Sem ingresso, cariocas vão de carro a Lima e tentam "jeito" por final

Amigos há mais de 30 anos, cinco torcedores do Flamengo embarcaram, no começo da tarde da última segunda-feira (18), para aquela que, segundo eles, será a maior aventura do grupo até aqui: ir de carro do Rio de Janeiro até Lima, no Peru, para acompanhar a final da Libertadores, contra o River Plate, da Argentina.

Leandro Teixeira, Cesar Peçanha, Cadu Guimarães, Celso Berini e João Carlos deixaram as respectivas residências ainda pela manhã, fizeram compras no mercado, abasteceram o carro e partiram. Com revezamento ao volante, eles pretendem dirigir por cerca de 20 horas por dia e a ideia é parar apenas quando estritamente necessário. Objetivo é estar em Lima já na tarde de sexta-feira (22), véspera da decisão.

Relacionadas

Órgãos de segurança esfriam Aero Fla e time embarca sem contato com torcida

Torcedor do Flamengo 'dribla' deportação para ver final da Libertadores

Arão vê semelhanças entre Jesus e Tite, e explica ressurreição no Flamengo

De acordo com o planejamento do grupo, a jornada terá cerca de 5,6 mil quilômetros, passando por Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, até atravessar a fronteira para o Peru e ir até a Lima, pela Estrada do Pacífico.

"Particularmente, não gosto de comprar passagem com antecedência. Sou meio supersticioso e futebol não tem essa de time estar bem, né? Então, quando ganhamos do Grêmio, começamos a esquematizar a ida para o Chile. A princípio, íamos em dois carros, mas como mudou para o Peru, faltou verba para dois carros e estamos indo em um", disse Leandro, idealizador da viagem, que completou:

"Conseguimos juntar o dinheiro para pedágio e combustível. Vamos nos revezando e a ideia é só parar quando não tiver jeito e o cansaço bater mesmo. Queremos fazer de 1,5 mil a 2 mil quilômetros por dia".

Dos cinco rubro-negros, apenas Cesar e Celso ainda não têm ingressos para a decisão. No decorrer do caminho, aproveitam os momentos em que há sinal de internet no celular para tentar garantir as entradas. Caso não tenham sucesso, "vão tentar um jeito em Lima".

Na mala do carro, além dos mantimentos, uma mochila de cada um do grupo com algumas poucas peças de roupas e, claro, camisas do Flamengo.

"Esse é um momento histórico, não podíamos deixar passar. São 38 anos! Então, vamos fazer essa aventura, mas é uma aventura boa. Se Deus quiser, vai dar tudo certo. Já fizemos algumas viagens, temos tempo suficiente de estrada, mas como essa... Acho que não tem. Estamos atravessando do Oceano Atlântico para o [Oceano] Pacífico", disse, aos risos.

Uma das viagens mais emblemáticas para o grupo também teve um time argentino envolvido. De ônibus, primeiramente, os rubro-negros foram a Porto Alegre ver o duelo com o Internacional, que aconteceu no dia 8 de outubro de 1989, pelo Campeonato Brasileiro, e terminou empatado sem gols.

Depois, partiram rumo a Buenos Aires para o confronto contra o Argentino Juniors, que aconteceu dois dias depois, pela Supercopa Libertadores. Nando abriu o placar para a equipe brasileira, mas Airez e Vidal González viraram para o time da casa.

Anos se passaram deste então e, dentre tantas idas e vindas na estrada para ver o Flamengo, histórias para contar não faltam. Desta vez, os amigos querem que a ventura não fique marcada apenas pelo longo trajeto, mas também pretendem voltar com a segunda Libertadores da história do Rubro-Negro na bagagem.