Clube comumente associado ao comportamento festivo, o Flamengo segue celebrando suas conquistas em campo, mas adota um discurso "pés no chão" fora das quatro linhas.
Na ponta da tabela do Brasileiro, com 10 pontos de vantagem para o vice-líder Palmeiras, e na decisão da Libertadores, o Fla ensaiou o tom e não desafina na hora das declarações públicas. Do "goleiro ao ponta-esquerda", os rubro-negros repetem o mesmo mantra.
"Não ganhamos nada até agora, mas temos de estar felizes, pois estamos em mais uma final. Eu vim para cá para viver isso", discursou o goleiro Diego Alves.
Curiosamente, "soberba" foi o termo usado pelo presidente gremista Romildo Bolzan para definir o estado de espírito rubro-negro antes da semifinal. A declaração não caiu bem na Gávea, mas a ordem foi deixar os jogadores fora disso. As respostas, que foram dadas em tom sereno, ficaram a cargo da cúpula de futebol do clube.
Mesmo em um dia no qual os rubro-negros poderiam dar o "troco", as declarações não saíram do roteiro. Ainda no Maracanã, Marcos Braz, vice-presidente de futebol, fez coro ao elenco minutos após a goleada por 5 a 0 sobre o Grêmio:
"Não fomos a lugar nenhum ainda. Ganhamos o Carioca, mas ainda temos a Libertadores e o Brasileiro para jogar. Em 2009, o Palmeiras tinha oito pontos de vantagem no Brasileiro, mas fomos campeões. O futebol prega peças. A gente acha que vai ter um final feliz".
Mas nem sempre foi assim. Há quem garanta, por exemplo, que a concentração rubro-negra antes da fatídica derrota para o América do México não condizia com o ambiente de uma equipe que em horas disputaria um mata-mata da competição continental. Após samba e distração no hotel, a cereja do bolo foi a festa feita para Joel Santana, que tinha acertado sua ida para a África do Sul. Em campo, o "oba oba" foi dos mexicanos, que venceram por 3 a 0 e avançaram na edição de 2008.
Se o elenco se blinda contra a euforia, o mesmo lema não vale para a arquibancada, é claro. Em êxtase com a fase da equipe, os rubro-negros seguem com suas tradicionais gozações. Famosa por encampar o "deixou chegar" e o "cheirinho", a Nação aproveita a onda positiva para tirar sarro dos rivais domésticos e exaltar a sua superioridade momentânea.
No caminho da história, o Flamengo contraria sua própria identidade ao trocar euforia por contenção. Em busca de dois troféus, a tática para a vitória passa por falar muito apenas com a bola nos pés.
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