MP-RS denuncia ex-presidente e mais ex-dirigentes do Internacional
O Ministério Público do Rio Grande do Sul denunciou o ex-presidente Vitório Píffero e mais três ex-dirigentes do Internacional por uma série de supostos crimes na gestão de 2015 e 2016 do clube. Em entrevista coletiva na manhã de hoje, a entidade explicou o procedimento.
"Foram averiguadas mais de 200 fraudes. Pela gravidade dos fatos. Existe a possibilidade de uma pena significativa. Deixamos esse braço da administração e jurídico ficaram para um segundo momento. Simplesmente por uma questão de lógica", disse o Dr. Márcio Dornelles, Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais.
Além de Píffero, o ex-vice de finanças Pedro Affatato, o ex-vice de futebol Carlos Pellegrini e o ex-vice de patrimônio Emídio Ferreira também foram denunciados. A lista de denunciados ainda contempla responsáveis por empresas que forneceram notas, empresários de futebol e parentes do ex-presidente. Ao todo são 14 denunciados.
A peça agora tramitará na 17ª Vara Criminal de Porto Alegre.
No futebol, os desvios eram cobertos por notas frias e aconteciam em diversas formas, desde a negociação de jogadores até mesmo saques.
"No futebol, o que acontecia... Muito claramente existia um dirigente que se aproveitando dessa condição acertava com empresários a inclusão de cláusulas ou majorando alguns valores para depois esses mesmos valores voltassem para ele. Foi considerado estelionato. Em alguns casos, a forma como esse valor voltou ao dirigente, se utilizando de contas de empresas até de sucata em São Paulo, essa dissimulação caracteriza lavagem de dinheiro. Os crimes imputados aos empresários e ao dirigente são estelionato e lavagem de dinheiro", explicou.
Os valores, posteriormente, eram cobertos por notas fiscais das mais diversas origens, desde trabalhos realizados por um Pai de Santo, até jantares e eventos.
"Chegou um determinado momento que o dirigente responsável pela área financeira solicitou a empresários que eles emitissem notas fiscais para amparar despesas que não podiam ser citadas no clube. Como Pai de Santo e jantares em Buenos Aires. Foi fornecida nota, se acostumaram com a ideia e viram que era campo fértil e vieram mais cento e tantas notas. O valor era sacado e as notas vinham depois. Sem nenhum critério. Se fosse sacado R$ 100 mil, as notas poderiam ser de valores superiores ou inferiores. Os valores entravam para empresas, os empresários", contou.
Foram mais de dois anos de investigação até a conclusão dos fatos. Segundo o Ministério Público, o "estrago financeiro" custou R$ 13 milhões aos cofres do clube. Agora, cabe ao Internacional entrar com processo para recuperação de valores.
"Ontem liguei ao presidente do Internacional, cabe ao próprio clube buscar o ressarcimento dos valores. Evidentemente que o prejuízo à estrutura do futebol, à estrutura politica, é algo que foge da nossa analise, da nossa opinião", disse Dornelles.
Os ex-vices de administração e jurídico, Alexandre Limeira, e Marcelo Castro, não foram denunciados neste momento e o processo seguirá em andamento. Todos eles já foram punidos no clube e expulsos do Conselho Deliberativo.
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