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Como o Santos se inspira em modelo vencedor do Athletico-PR por novos rumos

Paulo Autuori, superintendente de futebol do Santos - Ivan Storti/Santos FC
Paulo Autuori, superintendente de futebol do Santos Imagem: Ivan Storti/Santos FC

Eder Traskini e Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL, em Santos e em São Paulo

30/10/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Santos contratou o ex-técnico Paulo Autuori para o cargo de Superintendente de Futebol e vem reestruturando o departamento
  • William Thomas, que trabalhou com Autuori no Athletico, chegou logo depois como diretor técnico e é peça-chave na reformulação
  • Recentemente, outros dois nomes que passaram pelo Athletico vieram com aval da dupla: Everson Rocha e Jorge Andrade
  • A ideia é fazer com o "DNA ofensivo" algo semelhante ao que o Athletico chamou de "Jogo CAP"
  • A reestruturação já cortou dirigentes da base que tinham ligação com o presidente José Carlos Peres e deve contratar profissionais de mercado

Campeão da Sul-Americana e da Copa do Brasil no intervalo de um ano, o Athletico Paranaense começou a colher frutos de um projeto idealizado em 2013, quando Mario Celso Petraglia voltou a ter o poder no Furacão. Os resultados do time não passaram despercebidos pelo Santos. Pelo contrário. A gestão de José Carlos Peres foi ao mercado em busca de profissionais que ajudaram na idealização e aplicação do "Jogo CAP", o modelo de futebol do Athletico.

Os nomes mais conhecidos pela mídia são o do superintendente de futebol Paulo Autuori e o do diretor técnico de futebol William Thomas, mas há mais oriundos da Arena da Baixada para a Baixada Santista. Entre eles Fernando Volpato, que comandou as elogiadas reformas da Vila Belmiro.

Os últimos dois nomes contratados por indicação da dupla Autuori e Thomas, como antecipou a coluna De Primeira, foram Everson Rocha, que chegou para chefiar a Análise de Mercado do Santos, e Jorge Andrade, que passou por Athletico, Internacional e Figueirense, contratado para a vaga de coordenador das categorias de base. Ele já iniciou uma reformulação ao demitir os gestores do setor.

"Jogo CAP" nasceu antes de Diniz e teve Autuori como peça central

Apresentado como treinador em março de 2016, Paulo Autuori fez mais no Furacão do que apenas comandar o time profissional. Ele coordenou uma mudança na maneira do clube jogar, desde a base até o profissional, que envolvia integração total entre os técnicos de todas as categorias do clube. Autuori indicou, entre outros, o técnico Tiago Nunes para o time sub-23. Ele próprio pôs em prática uma filosofia de que os times jogassem com posse de bola, o que aconteceu com Fabiano Soares e Fernando Diniz e não foi replicado por Eduardo Baptista.

Na transição para Baptista, o então técnico virou diretor. O sucesso, mesmo, só veio quando Nunes organizou a defesa e tornou o time mais vertical, sanando os problemas apresentados sob o comando de Diniz. Mas o Athletico "protagonista" já era pensado desde antes, também com Thomas.

O ex-coordenador do "DIF" - Departamento de Inteligência do Futebol - ajudou a montar a estrutura atleticana. O DIF era o departamento que monitorava contratações ao estilo "Moneyball", mas ia além, na busca por otimização física, com parceiros como a EXOS, ou de modelo de treinos, como a Double Pass, ou ainda de leitura de jogos, como a Kin Analytics.

Quando ambos deixaram o clube, o então zagueiro Paulo André já fazia a transição para assumir o departamento de futebol, que se tornou mais amplo. O clube passou pela mudança da marca, camisa, nome e logotipo e carregou os conceitos para o campo. As premissas "ambição, entusiasmo, rebeldia e inovação" são aplicadas desde a formação, com os treinadores pedindo aos atletas.

Santos quer formalizar "DNA ofensivo" como modelo

Já há tempos o Santos tenta formalizar o "DNA ofensivo" como modelo de futebol desde as menores categorias de base e esse foi um dos objetivos com a contratação de Paulo Autuori. Conhecido pelo futebol atraente, o Peixe quer que os Meninos da Vila já atuem no esquema utilizado no profissional, de maneira a facilitar a transição no momento da promoção ao time de cima.

No ano passado, o Peixe teve problemas ao contratar o técnico Jair Ventura, que não conseguiu fazer a equipe jogar para frente e acabou demitido. Cuca melhorou o time, mas acabou saindo por problemas de saúde e abriu espaço para a diretoria acertar em cheio, dentro dos objetivos traçados, na contratação do argentino Jorge Sampaoli.

O sucesso obtido pelo Athletico com organização e profissionalização é bem visto dentro do clube tanto na diretoria quanto no campo. O entendimento é que é esse o modelo a seguir para se ter sucesso com menos receita do que Palmeiras e Flamengo, os dois clubes que estão à frente do Peixe no Brasileirão.

"Dinheiro não é garantia de título. Acho que um projeto de trabalho é mais garantia de título do que dinheiro. Hoje eu vejo um clube que tem feito bem isso e está tendo um resultado: o Athletico-PR. Pouca gente fala, mas é um clube que não investe tão alto, mas é organizado, tem o planejamento certinho", afirmou Eduardo Sasha em recente entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

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