Rubro-negro relata drama com patrocinadora do Flamengo e segue em Lima

A alegria de acompanhar a conquista da Libertadores no Estádio Monumental, no Peru, se transformou em apreensão e dúvida sobre a volta para casa para o rubro-negro Magno Lourenço, de 25 anos, um dos passageiros que estava no ônibus da Buser que foi deixado para trás na caravana Rio - Lima. A empresa prometeu passagem aérea àqueles que tivessem a disponibilidade de ficar por conta própria até sábado. Ele aceitou, mas está sem resposta desde domingo. A Buser, por outro lado, garante que vai cumprir com o que foi acordado.

Após toda a confusão no trajeto até a cidade onde aconteceu a decisão da competição sul-americana, quando o veículo foi abandonado na fronteira entre Brasil e Argentina e teve diversos problemas ao longo do caminho, a Buser foi procurada por alguns passageiros e ofereceu passagens de avião para a volta.

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Em conversa com Magno, por meio de um aplicativo de mensagens, a empresa afirmou que estava entrando em contato "caso a caso para tentar solucionar de alguma maneira". Além disso, avisava que "quem voltasse de avião se responsabilizaria pela hospedagem até dia 30, onde teriam disponibilidade de passagem aérea".

Ao UOL Esporte, Magno relatou que aceitou a proposta porque não queria repetir a experiência da ida, quando até sem água no banheiro o ônibus ficou, mas até hoje não teve um posicionamento da Buser sobre as passagens.

"Resolvi ficar aqui até dia 30. Não tinha condições de eu voltar mais cinco dias naquele ônibus. Foi caótico, uma situação desesperadora. Só fiquei por causa dessa mensagem. A questão é que essa mensagem foi no domingo de manhã, já é quarta-feira e nada deles se posicionarem. Estamos aqui gastando o dinheiro que não temos, pedindo favor... Hospedagem, estamos desenrolando; comida, nos virando do jeito que dá. Só confiamos na Buser porque era patrocinadora do Flamengo. Agora, estamos à mercê, largados em Lima, doido para voltar para casa", disse o rubro-negro, que completou:

"Eu não tenho passagem. Nem eu e nem alguns. Um conseguiu comprar a passagem para pedir o ressarcimento depois. Se eu tivesse um cartão com limite alto ou dinheiro, compraria. Mas não tenho. Preciso que eles me deem diretamente a passagem. Eles ainda não deram. Disseram que dariam para quem garantisse a hospedagem até dia 30, que é o que estou fazendo, mas não recebi resposta alguma ainda".

Para conseguir uma renda a mais neste período, Magno chegou a vender uma camisa do Flamengo.

"Estou com 40 e poucos soles [moeda peruana] até sábado. Tive de vender uma camisa do Flamengo. Vendi uma por 80 soles, que é equivalente a, mais ou menos, R$ 100. Vendi para poder me alimentar melhor aqui", conta.

Magno ressaltou que, caso a Buser tivesse afirmado que não haveria possibilidade de voltar de avião, ele teria embarcado no ônibus de volta:

"Nunca deixaria de embarcar no ônibus se me dissessem que não teria possibilidade alguma de passagem aérea. Teria embarcado logo, mesmo ficando cinco dias correndo risco de vida, mas iria. Fiquei porque disseram que quem tivesse hospedagem até dia 30, teria passagem. Por isso fiquei. A questão é que não respondem mais".

Em nota enviada ao UOL Esporte, a Buser garante que é "necessário seguir o fluxo de demanda operacional e que o ticket do torcedor será enviado antes da data estabelecida, neste caso, dia 30 de novembro".

Pouco tempo depois que a empresa enviou a nota oficial ao UOL Esporte, Magno recebeu um "Termo de anuência e desistência", ao qual o UOL Esporte teve acesso.

No documento, a Buser admite que o ônibus em que o rubro-negro estava se atrasou em relação aos outros veículos presentes à caravana, mas afirma que o "atraso é tanto normal para deslocamentos desse porte".

Além disso, garante que "o Anuente vem fazendo declarações públicas à imprensa e por meio de mídias sociais pessoais que visam a causar danos reputacionais à Buser, e que não refletem adequadamente os esforços da transportadora parceira e da Buser" e que "o Anuente exige, como contrapartida da cessação da conduta, que a Buser forneça o custeio de seu deslocamento de volta para o Rio de Janeiro por via aérea, o que não se encontrava incluído nos termos contratados e devidamente acordados previamente".

Desta forma, a empresa afirmou que Magno exigiu da empresa a passagem aérea para que não divulgasse o caso. Vale lembrar, porém, como apurado, que a própria Buser ofereceu a passagem aérea aos passageiros que estiveram no ônibus que havia sido abandonado e fez um acordo com Magno no domingo, dia seguinte à final da Libertadores.

Havia ainda uma busca por um acordo para a emissão da passagem aérea diante de alguns pontos. Dentre eles, que Magno não pudesse mais falar sobre o ocorrido, tendo a possibilidade de ser multado em até R$ 50 mil, e que não pudesse fazer qualquer reclamação judicial. Tais pontos ficaram explícitos na "Cláusula 2ª e 3ª, publicadas na íntegra a seguir.

"Cláusula 2ª - O Anuente se compromete a cessar quaisquer condutas, incluindo mas não limitado a manifestações públicas por meio da imprensa ou de suas mídias sociais, cujo intuito ou resultado seja o de comprometer a reputação ou a imagem da Buser, de seus funcionários e prepostos, ou de quaisquer de suas transportadoras parceiras, sob pena do pagamento de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) por instância de descumprimento.

Cláusula 3ª - O Anuente desiste, igualmente, de quaisquer reclamações ou processos judiciais, reconhecendo a liberalidade praticada pela Buser como suficiente reparação a quaisquer percepções de dano ou inconveniência, sob pena de responsabilizar-se pelo pagamento de todas as custas e honorários judiciais incorridos pela Buser.

Cláusula 4ª - O Anuente se compromete a manter sob sigilo o presente Termo de Anuência e Desistência, sobre o qual se absterá de fazer quaisquer divulgações, sob pena do pagamento de multa de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais)."

Posteriormente, Magno recebeu mensagens da empresa dando conta de que a "equipe jurídica estava revendo sobre o termo" e que, em breve, enviaria o documento revisado. Houve ainda a garantia de que as passagens já haviam sido compradas. Diante da situação, a família de Magno criou um grupo para começar uma vaquinha e poder custear a passagem de volta.

Veja a nota da Buser na íntegra:

"A Buser informa que são inverídicas as informações do não cumprimento de suporte ao torcedor que ainda se encontra em Lima, no Peru. A plataforma explica que é necessário seguir o fluxo de demanda operacional e que o ticket do torcedor será enviado antes da data estabelecida, neste caso, dia 30 de novembro.

A Buser afirma ainda que a comunicação da plataforma com o torcedor segue sem anormalidades e que qualquer dúvida, o mesmo poderá entrar em contato.

Buser Brasil"

Na manhã desta quinta-feira (28), a Buser voltou a entrar em contato com o UOL Esporte e enviou um novo comunicado. Nele, a empresa garante que "tem prestado suporte a todos os torcedores que tiveram problemas em Lima e ainda não conseguiram embarcar de volta para o Brasil" e afirma que "alguns torcedores que seguem postando informações inverídicas em suas redes sociais sobre a falta de suporte da plataforma, para forçar uma negociação sem precisar seguir as vias legais".

Veja, na íntegra, o novo posicionamento enviado pela Buser:

"Posicionamento Buser

A Buser informa que tem prestado suporte a todos os torcedores que tiveram problemas em Lima e ainda não conseguiram embarcar de volta para o Brasil. A plataforma ressalta que segue cumprindo com o combinado de custear a passagem aérea de retorno ao país até dia 30/11, o que não agradou alguns torcedores que seguem postando informações inverídicas em suas redes sociais sobre a falta de suporte da plataforma, para forçar uma negociação sem precisar seguir as vias legais com assinatura de documento de ambas as partes.

A plataforma ressalta que não adotará tal medida e que segue no aguardo da decisão final dos torcedores. Além disso, explica que o planejamento de volta dos passageiros encontra-se dentro do prazo da viagem estipulado desde o início da divulgação das ações promocionais.

A empresa esclarece também que não irá expor qualquer registro de conversa, áudio, ou documentações que comprovam a total realidade dos fatos por escolher manter o seu propósito que é estar 100% ao lado do cliente, respeitando acima de tudo cada brasileiro.

Buser Brasil"