Por que Rogério Ceni foi parar em bandeirão de torcida em Portugal
Resumo da notícia
- Rogério Ceni foi representado em um bandeirão da torcida do Sporting, de Portugal
- A faixa era uma homenagem a Rui Jordão, angolano ídolo do clube português
- Também serviu de protesto contra o futebol moderno para a "Torcida Verde"
- Ceni foi incluído por representar "antigos valores" do futebol, hoje visto como "negócio"
Na semana passada, Rogério Ceni foi homenageado com mais um bandeirão. Mas não era jogo do São Paulo nem do Fortaleza. Uma torcida organizada do Sporting, de Portugal, resolveu incluir o ex-goleiro em uma faixa exibida durante partida da Liga Europa e que faz parte de protestos contra "jogadores mercenários" do futebol moderno.
A "Torcida Verde" confeccionou o bandeirão com os nomes e as camisas de 13 jogadores históricos e conhecidos pela lealdade a seus clubes. Era também uma das homenagens a Rui Jordão, angolano que foi ídolo do Sporting nos anos 1980 e que morreu na semana passada. A década de dedicação ao time de Lisboa fez até com que os torcedores esquecessem o passado no rival Benfica.
Ceni é tratado pela "Torcida Verde" como um dos melhores exemplos para combater a "era dos negócios" no futebol. Luís Carlos Repolho, um dos idealizadores da faixa e integrante da organizada, explica mais sobre a admiração do grupo pelo maior goleiro-artilheiro da história do futebol, com 131 gols:
"Nós resolvemos colocá-lo porque Ceni é uma referência para nós. Ele representa o antigo amor à camisa que, infelizmente, não existe mais. Foi uma tentativa de resgatar antigos valores que nos tiraram do futebol, dos nossos clubes. Não temos mais ídolos. Os jogadores são todos mercenários, se vendem por meia dúzia de moedas. Um jogador como Ceni, que passou a vida inteira no São Paulo, é um exemplo para todos. Assistíamos a jogos dele aqui em Portugal, os gols de falta... Temos amigos são-paulinos aqui e quando nos encontramos só falamos sobre Ceni", comentou.
O bandeirão da "Torcida Verde" ainda apresentava os nomes de Antonio Di Natale (Udinese), Ryan Giggs (Manchester United) Tony Adams (Arsenal), Francesco Totti (Roma), Carles Puyol (Barcelona), Thomas Müller (Bayern de Munique), Franco Baresi (Milan), Steven Gerrard (Liverpool), Javier Zanetti (Internazionale), Alessandro Lucarelli (Parma) e Giancarlo Antognoni (Fiorentina).
A homenagem viralizou entre torcedores são-paulinos e de outros clubes representados. Lucarelli, que seguiu no Parma mesmo após o rebaixamento do clube à quarta divisão do Campeonato Italiano, chegou a comentar uma publicação da organizada no Facebook para agradecer o reconhecimento.
"Queremos jogadores que dediquem uma vida aos clubes. Lucarelli foi com o Parma até as últimas divisões. Quase dez anos lá! Ninguém faria isso. Ou você imagina Neymar fazendo isso? Cristiano Ronaldo ficaria se a Juventus caísse? Lucarelli abdicou de tudo pelo Parma. Só os homens fazem isso. Como Di Natale ao recusar propostas de gigantes todo ano para seguir na Udinese, onde nasceu", conta Luís Carlos, que prossegue com seu manifesto:
"Futebol hoje é negócio e nós torcedores acabamos transformados em consumidores. Não respeito Neymar, não respeito Cristiano Ronaldo. São excelentes jogadores, mas não são ídolos, vivem apenas por eles. O que eu respeito é alguém como Ceni. Admiro até rivais, como Jorge Costa, que passou a vida no Porto. São jogadores que podem trazer identificação aos torcedores. Hoje em dia, pela forma como conduzem o futebol, isso acabou."
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