São Caetano viu Serginho morrer em campo há 15 anos e jamais foi o mesmo
A queda abrupta no gramado precedida das mãos nos joelhos, a imagem chocante de uma tentativa em vão de reanimação sob olhares de milhares de espectadores, o horror da morte inesperada de um jogador de 30 anos em pleno exercício da profissão. Esse triste roteiro, que teve como protagonista o zagueiro Serginho, do São Caetano, completa hoje 15 anos. Desde então, o clube, campeão paulista e vice-campeão brasileiro e sul-americano, não conseguiu recuperar o protagonismo no futebol nacional.
O defensor, vítima de uma parada cardiorrespiratória, era um dos símbolos do time que ascendeu rapidamente a partir da Copa João Havelange, em 2000. Titular do São Caetano, Serginho se tornou fundamental em campanha históricas, como o vice-campeonato nacional, em 2000 e 2001, e continental, em 2002.
Apenas seis meses antes da tragédia, o zagueiro enfim celebrou uma conquista com o clube que o projetou: sob o comando de Muricy Ramalho, o São Caetano derrotou o Paulista de Jundiaí na final e conquistou o Campeonato Paulista, no capítulo mais importante a sua história.
Depois da morte de Serginho, porém, o time do ABC Paulista entrou em declínio. Em três anos, a equipe já jogava a Série B do Brasileirão, campeonato que disputou até 2013. No ano seguinte, ficou entre os quatro últimos da terceira divisão e acabou rebaixada para a Série D. Em 2016, ficou fora de qualquer divisão.
No Campeonato Paulista, o fôlego durou mais. Após o título de 2004, o São Caetano terminou as edições 2005 e 2006 na quinta posição, mesmo resultado de 2001 e 2003. Em 2007, disputou a final e acabou derrotado pelo Santos com um gol nos minutos derradeiros.
A segunda divisão do Estadual virou realidade em 2014, depois de uma série de resultados medianos na competição. Fora da Copa do Brasil durante o período em que esteve na A2 do Paulista, o São Caetano viveu sua pior fase e quase foi rebaixado à terceira divisão há cinco anos.
Em um sopro de redenção, o clube obteve o acesso à elite do Campeonato Paulista em 2017, quando se sagrou campeão da A2. A alegria, entretanto, durou pouco. Após um sétimo lugar - foi eliminado pelo São Paulo nas quartas de final -, o time foi novamente rebaixado na atual temporada ao terminar a competição na penúltima colocação.
Morte resultou em punições na esfera esportiva
Depois da tragédia, Nairo Ferreira de Souza, presidente do São Caetano, e Paulo Forte, médico do clube, foram denunciados pelo promotor Rogério Zagallo. Inicialmente, por dolo eventual. No ano seguinte, o caso foi classificado como homicídio culposo, sem intenção de matar. Em 2013, porém, ele foi arquivado.
Dessa forma, as punições ficaram restritas à esfera esportiva, com atuação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Em 2004, o São Caetano perdeu 24 pontos e só não foi rebaixado porque havia feito uma boa campanha - tinha 77 pontos, em quinto lugar, antes da punição, e terminou na 18ª posição. Naquela temporada, o campeonato foi disputado por 24 clubes.
O presidente e o médico do clube também foram punidos. Nairo teria de ficar afastado das suas funções por dois anos. Paulo, por quatro. As penas, entretanto, foram reduzidas à metade meses depois.
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