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Carioca - 2019

Súmula não confirma injúria racial a goleiro e Vasco pode pedir retratação

Hugo Souza, goleiro do Flamengo, durante premiação da final da Taça Rio Sub-20 - Marcelo Cortes/Flamengo
Hugo Souza, goleiro do Flamengo, durante premiação da final da Taça Rio Sub-20 Imagem: Marcelo Cortes/Flamengo

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/11/2019 15h03

Na última quarta-feira, o goleiro Hugo Souza, do time sub-20 do Flamengo, acusou torcedores do Vasco da Gama de terem praticado injúrias raciais contra ele durante a final do Campeonato Carioca da categoria. Um vascaíno se identificou, admitiu ter gritado para o rival, mas sem nenhuma ofensa racista. A arbitragem registrou a reclamação do flamenguista, mas também diz não ter identificado nenhum ataque racista.

A súmula da partida foi divulgada hoje (22) e diz: "Aos 90+5 minutos de jogo, fui informado pelo jogador nº 01 Sr. Hugo de Souza Nogueira, da equipe do Flamengo, que torcedores não identificados que estavam na social da equipe do Vasco da Gama proferiram as seguintes palavras: 'Seu macaco'. Após o fato, observei nenhuma injúria racial e dei prosseguimento ao jogo".

O torcedor que admitiu ter gritado para Hugo foi Janilton Nascimento. Ele alega que berrou "seu bacaca", e não "seu macaco". Outros vascaínos que disseram estar na social de São Januário, inclusive o fotógrafo do clube, endossaram o discurso de que nenhuma injúria racial foi praticada. Por isso, o Vasco agora estuda medidas contra o goleiro do Flamengo.

Há pessoas ligadas à diretoria que sugerem o envio de uma notificação extrajudicial para que Hugo se retrate. Esse mesmo grupo sugere que, em caso de negativa do arqueiro, uma ação judicial por calúnia seja movida. Os dirigentes do Vasco ainda não se pronunciaram sobre desdobramentos do tema.

Por enquanto, o Cruz-maltino enviou apenas um comunicado:

"Ao fim da partida desta quarta-feira (20/11) entre Vasco e Flamengo, pela decisão do Campeonato Carioca Sub-20, o jogador rubro-negro Hugo afirmou ter sido vítima de insulto racista por parte de um torcedor, segundo ele, localizado nas Sociais de São Januário. No entanto, alguns pontos precisam ser ponderados em nome do devido esclarecimento dos fatos.

O atleta não conseguiu indicar, com precisão, de onde teria sido proferido o referido insulto e tampouco identificar seu suposto autor. A equipe de seguranças que trabalhou nas Sociais também não registrou qualquer episódio de insulto nos termos citados pelo jogador Hugo. Caso contrário, certamente teria agido, de imediato, para identificar o autor e adotar as medidas cabíveis.

Deve-se enfatizar também que, mesmo após o relato do atleta, o árbitro não paralisou a partida, conforme a recomendação diante de atos ou cantos discriminatórios, um indício de que ele próprio e seus auxiliares não verificaram qualquer caso conforme alegado pelo atleta.

É importante ressaltar, sobretudo, os inúmeros relatos nas mídias digitais de torcedores presentes nas Sociais negando ato ou grito de cunho racista contra o goleiro Hugo ou qualquer outro jogador.

Este é um tema extremamente caro ao Vasco. O pioneirismo no combate à intolerância racial é sabidamente motivo de orgulho para o Clube e sua torcida. O Vasco e sua história não toleram qualquer tipo de preconceito, seja de que natureza for. O Clube e seus torcedores não permitem a presença de racistas em seu convívio. Portanto, conhecendo-se o vascaíno, é impensável que qualquer pessoa proferisse um insulto racista nas dependências de São Januário sem que isso causasse revolta e fosse repudiado pelos próprios torcedores ao redor.

Dito isso, esperamos esclarecer de uma vez por todas que o Vasco e seus torcedores não compactuam com qualquer atitude deste tipo".