Sem histórica camisa 9, Fluminense fez menos gols no Brasileiro desde 2009
De todos os números de camisetas utilizados pelo Fluminense, um tem um significado histórico um pouco mais especial: a 9, que na frase popular dos torcedores, "faz gols sozinha". Em 2019, o Tricolor não tem mais o jogador que envergava o número. E o significado, comparando aos últimos dez anos, é menos bolas na rede no Campeonato Brasileiro.
O Flu teve ídolos recentes como Fred e Washington "Coração Valente" com a emblemática numeração. Ambos terminaram edições do Brasileirão como artilheiros, em 2008, 2012 e 2014. Além deles, outros xodós usaram o número 9 nas costas, como Pedro e Henrique Dourado (goleador do campeonato em 2017).
E a história, claro, não começou ali. Desde Henry Welfare, que chegou ao clube em 1916 e marcou 161 vezes com a camisa tricolor, muitos outros se eternizaram usando a 9, como Ézio, Washington (do Casal 20), Doval, Flávio Minuano, Mickey, Valdo... A lista é tão grande quanto a mística do número.
Pedro foi o último a utilizar a camisa 9. Desde que a numeração se tornou fixa, em 2011, poucos tiveram essa honra. No elenco atual, com numeração fixa, nenhum jogador enverga o número nas costas. O centroavante titular, João Pedro, usa a camisa 23. O jogador não faz gol há 10 jogos, desde que balançou as redes contra o Fortaleza. Será que vale a mudança, nem que seja por superstição?
O UOL Esporte fez um levantamento dos últimos 10 anos, desde o início da "Era Fred", pois apenas Kieza, em 2009, envergou a lendária camisa em Campeonatos Brasileiros durante a permanência do ídolo, que deixou o clube em 2016.
Em 2019, ainda que tenha deixado o clube em agosto e marcado pela última vez em julho, Pedro ainda é o artilheiro tricolor no Brasileirão, com cinco gols, dividindo o posto com Yony González, o camisa 11, outro número importante para o Flu. Nos anos que se sucederam, o número 9 foi importantíssimo para o Tricolor, seja nos títulos de 2010 e 2012 ou nas campanhas contra o rebaixamento.
Foi em 2009 que o Fluminense "dependeu" mais dos gols de seu camisa 9 para o futuro na competição. E não à toa: o Tricolor precisou de histórica arrancada para se livrar de um descenso praticamente sacramentado. Foram 12 gols de Fred naquele ano, sendo 7 durante a sequência invicta no Brasileiro. A camisa foi responsável por 36,7% dos gols, já que Kieza marcou seis vezes na competição usando o número 9.
Em 2010, o Coração Valente voltou, mas usou a 99 nas oito vezes em que balançou as redes, antes da entrevista em que declarou trocar seus tentos pelo título, o que aconteceria: o ídolo teve longo jejum até o fim da competição. O ano foi a exceção à regra: apenas 8% dos gols vieram da camisa 9, e o Fluminense acabou tricampeão brasileiro.
Outro ano de destaque foi 2011, onde o Flu precisou da camisa 9 para 36,5% dos gols, todos de Fred, em seu ano mais goleador pelo clube. O ídolo marcou 22 vezes no Brasileirão e terminou como vice-artilheiro, na campanha do terceiro lugar naquela temporada. O Tricolor foi líder disparado do returno com aproveitamento de campeão, deixando a torcida com gosto de "quero mais" após o tricampeonato em 2010. No ano seguinte, o do tetra, a dependência também foi alta: Fred marcou 20 dos 61 gols tricolores no título, ou 32,7% deles.
Mas não foi só de Fred que viveu o Fluminense. Em 2017, primeira temporada com "outro" camisa 9, Henrique Dourado, o Tricolor também se valeu da camisa 9: foram 18 gols do Ceifador, artilheiro daquela edição, correspondentes a 36% dos 50 gols da equipe que brigou contra o rebaixamento, ainda que tenha se livrado com duas rodadas de antecedência, em vitória sobre a Ponte Preta com a marca de seu goleador.
Sem a camisa 9, os anos foram difíceis: em 2013, com Fred machucado e fora da competição a partir de agosto, o Flu sentiria o gosto do rebaixamento, anulado após Portuguesa e Flamengo serem punidos pelo STJD pelas escalações ilegais de Heverton e André Santos. Um centroavante marcou o gol que acabou sendo o da salvação: Samuel, que usava o número 31.
Em 2016, quando o ídolo deixou o clube rumo ao Atlético-MG (acabaria artilheiro, com 14 gols, junto a William Pottker e Diego Souza), o inverno também foi rigoroso: a campanha, que se desenhava de luta por vaga na Libertadores com o G4 virando G6 após decisão da Conmebol, terminou com nove jogos sem vencer. Cícero foi o artilheiro do Tricolor naquele campeonato, com nove gols, atuando como volante, meia e até "falso 9". Mas ninguém usou a camisa 9. Contratado para ser o homem gol, Dourado definhou com o número 89. Richarlison, outro atacante do elenco, usou as camisas 70 e 19.
No ano passado, a situação foi ainda pior para os atacantes. Sem Pedro, lesionado e fora da temporada desde agosto, os gols minguaram. A equipe deixou 20 bolas na rede em 21 rodadas, metade delas de seu camisa 9. Após a contusão, foram apenas 12 gols do Tricolor em todo o campeonato. A equipe ficou oito jogos, ou inacreditáveis 13 horas de bola rolando sem marcar na competição, encerrados pelo volante Richard, que fez o gol da salvação contra o América-MG no Maracanã. Os atacantes só voltaram a fazer gol com o próprio Pedro, em maio deste ano, na derrota para o Santos.
Confira a "dependência" do Flu dos gols de sua camisa 9 desde 2009, ano a ano:
- 2019
28 gols - 5 de Pedro (camisa 9) - 17,8%
- 2018
32 gols - 10 de Pedro (camisa 9) - 31,25%
- 2017
50 gols - 18 de Dourado (camisa 9) - 36%
- 2016
45 gols - 2 de Fred (camisa 9) - 4%
- 2015
40 gols - 9 de Fred - 22,5%
- 2014
61 gols - 18 de Fred (camisa 9) - 29,5%
- 2013
43 gols - 3 de Fred (camisa 9) - 7%
- 2012
61 gols - 20 de Fred (camisa 9)
32,7%
Fluminense campeão e Fred artilheiro
- 2011 * (Começa a numeração fixa)
60 gols - 22 de Fred (camisa 9) - 36,7%
- 2010
62 gols - 5 de Fred (camisa 9) - 8%
- 2009
49 gols - 12 de Fred (camisa 9) e 6 gols de Kieza (todos com a 9) - 36,7%
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