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Grêmio vê clima de 'fim de ciclo' crescer após goleada para o Flamengo

Lucas Uebel/Grêmio FBPA
Imagem: Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

24/10/2019 04h00Atualizada em 24/10/2019 12h11

O vexame passado pelo Grêmio contra o Flamengo, pela semifinal da Libertadores, tem impacto imediato. Logo após a definição do placar de 5 a 0 no Maracanã, o clima de fim de ciclo migrou das redes sociais diretamente para os bastidores do clube. Para algumas alas essa é uma uma sensação que deve acompanhar o time na reta final do ano. Renato Gaúcho perdeu pontos perante a torcida e diretoria, e sua permanência para 2020 será tema central do dia a dia gremista até dezembro.

A coluna De Primeira havia mostrado que a ideia da direção gremista era conversar com Renato sobre renovação logo depois da semifinal. Com qualquer cenário, classificação ou não. O problema é que a eliminação ficou menor diante do placar e do desempenho apresentado no jogo decisivo.

A derrota no Rio de Janeiro se tornou a pior do Grêmio na história da Libertadores. E também é o maior placar sofrido na 'era Renato' - somando as passagens de 2010-2011 e 2013.

"Estou vacinado quanto a isso, de ter que mandar embora esse ou aquele. Por perder e ter que mandar embora, contratar aqui e acolá. Já estou vacinado", disse Renato depois do jogo.

A leitura é de que mesmo com a diferença técnica entre Flamengo e Grêmio, a derrota mais pesada do que qualquer cenário imaginado. Em resumo, a forma como o time perdeu incomodou (e muito). As decisões da comissão técnica e o desempenho dos jogadores deverão motivar reuniões nos próximos dias.

"Esse é o pensamento mais raso, mais imediato e mais inadequado. Não tem fim de ciclo, existe um trabalho de longo prazo. Como pode ser fim de ciclo jogando três semifinais de Libertadores, semifinal de Copa do Brasil. Não chegamos, mas estamos competindo. As redes sociais são alarmistas, é da natureza dessa manifestação e é democrático. Mas é hora de trabalharmos e dar sequência. O Grêmio tem, a todo ano, um processo de transição com jogadores da base e isso vai continuar acontecendo", disse Romildo Bolzan Jr. em entrevista ao SBT.

O plano é conversar com o técnico, primeiro, para mobilizar o elenco de olho em vaga na Libertadores do ano que vem. A equipe ocupa hoje a sétima colocação do Brasileirão, posição que só renderia uma vaga na chamada pré-Libertadores em caso de título do Flamengo na atual edição do torneio continental. O ideal para a equipe tricolor seria entrar logo no grupo dos seis primeiros colocados, onde está inserido o Internacional. O rival colorado tem apenas um ponto a mais na classificação. Em quinto, o Corinthians tem dois pontos de vantagem.

Ao mesmo tempo, a diretoria vai sentir os efeitos da goleada também sobre o treinador. Se o placar caiu como uma gota d'água ou não abalou a ideia de seguir no clube. Por fim, o papo será sobre reformulação no elenco.

Renato, se estiver interessado, ainda deverá receber oferta para ficar. Se aceitar, mesmo que a assinatura só venha em dezembro, terá influência direta na formação do grupo de atletas. A lista de saídas será esboçada ao longo das próximas semanas.

Uma ala mais radical da cúpula, de todo modo, entende que Renato Gaúcho não deve ficar. Mas, ao mesmo tempo, respeita a história e a trajetória do ídolo. Comandante de seis títulos nos últimos três anos, o treinador tem vínculo até dezembro e já havia indicado vontade de seguir no Rio Grande do Sul.

O Grêmio volta a campo no domingo, contra o Botafogo, pelo Brasileiro.