Sem custos ao Flu, projeto de reforma de Laranjeiras para 15 mil avança
A mudança de gestão no Fluminense não atrapalhou os planos de reforma do estádio das Laranjeiras. O grupo de torcedores formado para tentar revitalizar o centenário campo do Tricolor recebeu o aval do presidente Mario Bittencourt em reunião na última semana. O mandatário, entusiasta da intenção à época da eleição, fez uma análise prévia do projeto, que não prevê investimento do clube, e firmou novo termo de cooperação com o grupo Laranjeiras XXI.
A intenção é remodelar a estrutura retornando ao projeto original, de 1919, com arquibancada única. Após a cessão de uma das arquibancadas para a duplicação da Rua Pinheiro Machado na década de 1960, o estádio voltaria a ter lugares ao lado esquerdo das sociais, que serão preservados.
A arquibancada seria em lances diagonais, como na Vila Belmiro e em Los Larios. Laranjeiras seria revitalizada no formato de arena multiuso, para 15 mil pessoas. O espaço, segundo engenheiros, comportaria até mais gente, mas as adequações ao Estatuto do Torcedor tornariam a obra mais cara e demorada. O custo total da reforma está estimado em cerca de R$ 70 milhões. Órgãos como Prefeitura, Corpo de Bombeiros, CET-Rio, IPHAN e INEPAC já foram consultados em reuniões extraoficiais.
Duas empresas, de acordo com o grupo, estão interessadas em investir recursos no local. Uma delas é do ramo de eventos. Não há, hoje, na Zona Sul do Rio de Janeiro, nenhuma grande praça para shows e festivais. O restante do dinheiro viria da venda de cadeiras cativas e camarotes, além de permutas por exposição de marca no estádio e até naming rights. O projeto prevê a construção de uma megaloja, um museu e um setor sem cadeiras, atrás do gol virado para o clube social. A ideia é que toda a arena seja coberta.
Em estudo, o grupo estima uma quantidade de oito a 12 partidas por ano em Laranjeiras, e o estádio poderia gerar lucro de R$ 18,5 milhões por temporada, contando receitas de bilheteria, patrocínio, shows e aumento no programa de sócio-torcedor. O clube criou uma comissão mista formada por advogados, engenheiros e arquitetos, em sua maioria membros da diretoria.
O pai do presidente, Luiz Mario Bittencourt, engenheiro com especialização em revitalização de patrimônio histórico, está presente na comissão mista. Na semana que vem, ele terá uma reunião com outros engenheiros nas Laranjeiras.
"Tudo no Fluminense é politizado. Meu pai é um engenheiro civil de 70 anos. Mora em João Pessoa, mas disse que, quando eu fosse presidente, gostaria de ajudar o clube de alguma maneira. Nomeei nessa comissão, porque é algo que ele domina. Ele já participou da revitalização de alguns estádios do Brasil e, no final da carreira, se especializou em reconstrução de patrimônio histórico. Não recebe um centavo, assim como outros colaboradores dessa gestão. Não vi polêmica, mas não duvido que houve comentários mal-intencionados. Ele não tem nem cargo, é só uma comissão que qualquer um pode fazer parte, desde que tenha conhecimento para passar", declarou o presidente Mario Bittencourt, em coletiva.
Além dele, o tesoureiro do clube Douglas Branco ficará com o setor de Arenas, o arquiteto Leonardo Salata cuidará da parte de obras, o advogado Felipe Sisley estará com o jurídico, Paulo Todaro com a pasta de finanças e Marcelo Lutterbach, que já fazia parte da comissão desde a gestão Abad, segue junto no setor comercial e marketing. Nenhuma das funções geraram cargos, portanto, todos são abnegados, sem nenhum tipo de pagamento vindo do clube.
O grupo precisava de cerca de R$ 1 milhão para financiar o projeto de engenharia e o pedido de licenças. O estádio das Laranjeiras é tombado em níveis municipais, estaduais e federais. Cerca de 80% do valor já foi levantado, e a expectativa é que a conta feche ainda em 2019.
"Para que possa receber doações, é importante que o clube esteja de acordo. Quando vencemos a eleição, o grupo me procurou e perguntou o que eu achava. Me mostraram tecnicamente que o projeto não possui desembolso do clube. Necessitava do meu aval para esses investidores entrarem. Eu dei o aval e segui o modelo da gestão anterior: coloquei pessoas da gestão para ajudá-los", disse Mario.
Construído para servir a seleção brasileira e sediar o Sul-Americano de 1919, o estádio das Laranjeiras já teve capacidade para 25 mil pessoas e foi o maior da América Latina no começo do século. Até hoje é o campo onde a seleção brasileira mais conquistou títulos em sua história. Em seu campo, o Fluminense possui 69,5% de aproveitamento.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.