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OPINIÃO

Blogueiros: Fla tem chance de expansão internacional mal feita no Brasil

Thiago Ribeiro/AGIF
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Do UOL, em Santos (SP)

29/11/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Flamengo sabe aproveitar o potencial que tem para expandir sua marca?
  • O que o clube carioca pode fazer para que isso seja melhorado?
  • Marcel Rizzo: "Times têm um mercado nacional pouco explorado"
  • "Precisa voltar com frequência ao Mundial", analisa Perrone

Os títulos do Campeonato Brasileiro e, especialmente da Copa Libertadores em cima do River Plate, dão ao Flamengo a oportunidade de expandir ainda mais a sua marca fora do Brasil. Em evidência no país e com um técnico do futebol europeu (Jorge Jesus) no comando, o clube carioca tem a chance de usar o bom momento para ampliar os horizontes.

Mas será que o Flamengo - e os clubes brasileiros em geral - expandem as suas marcas, internacionalmente, como poderiam? O que eles podem fazer para melhorar isso? Fizemos essas perguntas aos blogueiros do UOL Esporte. Veja o que eles disseram:

Você acha que os clubes brasileiros expandem suas marcas, internacionalmente, como poderiam?

ANDRÉ ROCHA

Não. E quando os grandes europeus iniciaram esse processo lá atrás, a crítica aqui era provinciana: "times são locais e devem alimentar a rivalidade em casa, não se internacionalizarem". Agora perderam terreno demais.

Leia o blog do André Rocha.

JUCA KFOURI

O trabalho de marketing fora do país é um zero à esquerda.

Leia o blog do Juca.

MARCEL RIZZO

Expandir a marca internacionalmente não é colocar camisa para vender em outlet em Orlando ou nas lojas do fornecedor de material esportivo em capitais da Europa. Você teria que criar uma legião de fãs em diversos mercados e esse é o problema: esses fãs, primeiro, se apegam a atletas. Aqueles que idolatram Ronaldo consumiam material do Real Madrid, o mesmo com aqueles que idolatram Messi consomem do Barcelona e por aí vai. Acho muito difícil qualquer clube brasileiro conseguir sucesso em ter sua marca valorizada lá fora já que as estrelas brasileiras saem tão cedo do país.

Leia o blog do Marcel Rizzo.

MAURO CEZAR

Não. E a CBF não deixa com seu calendário bizarro, apenas a seleção dela pode sair pelo mundo como representante do futebol brasileiro.

Leia o blog do Mauro Cezar.

MENON

Os clubes dos grandes centros deveriam privilegiar o mercado brasileiro. Norte e Nordeste. Fazer uma semana de pré-temporada em Recife e outra em Manaus, por exemplo. Incentivar torcidas locais, distribuir chaveiros, sortear camisas, criar "sucursais" do clube. Ter um mercado consumidor maior. Acho difícil repetir a estratégia em âmbito mundial. Talvez com pré-temporada na Ásia, como fazem times europeus.

Leia o blog do Menon.

PERRONE

Fazem pouco nesse sentido. Poderiam trabalhar melhor, principalmente na América do Sul, pois a aceitação nesse continente seria mais fácil. Atingir a Europa ou concorrer com os europeus no mundo inteiro é praticamente impossível. Para isso seria preciso ter um Brasileirão recheado de craques internacionais e times brasileiros jogando em pé de igualdade com as potências europeias.

Leia o blog do Perrone.

PVC

Não. Não expandem. Isso inclui América do Sul. Quando pensamos em marca internacional, pensamos em Estados Unidos e Europa. Isso também é muito importante, mas começa por cativar torcedores na América. Também Ásia. Isso passa por venda de direitos internacionais. O último processo de venda foi fracassado. Enquanto não houver transmissão de Brasileirão fora daqui, dentro das grades de TV, não vai haver expansão de marca.

Leia o blog do PVC.

RENATO MAURÍCIO PRADO

Não. O nosso desastroso calendário impede pré-temporadas e amistosos no exterior, fatores que poderiam ajudar muito em grandes mercados, como a China e os EUA.

Leia o blog do Renato Maurício Prado.

RODRIGO MATTOS

Não adianta trabalhar marca no exterior enquanto não tiver algum conteúdo de fato para vender, nem presença no exterior. Qual o grande jogador ou um grande atrativo de um time brasileiro para um torcedor na China? O que se produz no Brasil não é um produto atraente, ainda que exista mérito esportivo em determinados times. Para os clubes brasileiros tentarem ser marcas globais, primeiro, têm que melhorar o espetáculo e a organização dos campeonatos. Segundo, têm que viabilizar a venda global dos seus direitos. Foi dado um primeiro passo com a repercussão da final da Libertadores. Mas o Brasileiro, hoje, sequer tem direitos internacionais vendidos para exterior. Como vai se "vender" um clube cujos jogos não passam no país?

Leia o blog do Rodrigo Mattos.

O Flamengo pode fazer algo para melhorar isso?

ANDRÉ ROCHA

O Flamengo acabou divulgando a marca em Portugal ao contratar Jorge Jesus, mas o treinador importa mais para o povo de lá do que o clube. Talvez essa prática de contratar estrelas internacionais atraindo atenção desses países e, claro, vencendo a Libertadores mais vezes pode contribuir para a internacionalização. Principalmente pelo tamanho da torcida, que sempre impressionou o mundo.

JUCA KFOURI

O Flamengo deveria, mas teve Zico e não fez. Não acho que fará desta vez.

MARCEL RIZZO

Acho, pelo exposto na primeira pergunta, difícil. Mas os times brasileiros têm um mercado nacional pouco explorado e que renderia muito dinheiro, que é o Norte e o Nordeste. O Flamengo, por exemplo, é a maior torcida em boa parte dos Estados do Nordeste, quando se exclui as capitais (em alguns mesmo com as capitais). E é precário o acesso desses torcedores a produtos oficiais dos clubes, por exemplo. Por que não explorar esse mercado, levar o time e jogadores a esses locais? E serve para outros times também, que preferem ir para a Flórida em janeiro jogar para ninguém do que viajar pelo Brasil e cativar mais torcedores-consumidores.

MAURO CEZAR

Pode, cobrando de sua parceira Adidas maior exposição da camisa do clube em lojas pelo mundo, cobrando da CBF janela no calendário para amistosos na pré-temporada europeia, buscando por meio de profissionais qualificados a venda dos direitos de transmissão de seus jogos no exterior, como já ocorre com o Canal 11 de Portugal devido a Jorge Jesus, etc.

MENON

O Flamengo tem uma boa possibilidade agora, com o Mundial. O difícil é manter, ano a ano...

PERRONE

Pode: vencer o próximo Mundial de Clubes, de preferência batendo o Liverpool na final. Mas precisa voltar com frequência à competição e ter sempre jogadores que se destaquem também por suas seleções.

PVC

Trabalhar na união dos clubes, como líder do processo da liga ou da modernização do Campeonato Brasileiro como marca. A ação não pode ser individual. O lobo só é forte na alcateia.

RENATO MAURÍCIO PRADO

O Flamengo pode, sim, melhorar isso, com conquistas internacionais. Mas dificilmente conseguirá chegar próximo aos níveis europeus, por causa da pouca exposição de nossos campeonatos no exterior.

RODRIGO MATTOS

O Flamengo tem mais conteúdo a ser mostrado que o restante dos times brasileiros. Mas a expansão da marca Flamengo para além do Brasil depende do crescimento da Libertadores, e de participações em Mundiais. Nestas competições, o clube poderia ser visto como um time de futebol ofensivo, agradável como espetáculo e, portanto, que atraísse público. Porque jogadores de repercussão global o Flamengo não tem. Mas repito: de pouco isso adianta se o Brasileiro sequer tem jogos transmitidos no exterior porque seus direitos não foram vendidos. É inócuo levar time para excursão, camisa vendida em loja, se não há como fidelizar a pessoa de outro país.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL