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Carille e Sampaoli se enfrentam com futuros incertos e estilos contestados

Carille e Sampaoli voltam a duelar em clássico Santos e Corinthians - Estadão Conteúdo e Ivan Storti/Santos FC
Carille e Sampaoli voltam a duelar em clássico Santos e Corinthians Imagem: Estadão Conteúdo e Ivan Storti/Santos FC

Eder Traskini e Samir Carvalho

Do UOL, em Santos e em São Paulo

26/10/2019 04h00

O clássico de hoje, às 17h, entre Corinthians e Santos, na Arena, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro, marca o sexto encontro entre Jorge Sampaoli e Fábio Carille. De certa forma, os dois chegam ao duelo com pontos questionados de seu trabalho e, ainda que opostamente, com futuro incerto.

Fábio Carille nunca foi tão contestado desde que foi efetivado no cargo de treinador do Corinthians no início de 2017. A estratégia defensiva demasiada é a principal crítica. Até o discurso de que o técnico e seu Corinthians conquistaram muitos títulos aplicando essa filosofia já não convence mais torcedores, jornalistas, dirigentes, conselheiros e até funcionários do clube paulista. Nem o título brasileiro de 2017 e o tricampeonato paulista de 17 a 19 serviram para blindar o treinador.

O time de Carille tem a segunda melhor defesa do Brasileiro, com 20 gols sofridos. Só perde para o São Paulo, que levou 17. No entanto, sua equipe apresenta sérios problemas de transição e, por isso, acabou encurralado por diversos adversários nesta temporada.

Aliás, foi justamente contra o Santos que o problema que se repetiria por diversas vezes em 2019 foi exposto de forma emblemática pela primeira vez. Na ocasião, a equipe de Carille foi amassada no Pacaembu na semifinal do Paulista e não conseguiu sair do campo de defesa. O Timão escapou da eliminação nos pênaltis.

Mas a paciência com Fábio Carille acabou para muitos torcedores após a eliminação na semifinal da Copa Sul-Americana, diante do Independiente del Valle. O time perdeu em casa por 2 a 0 e, quando tentou ser ofensivo para reverter a vantagem dos equatorianos, empatou por 2 a 2, em Quito. Desde então o Corinthians nunca mais se acertou. O time ficou desconfigurado e a torcida pode terminar o ano sem saber quais são os onze titulares.

A dúvida sobre a equipe titular é, aliás, a única crítica ao trabalho de Jorge Sampaoli no Santos. O argentino vem fazendo uma campanha acima do esperado com o elenco santista que não era apontado para chegar a disputar o título em dada altura do torneio. No entanto, as 52 escalações diferentes em 54 jogos começam a incomodar parte da torcida.

O estopim veio recentemente. Após uma partida que beirou a perfeição na vitória sobre o Palmeiras, em clássico na Vila Belmiro, parecia que o Peixe tinha encontrado uma equipe ideal. Nada isso. Sampaoli voltou a fazer mudanças, tanto táticas quanto nas peças que iniciaram as partidas seguintes, e o desempenho da equipe caiu.

Carille tenta ser ofensivo, mas fracassa

E, o pior, Carille tentou mudar a estratégia e ser ofensivo nos últimos dois jogos e fracassou.

Após "marcar pressão", no campo do adversário, coisa rara em 2019, contra o Goiás, na semana passada, o time de Carille abriu o placar no Serra Dourada, mas sofreu o empate ainda no primeiro tempo. Na segunda etapa, a equipe "voltou ao normal", recuou e sofreu a virada. O time só escapou da derrota após um pênalti marcado nos acréscimos, com auxilio do VAR, e concluído por Gustagol.

No jogo seguinte, contra o Cruzeiro, Carille abriu o time cedo tentando ser mais ofensivo e perdeu de virada, por 2 a 1, em plena Arena Itaquera. Na ocasião, não caiu bem a entrada de Jadson no lugar de Sornoza, aos 11 minutos do segundo tempo, quando o Corinthians empatava em 1 a 1. Basicamente, um meia pouco móvel e pouco disposto fisicamente na vaga de um segundo volante que ocupa melhor os espaços. A visão é de que a alteração sobrecarregou Ralf na marcação e comprometeu o time defensivamente. O gol da vitória dos visitantes na Arena saiu 14 minutos depois da alteração.

O resultado de tentar ser mais ofensivo neste dois jogos foi a fragilização do setor defensivo: o time sofreu quatro gols e cedeu seis grandes chances para Goiás e Cruzeiro. No recorte dos cinco jogos em jejum, são 14 chances claras de gol para os adversários contra apenas cinco criadas pelo Corinthians.

Carille só deixa o Corinthians se pedir demissão

Fábio Carille está com o emprego assegurado. Segundo apurou o UOL Esporte, o treinador só deixa o clube se pedir demissão. Na visão dos dirigentes seria um erro de planejamento demitir o treinador e um desrespeito com os outros clubes buscar um técnico empregado em fim de temporada. Em contrapartida, a reportagem ainda apurou que se Carille pedir demissão, a diretoria corintiana não fará nenhuma objeção. Nos bastidores do clube há quem diga que uma derrota para o Santos pode provocar uma saída amigável de comum acordo, seguido de um pedido de demissão.

Santos quer continuidade, mas sabe do risco de saída

No que depender da diretoria do Santos, Sampaoli comanda o time até 2023. O argentino tem vínculo com o Peixe até o final de 2020, mas o presidente José Carlos Peres já deixou claro que quer renovar com o treinador. Sampaoli, porém, não pensa nisso no momento. Ele garantiu que fica até o final do ano e mais de uma vez falou sobre a vontade de cumprir o contrato até dezembro de 2020, mas o Santos sabe o risco que corre.

"Estamos preparados para o não prosseguimento do Sampaoli, mas se depender da gente ele vai continuar até mais do que um ano pela frente", disse o presidente José Carlos Peres após o evento de sorteio dos grupos do Paulistão 2020.

Ainda assim, o Peixe está otimista na continuidade de Sampaoli no cargo e dá total apoio ao argentino. Mesmo com um orçamento mais modesto para o próximo ano, a diretoria vai fazer de tudo para atender aos pedidos do argentino.