto permite que verbas contingenciais sejam usadas na contenção do óleo. João Leão assinou também um termo de recebimento de ajuda da sociedade civil e uma carta pedindo apoio ao Governo Federal. "O decreto tem o intuito de nos ajudar a resolver o problema. Ele trata da participação do Estado e dos municípios neste processo para nos habilitar a receber recursos federais. O segundo documento é sobre a cooperação dos capelães do Brasil, que nos ofereceram 5 mil pessoas [voluntários]. Já o terceiro solicita o apoio da Petrobras, que é quem entende do assunto", explicou o governador.

De acordo com a secretaria de Meio Ambiente do Estado, 35 toneladas de óleo já foram retiradas do litoral. A coleta do material contaminado é feita por uma força-tarefa composta por bombeiros, Defesa Civil e funcionários municipais.

O governo da Bahia emitiu, ainda, um alerta para a população para que não entre em contato direto com o óleo e não toque ou remova resíduos contaminados.

Manchas de óleo

A presença da manchas de óleo no litoral nordestino foi notada no fim de agosto. A primeira localidade onde, segundo o relatório do Ibama, a contaminação foi comunicada, fica na Praia Bela, em Pitimbu (PB), onde os fragmentos de óleo foram avistados no dia 30 de agosto. A partir daí, a substância escura e pegajosa se espalhou pelos nove estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe).

A Polícia Federal (PF), a Marinha e os órgãos ambientais do Brasil tentam agora esclarecer como o material chegou às águas territoriais brasileiras e poluiu trechos do litoral nordestino. De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, entre as hipóteses estão um possível vazamento acidental em alguma embarcação ainda não identificada, um derramamento criminoso do material por motivos desconhecidos ou a eventual limpeza do porão de um navio.

Ao participar de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, na semana passada, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que análises laboratoriais confirmaram que a substância não provém da produção da estatal petrolífera.