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Apesar de 11 jogos invicto, Cruzeiro acumula deficiências contra a degola

Cruzeiro só perdeu uma vez com Abel, mas ainda apresenta muitas deficiências na caminhada contra o rebaixamento - Bruno Haddad/Cruzeiro
Cruzeiro só perdeu uma vez com Abel, mas ainda apresenta muitas deficiências na caminhada contra o rebaixamento Imagem: Bruno Haddad/Cruzeiro

Enrico Bruno

Do UOL, em Belo Horizonte

20/11/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Cruzeiro tem a segunda melhor sequência invicta do Brasileiro e está há 11 jogos sem perder
  • Por trás da invencibilidade, equipe comete os mesmos erros desde a chegada de Abel
  • Medalhões estão em baixa e setor ofensivo apresenta um futebol pobre na criação das jogadas
  • Time sofre com a falta de fôlego no segundo tempo e pouca evolução a cada jogo

O Cruzeiro vive dois cenários opostos na temporada. Por um lado, é um time que já está há onze jogos sem ser derrotado, dono da segunda maior invencibilidade neste momento do Brasileirão (atrás somente do Flamengo) Do outro, no entanto, não ganha com frequência e já bateu o seu recorde de empates na história dos pontos corridos (15)

A situação do clube ainda é um pouco mais delicada porque a equipe de Abel Braga não consegue se livrar de alguns problemas desde a chegada do treinador e que ajudam a explicar como a equipe segue muito perto da zona de rebaixamento à Série B.

Apesar de cada ponto ter seu valor, há tempos o time não tem poder de fogo para superar um adversário e ter uma vitória convincente. As recentes exceções vieram nos triunfos contra São Paulo e Corinthians, mas sempre acompanhadas de doses de sofrimento. Parte dessa queda de produção se passa por fracas atuações de jogadores tarimbados.

Thiago Neves puxa a fila, mas não é o único que anda devendo. O meia perdeu espaço com Rogério Ceni e recuperou a titularidade com Abel Braga, mas segue jogando mal. A principal mudança no meia é que antes o camisa 10 respondia bem às críticas, mas agora não tem conseguido mostrar o mesmo poder de decisão que já teve, virando um dos principais alvos da torcida. Ao lado dele, Fred, Marquinhos Gabriel, Robinho e Egídio, todos com passagem constante pelo time, também não estão rendendo.

Thiago Neves e Robinho - Pedro Vale/AGIF - Pedro Vale/AGIF
Imagem: Pedro Vale/AGIF

Muito por causa da alta idade dos atletas mencionados, o Cruzeiro continua esbarrando na falta de fôlego, principalmente no segundo tempo. É notável e recorrente a queda de ritmo que a equipe apresenta na segunda metade das partidas. Se o placar não está favorável, como tem acontecido, o cansaço ganha companhia do nervosismo para marcar o gol, gerando novas jogadas precipitadas, mal executadas ou sequer concluídas.

Quando jogadores mais jovens ou com características de velocidade entram em campo, o time até esboça melhora, mas para em outro problema que independe da faixa etária: a falta de repertório no campo ofensivo. Contra o Avaí, na última segunda-feira (18), chamou atenção a jogada aérea celeste, utilizada praticamente como única alternativa para atacar. Foram mais de 50 cruzamentos na área e quase 20 escanteios, números totalmente opostos às três finalizações ao gol que realizou. Para não ficar somente no jogo contra os catarinenses, somados os últimos jogos contra Atlético-MG e Athletico Paranaense (ambos em 0 a 0), o Cruzeiro só criou duas grandes chances.

Na defesa, os jovens Cacá e Fabrício Bruno fizeram a torcida esquecer as lesões de Dedé e de Léo, que só voltou recentemente aos gramados. Apesar da pouca idade, a atual dupla de zaga vem dando conta do recado e até diminui os números de gols sofridos, o que explica os poucos gols levados com Abel Braga.

No meio, o também garoto Éderson ganhou oportunidades após a saída de volantes mais veteranos e despontou como grata surpresa. Só que o mesmo não pode ser dito no ataque, onde poucos jogadores estão tendo a chance de mostrar serviço. Insatisfeita com o desempenho dos mais velhos e até com o jovem David, a torcida passou a pedir nomes como Joel e Ezequiel na tentativa de ver algo novo em campo.

Além disso, outro lembrado é o meia Mauricio. No início de setembro, o jogador de 18 anos foi responsável pelo alívio no Mineirão, marcando o gol da vitória contra o Vasco. Depois daquela boa atuação, no entanto, Mauricio entrou em poucos jogos e só participou de três dos 12 jogos seguintes, todos saindo do banco de reservas.

Por último, o mais recente problema apresentado no Cruzeiro é a falta de evolução. Como os treinamentos são fechados, não é possível saber como a equipe está treinando e como os jogadores estão se saindo. Mas o tempo para se dedicar inteiramente ao Brasileirão parece não estar sendo suficiente para Abel.

Há duas rodadas, o clássico contra o Atlético foi considerado um dos mais fracos tecnicamente dos últimos anos. Depois daquele jogo, o Cruzeiro teve mais de uma semana para treinar, mas voltou a apresentar um futebol pragmático e bastante previsível contra o Avaí, sem dar sinais de evolução.

Ainda próximo do Z-4, todas essas deficiências podem ser cruciais para definir o futuro celeste no Brasileirão. Neste momento, nada é mais importante que os três pontos. Mas se quiser tirar a corda do pescoço, o Cruzeiro não pode se dar ao luxo de se contentar com uma invencibilidade cheia de empates, já que tem apenas 36 pontos, um a mais que o Fluminense - ocupa a 17ª posição e figura na zona de rebaixamento -, e precisa vencer urgentemente para escapar da Série B.

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