Por que Gabigol não deu certo na Inter, que descarta atacante mesmo campeão
Ninguém no Brasil duvida da qualidade de Gabigol como atacante. Os títulos do Brasileirão e da Libertadores pelo Flamengo, acompanhados de 40 gols feitos na temporada, não deixam dúvidas. Mas lá na Europa não é bem assim. O jogador não se encaixou na Inter de Milão, com o qual ainda tem contrato, e mesmo recuperando o bom futebol nos dois anos longe da Itália, o clube não pensa em reintegrar o campeão por não se encaixar no esquema tático do time de Antonio Conte.
A Inter quer vender o jogador e aproveita a boa fase para lucrar. De acordo com o blog do PVC, o clube subiu o preço pedido por Gabigol após o título da Libertadores. Mas por que o atacante que brilha no Brasil não deu certo na Europa?
Adaptação e comportamento pesaram. Uma imagem pode explicar. Em 2017, sem chuteiras, Gabriel decide deixar o banco de reservas da Inter de Milão antes da vitória da equipe contra a Lazio acabar ao perceber que não entraria no jogo. De cabeça baixa, o atacante passa e a comissão técnica do clube italiano fica sem reação olhando para o jogador, que desce as escadas para o vestiário. O jogador se desculpou, mas nunca mais foi utilizado no time.
Aos 20 anos Gabriel foi vendido pelo Santos em 2016 à Inter por 28 milhões de euros (R$ 100,6 milhões na época) com status de artilheiro que deslancharia e se confirmaria como estrela. Essa expectativa, no entanto, ficou por conta dos brasileiros. Lá a realidade foi bem diferente o atacante sentiu, não se adaptou ao futebol italiano.
O jogador precisava se familiarizar com o futebol europeu e brigar por um lugar no time treinado na época pelo holandês Frank de Boer com quem não conseguiu ter boa relação. Questionado por que o brasileiro não jogava, o treinador foi sincero. "Ele tem ótimas qualidades. Ele precisa entender nossa filosofia, mas tem fundamentos excepcionais. Quando dribla, nunca olha para a bola, ele já limpa a situação ao seu redor", falou em 2016. Em outra ocasião, o técnico citou o comportamento fora de campo do atleta, que chegou a Milão com uma equipe de redes sociais e seguranças.
Até hoje Gabriel é assunto quando o treinador holandês fala. No último final de semana, em participação a um programa do canal Fox Sports da Holanda, Boer contou que o apelido de Gabigol na época da Inter era "Gabi-no-gol" (Gabi-não-gol). "Agora chamam ele de Gabigol. Conosco era chamado de Gabi-não-gol", comentou.
A frase dá o tom de como era a relação do jogador na Inter. Apesar do apelido, Gabriel teve pouca chance de fazer gols com Boer. A estreia aconteceu um mês depois da contratação, em setembro de 2016, quando saiu do banco de reservas e jogou por 16 minutos. Depois, o atacante só voltou a entrar em campo em dezembro daquele ano. Nos jogos anteriores, banco de reservas e amargos 2 meses sem jogar.
O incômodo de Gabriel por ficar fora do time começou a gerar especulações na imprensa italiana sobre o futuro do jogador. Menos de 6 meses após chegar à Itália, já se falava de sua saída para algum clube menor da Europa.
A troca de treinador deu fôlego a Gabriel no ano seguinte. Em 2017, principalmente com Stefano Pioli ele jogou mais, 10 vezes, mas só marcou um gol. Pioli saiu do clube em maio e o comportamento do atacante começou a incomodar, ficando insustentável naquela cena vista no jogo contra a Lazio. Antes, ele já tinha chutado uma garrafa ao ver que não seria aproveitado contra o Sampdoria, em abril daquele ano.
Não teve mais clima. O jogador ficou mais duas vezes no banco da Inter no segundo semestre de 2017, mas não jogou. Ele chegou a ser eleito o pior jogador estrangeiro do país naquele ano e deixou o clube rumo ao Benfica, por empréstimo até o final do "ano para Gabriel esquecer". A volta ao Brasil para recuperar a confiança e o prazer em jogar bola foi a solução para voltar a ser Gabigol.
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