"Cheirinho" x "sem Mundial": rivalidade Flamengo x Palmeiras domina festa
Sempre que um clube grande conquista um título, as gozações aos rivais são inevitáveis. Foi o caso com a conquista da Libertadores pelo Flamengo no sábado, após a virada dramática diante do River Plate em Lima. Curiosamente, entretanto, os gritos dos jogadores do Flamengo, que também se sagraram campeões brasileiros ontem, praticamente não tiveram como alvo os rivais cariocas Vasco, Fluminense ou Botafogo. "Palmeiras não tem mundial" é o que dizia o coro que viralizou, puxado pelo artilheiro Gabigol.
"Cada um comemora do jeito que quer. Alguns têm grandeza de comemorar, outros nem tanto. Mas quem conquista merece aplauso, tem o direito de fazer do jeito que deve fazer. Por outro lado, acho que é um elogio ao Palmeiras. Na medida em que você vence tantos adversários e você dirige sua provocação especificamente para um, é porque você está vendo nesse clube um grande adversário. Isso foi o que o Palmeiras conquistou nos últimos anos, temos que trabalhar para manter", respondeu o treinador palmeirense Mano Menezes, depois de ver o tropeço de sua equipe dar o Brasileirão aos cariocas.
Fosse nas ruas de Lima, palco da final da Libertadores, no hotel que recebeu a primeira festa da delegação ou durante a comemoração com trio elétrico no Rio de Janeiro, a provocação dos rubro-negros era sempre direcionada aos alviverdes.
A troca de provocações é mais um capítulo em uma rivalidade que vem se exacerbando nos últimos anos. Detentores das maiores receitas do futebol brasileiro, Flamengo e Palmeiras se destacaram nos últimos três anos pela montagem de times repletos de grandes nomes e briga constante - muitas vezes entre si - por títulos nas competições nacionais. A disputa dentro de campo transpirou para a torcida, dirigentes e jogadores.
Poder financeiro e busca por protagonismo no cenário nacional
Palmeiras e Flamengo juntos somaram, em 2018, quase um quarto de todas as receitas do futebol brasileiro. Foram R$ 654 milhões do Palmeiras, e R$ 536 do Flamengo, segundo estudo do Itaú BBA. A liderança dos dois clubes já tinha acontecido em 2017, e acabou refletida dentro de campo.
O caldo da rivalidade começou a ferver em 2016. Ao embalar no Brasileirão, o Flamengo empolgou a torcida, que passou a acreditar e prever a conquista antecipadamente. O Palmeiras, entretanto, reagiu, e terminou a competição como campeão, com 80 pontos, contra 71 dos cariocas.
Depois de um hiato em 2017 com título do Corinthians, o alviverde voltou a vencer, somando 80 pontos. O vice-líder? Flamengo, com 72. Neste ano, finalmente, os papeis se inverteram: graças ao tropeço palmeirense de ontem diante do Grêmio, no Allianz Parque, o Rubro-negro se sagrou campeão brasileiro, levando a melhor em mais uma briga direta pelo título.
Se em títulos brasileiros o Palmeiras ainda leva a melhor nessa nova era de rivalidade, o Flamengo tem a conquista da Libertadores como trunfo. O rival paulista não conseguiu, desde 2016, chegar sequer a uma final.
"Cheirinho" de um lado, "não tem Mundial" do outro; zoeira contagiou torcida e atletas
Ainda em 2016, quando o Flamengo arrancava no Brasileirão, surgiu a expressão "cheirinho de hepta", utilizada por torcedores ao redor do país profetizando uma conquista rubro-negra. A profecia não se concretizou e, com o título do Palmeiras, o "cheirinho" virou meme e prato cheio para gozações aos flamenguistas.
No ano passado, quando o alviverde garantiu o título brasileiro, os jogadores tiraram onda em frente à loja oficial do Flamengo no aeroporto Santos Dumont. Retornando a São Paulo depois de bater o Vasco por 1 a 0, atletas palmeirenses colocaram a mão sobre o nariz, dando risada, em alusão ao "cheirinho" de 2016. Torcedores também entraram na brincadeira.
As conquistas do final de semana trouxeram a vingança flamenguista, com Gabigol puxando o coro de "Palmeiras não tem mundial". No Rio de Janeiro, torcedores rubro-negros também cantaram provocações aos adversários paulistas.
Disputa gera bate boca em torno de VAR e arbitragem entre dirigentes
Como é comum no futebol brasileiro, as brigas acirradas geram enxurradas de críticas à arbitragem e, agora, ao VAR. Dirigentes de ambos os lados acusaram erros, favorecimento e trocaram farpas publicamente após partidas. No último dia 29 de setembro, após um empate com o Inter no Beira Rio, o presidente do Palmeiras, Mauricio Galiotte, citou nominalmente o Flamengo.
"Em muitos lances, é só vocês fazerem um levantamento, o VAR não tem atuado em jogos do Flamengo, isso é fato. Ontem foi um exemplo. Tem o jogo do Internacional também no Maracanã. A gente vem a público pedir uma arbitragem que apite igual para todos", afirmou.
Cerca de 15 dias depois, o vice de futebol do Flamengo, Marcos Braz, rebateu pedindo providências à CBF pela "pressão". "Uma semana ou 15 dias atrás, o presidente do Palmeiras veio a público questionar a arbitragem com adjetivos pesados, questionando até a idoneidade da arbitragem. Isso passou, não teve punição nenhuma, CBF não se posicionou".
Não houve punição a ninguém. Com 13 pontos de diferença na tabela entre o campeão Flamengo e o Palmeiras, o debate sobre arbitragem acabou perdendo força.
Reação flamenguista causou demissão de Felipão afetou projeto do Palmeiras
Após perder duas edições disputadas do Brasileirão para o Palmeiras, o Flamengo reagiu em 2019 e impactou diretamente o projeto do rival. Uma acachapante vitória sobre o alviverde por 3 a 0 no começo de setembro causou a demissão do técnico Luiz Filipe Scolari. Ídolo palmeirense, Felipão tinha comandado a equipe no título de 2018 e deixou o cargo com 68% de aproveitamento.
Na medida em que o Flamengo se distanciou na tabela, se intensificaram as cobranças sobre o diretor de futebol palmeirense Alexandre Mattos e seu projeto. Contratações rubro-negras que deram resultado, como Bruno Henrique, viraram régua de torcedores para contestação de investimentos feitos pelo dirigente alviverde, como as chegadas de Felipe Pires e Carlos Eduardo.
Enquanto o Flamengo disputa o Mundial de clubes, entre os dias 11 e 21 de dezembro, o Palmeiras poderá sentar e traçar o planejamento para 2020. A partir de janeiro, será escrito mais um capítulo da rivalidade que mais cresceu no futebol brasileiro nos últimos quatro anos.
Bruno Henrique cutuca Vasco
Nos raros momentos de lembrança e provocação aos rivais do Rio, Bruno Henrique era o porta-voz. "O Flamengo está em outro patamar", repetia o atacante, lembrando da frase dita após o empate por 4 a 4 entre os times que rendeu polêmica. Mas foi só. O foco era a "briga" atual contra o Palmeiras
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