Inter sofre mais gols e marca menos, mas tem nova postura com Zé Ricardo

A mudança de treinador do Internacional já tem 47 dias. Odair Hellmann, demitido no início de outubro, deu lugar a Ricardo Colbachini e depois Zé Ricardo. E o que mudou no período? A postura é o ponto mais claro de alteração na equipe. Mas os números mostram queda em gols marcados e aumento nos sofridos.

Levando em conta apenas os jogos do Campeonato Brasileiro, o Inter tinha 29 gols marcados e 23 sofridos com Odair Hellmann. Média de 1,2 feito por jogo e 0,9 sofrido. Com Colbachini foram apenas três jogos, dois gols feitos, um sofrido, médias de 0,6 marcado e 0,3 sofrido. E como foi interino, não chega a ser relevante para análise.

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Mas Zé Ricardo é o responsável pelas principais mudanças esperadas na troca. Sob a bandeira de deixar o time mais ofensivo, ele mudou sistema, tenta implantar novas ideias e pretende ver o Inter atacando mais. No entanto, os números ainda mostram mais desencaixes do que ajustes. Com ele foram oito gols marcados em sete jogos, média de 1,1 por jogo. E dez sofridos, média de 1,4. Ou seja, cresceram as vezes que a defesa vaza, e caiu a efetividade.

"A troca de treinador foi porque precisávamos de um novo momento. Realmente temos tomado alguns gols, mas temos feito também. É uma avaliação do departamento técnico. Acreditamos que ao longo do tempo vamos melhorar e chegar bem ao fim da temporada", afirmou o diretor de futebol Adauri Silveira.

É nítido que Zé Ricardo está tentando, e conseguindo, mudar a cara do Inter. Antes preferencialmente defensivo, com linhas recuadas e um sistema de proteção sólido, agora o Colorado joga mais adiantado, procura povoar o campo rival e adianta vários jogadores ao setor de criação.

Do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1 foi um salto. Além disso, a marcação pressão no campo adversário, o adiantamento até mesmo da zaga e os laterais no ataque o tempo todo marcam este novo cenário.

"Vocês devem ter visto um time mais ofensivo, o Zé Ricardo tem batido muito na tecla da criatividade. Um time com mais leveza na frente, e isso tem acontecido. Só que precisamos encontrar o equilíbrio entre fazer os gols e não sofrer", disse Marcelo Lomba.

"Os resultados negativos tiraram a convicção no nosso modelo de jogo. Por isso veio a mudança, que agora está em adaptação. Queremos mais controle da bola, ajudar mais o ataque. Nossa zaga está muito mais adiantada para compactar o time e isso é muito bom. Mais precisamos estar muito mais atentos atrás, porque a exigência é muito grande. Temos melhorado", completou.

A falta de atenção, por exemplo, fez o Inter sofrer o segundo gol contra o Fortaleza, no domingo. Uendel "desistiu" da jogada acreditando que a bola sairia para lateral. O rival se aproveitou e acabou fazendo o lance do gol.

"O time assimilou a mudança. O trabalho do Zé é muito bom. Está nos dando confiança nas movimentações ofensivas, temos crescido, ficado mais com a bola. Atacar tem sido muito mais fácil. Mas a gente, dentro de campo, precisa entender que o time está mais para frente, tomar cuidado com o contra-ataque", explicou o goleiro.

Talvez a principal mudança proposta pelo comando ofensivamente é a utilização da linha defensiva adversária para criação de espaços. Antes o Inter baseava sua criação de oportunidades no pivô de Paolo Guerrero, com centrais e extremas esperando a bola no peruano para avançarem e ganharem espaço.

Agora, o Colorado coloca até cinco jogadores alinhados com o sistema defensivo rival e, ao invés de procurar a trama com o centroavante como "parede", utiliza o espaço para enfiadas em profundidade.

O Inter volta a campo amanhã (27) para enfrentar o Goiás, no Beira-Rio. O jogo da 35ª rodada do Brasileiro está marcado para as 19h30 (de Brasília).