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Fla repete 1981 com maratona de decisões e tenta igualar Santos de Pelé

Assista aos melhores momentos de Flamengo 5x0 Grêmio

Gols da Libertadores

Diego Salgado e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

24/10/2019 04h00

Três títulos em 21 dias deram ao Flamengo de Zico um lugar de destaque na história do futebol mundial. Em 1981, o time liderado por ele venceu a Libertadores, o Carioca e o Mundial em decisões seguidas entre novembro e dezembro. Agora, 38 anos depois, traços dessa trajetória podem vir à tona nos mesmos meses.

O Flamengo do técnico Jorge Jesus, finalista da Libertadores depois de bater o Grêmio por 5 a 0 ontem (23) no Maracanã, pode levantar três taças em 29 dias. Além da competição continental - a final contra o River Plate será no dia 23 de novembro -, a do Campeonato Brasileiro e a do Mundial de Clubes, cuja decisão será em 21 de dezembro.

O time rubro-negro pode ainda se tornar o primeiro clube brasileiro em 56 anos a conquistar a Libertadores e o Brasileirão na mesma temporada. O último a alcançar o feito foi o Santos de Pelé, em 1963 - a equipe já havia atingido essa marca também em 1962, quando venceu a competição sul-americana e a Taça Brasil.

Muito já se falou sobre o fôlego flamenguista, com o técnico Jorge Jesus respondendo prontamente de que não considerava a questão um problema. Pois seus atletas vão realmente dando a resposta em campo, superando lesões inicialmente graves para ir a campo e ajudar na goleada sobre o Grêmio por 5 a 0, ontem, no Maracanã. É o caso de Filipe Luís e Arrascaeta, recuperados de lesões graves no joelho. Ou de Rafinha, que jogou com um capacete.

Pois, em 1981, a história não era muito diferente. O Flamengo do técnico Paulo César Carpegiani contou com uma preparação física específica para suportar a carga de jogos na reta final daquela temporada.

"Nós tínhamos uma pessoa muita capacitada e experiente que era o José Roberto Francalacci e ele pautava a nossa recuperação da seguinte maneira, o nosso maior esforço era no jogo e depois nos dias, por exemplo nestes 21 dias, nesses intervalos ele deixava a gente descansar", contou o ex-atacante Tita em entrevista ao UOL Esporte.

"A preparação nas três semanas foi praticamente em ritmo de jogo. A gente jogava, e a carga de treinamento diminuiu bastante. A gente ia para uma academia, fazia o repouso, um trabalho mais leve. Foi só com o ritmo de jogo", ressaltou Andrade.

Três taças em três semanas

Flamengo 1981 - Arquivo Jornal do Sports - Arquivo Jornal do Sports
Zico em ação na final da Libertadores 1981: título do Flamengo veio após três jogos disputados
Imagem: Arquivo Jornal do Sports

A Libertadores de 1981 foi definida em três partidas contra o Cobreloa. No dia 13 de novembro, a equipe carioca venceu os chilenos por 2 a 1. Dali a uma semana, recebeu o troco: 1 a 0 em Santiago. Três dias depois, em Montevidéu, os rubro-negros garantiram o título com um triunfo por 2 a 0 - curiosamente, a final da atual edição será disputada no mesmo dia.

Já a final Campeonato Carioca também foi disputada em três duelos. Em desvantagem, o Vasco venceu os dois primeiros, nos dias 29 de novembro e 2 de dezembro. No dia 6, o Flamengo derrotou o rival por 2 a 1 e deu a volta olímpica. No dia seguinte ao título, o elenco rubro-negro viajou rumo ao Japão para enfrentar o Liverpool na decisão do Mundial. No dia 13 de dezembro, com gols de Nunes (dois) e Adílio.

"Não podia era ficar treinando muito. Eu, por exemplo, que era zagueiro, dava pique de dez metros, pique de 30 metros, pique de 50 metros, cabeceava a bola para lá, para cá, tanto para defender como para tentar fazer o gol. O Flamengo preparava as faltas que o Zico batia. Esse que era o trabalho do Flamengo, não tinha aquele trabalho de correr quilômetros", afirmou Marinho.

"Eram jogos decisivos, então tinha de estar todo mundo 100%. E foi o que aconteceu. Buscamos isso de estar sempre bem todo mundo para poder jogar os jogos decisivos. Não teve desgaste físico, somente a manutenção", disse Adílio.

Durante a maratona, o grupo do Flamengo teve apenas um problema de lesão. E foi por causa de uma agressão. "Eu me lesionei no segundo jogo da Libertadores lá em Santiago. Levei uma cotovelada, um soco do zagueiro chileno Mario Soto", relembrou Lico, que ficou fora da terceira partida da decisão da Libertadores, mas voltou a tempo da final do Mundial contra o Liverpool.