Vitória do Fluminense fortalece Marcão e esfria planos de Celso Barros
Uma vitória imponente. Para além dos três pontos conquistados fora de casa que tiraram a equipe da zona de rebaixamento, o resultado de 2 a 0 sobre o São Paulo no Morumbi (SP) ontem (7) deu força para o técnico Marcão no comando do Fluminense e esfriou os planos do vice-presidente geral, Celso Barros, de mudar, novamente, o comando do time.
O desejo de troca do dirigente causou bastante mal-estar nas Laranjeiras, tanto entre os jogadores quanto na diretoria. Presidente do clube, Mário Bittencourt bancou a permanência do ídolo e resolveu afastar Barros das viagens da delegação para São Paulo (ontem) e Porto Alegre (onde neste domingo o Tricolor vai enfrentar o Internacional).
Sempre sereno, Marcão preferiu não alimentar a polêmica com o vice-presidente e simplesmente disse que tratou de treinar a equipe nestes dias, para jogos complicados fora de casa.
"A gente acompanha o futebol brasileiro há muitos anos e sabemos que estamos expostos ao resultado. Quando não acontece como imaginam, cria-se muitas especulações. Nesse caso, procurei ficar à parte e treinar minha equipe. E deixar o nosso presidente (Mário), junto do nosso vice (Celso), se resolverem. Sempre para o melhor para o Fluminense. Estou aqui sempre em busca do melhor para o nosso clube e para o nosso torcedor".
Rusga já tem ocorrido há algum tempo
A informação do afastamento de Celso foi primeiro veiculada pelo "Globo Esporte", que entrevistou o ex-presidente da Unimed na noite de segunda-feira (4). As declarações do dirigente caíram como uma bomba no clube.
A diretoria age para isolar o vice do departamento de futebol. Celso Barros ocupa um cargo eleito pelos sócios até 2022. Portanto, só deixa o clube se renunciar. O estatuto, entretanto, não indica obrigatoriedade de participação do vice-presidente geral no futebol, ainda que o esporte seja a atividade-fim da associação. Este foi um arranjo feito por Mario para convencer o médico e empresário a seguir em aliança para as eleições.
Agora, o panorama é outro: Mario e seus apoiadores diretos desejam alijar Celso das decisões majoritárias do futebol. Para isso, não descartam nem a recriação da vice-presidência de futebol, indicando outra pessoa para o cargo e praticamente impedindo o dirigente de se manter próximo ao campo. O elenco não é partidário do dirigente, assim como a relação entre ele e o presidente não é boa. Sem muitas saídas, o clube tenta tornar Celso Barros uma figura sem poder de decisão sobre o time.
Se dizia não ter interesses políticos no auge da parceria entre Unimed e Fluminense, o dirigente mudou de ideia com o fim do patrocínio, que foi de 1999 até 2014. De lá para cá, Celso tentou ser presidente do clube em 2016 e se alinhou ao lado de Mario para a eleição antecipada de 2019. O que o médico e empresário sempre desejou com isso, entretanto, era voltar a viver o mundo do futebol.
Apesar de não ter base tão forte de apoio em Laranjeiras, no clube social, o dirigente carregava boas parcelas de votos e grupos políticos, o que interessou a Mario e Ricardo Tenório. Eles formavam um "triunvirato" de oposição antes da saída do último, que enfrentou e foi derrotado pela dupla no pleito de julho.
Mario Bittencourt e Celso Barros jamais foram, de fato, aliados políticos no Flu. Enquanto vice de futebol, o atual presidente não era dos mais próximos de Celso, mas o desejo de ambos em chegar ao poder os uniram. Agora, Mario, que detém maior poder político, não anda mais tolerando a verborragia e as opiniões fortes de seu vice. A tendência é de cisão, já que o racha pode inviabilizar a vontade do ex-presidente da Unimed. O isolamento, em último caso, pode fazê-lo renunciar.
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