Do apoio à confusão: como reagiu a torcida no dia mais triste do Cruzeiro
O Cruzeiro perdeu por 2 a 0 para o Palmeiras hoje (8), no Mineirão, e está rebaixado pela primeira vez do Campeonato Brasileiro da pior maneira possível. O dia mais triste da história de quase 100 anos da agremiação teve apoio do torcedor antes e durante quase todo o jogo, mas terminou com muita frustração, confusão e um jogo interrompido para não comprometer ainda mais a segurança de jogadores, torcedores e outros profissionais.
Presente no Mineirão, o UOL Esporte conta como foi o último capítulo da pior temporada da história do Cruzeiro.
Antes: Esquema especial e treinamentos
Dentro e fora de campo, um esquema especial de segurança foi montado pela Polícia Militar, que adotou práticas semelhantes às adotadas em dias de clássico contra o rival Atlético-MG. Nos arredores, houve isolamento em alguns pontos, principalmente para proporcionar uma chegada tranquila dos ônibus. Dentro do estádio, grades foram colocadas para separar e aumentar a distância entre torcedores das arquibancadas e camarotes em que ficam alguns dirigentes e conselheiros. Além disso, mais de três horas antes da partida, profissionais de segurança interna realizavam treinamentos para simular eventuais invasões de torcedores.
Torcida fez pedido inusitado aos palmeirenses
Temendo um rebaixamento inédito, torcedores do Cruzeiro apelaram até para os visitantes. Na chegada do Palmeiras, ex-cruzeirenses como Willian, Dudu e Ramires receberam pedidos para que aliviassem a barra dos mineiros. Marcos Rocha, ex-Galo, ouviu até para "guardar o rancor" e pegar leve com a Raposa. Pelo lado do Cruzeiro, foi só apoio, desde os arredores até o desembarque no Mineirão. O único momento de vaia antes de o jogo começar foi quando os telões do Mineirão mostraram vídeo que continha entrevista de Thiago Neves.
Organizada deslocada para setor oposto
Apesar da torcida única, a Polícia tomou providência para evitar novos confrontos entre torcedores organizados de Máfia Azul e Pavilhão Independente. Apesar de torcerem para o mesmo time, ambas protagonizaram brigas entre si neste e nos últimos anos. Por isso, membros da Pavilhão foram realocados no Mineirão. Grades e placas de ferro foram colocadas para isolar os torcedores, que ficaram do lado oposto à outra organizada. Mesmo assim, pouco depois do apito inicial, alguns organizados permaneceram do lado de fora e se confrontaram mais uma vez.
Durante: Cruzeiro mostra mais do mesmo
Com a bola rolando, o Cruzeiro não foi bem outra vez. Novamente com três volantes, o time sentiu falta de um armador e deixou seu torcedor desesperado a cada chance desperdiçada. Apesar do ataque veloz, prevaleceram os erros de passes, o nervosismo dos jogadores e até o azar em algumas jogadas. O melhor momento ocorreu só após os 38 minutos, quando o Mineirão explodiu por causa do gol do Botafogo sobre o Ceará.
No segundo tempo, o time seguiu tentando atacar mais na base da vontade do que na organização. Afobado, viu o Palmeiras colocá-lo na roda com sua troca de passes rápida e eficiente. A torcida, que até então apoiava, caiu no silêncio aos 12 minutos com o gol de Zé Rafael. Menos de dez minutos depois, parte dela optou por começar a deixar o estádio mais cedo, tomando um novo golpe duro ao saber do empate do Ceará. Com o passar do tempo, pontos de brigas começaram a ocorrer.
Depois: Mineirão vira um palco de guerra
Por volta dos 35 minutos do segundo tempo, bombas começaram a ser ouvidas no anel inferior e no superior do setor amarelo. Seguranças da própria Minas Arena ajudavam torcedores a migrar para outros setores e fugir do confronto entre a polícia e organizados que partiram para o combate. Dois minutos mais tarde, parte do público mal percebeu o gol de Dudu, o segundo gol do Palmeiras.
Os focos de brigas se espalharam para outros lugares do estádio. Das arquibancadas, cadeiras foram lançadas - algumas em direção ao campo, outras atingindo os próprios torcedores no anel inferior, que pediam para interromper os arremessos ao mesmo tempo que tentavam desesperadamente deixar o estádio.
Por volta das 18h, o telão do Mineirão exibiu pedido da Polícia para que os torcedores presentes deixassem o estádio. Mas a situação fora dele também não era nada boa. As brigas continuaram tanto na esplanada quanto nas ruas, com bastante correria dos brigões, mas também de homens, mulheres e crianças que se dividiam entre a necessidade de se proteger e a vontade de ir embora. Junto com os carros que deixavam o estádio, várias ambulâncias dividiam as ruas para atender os inúmeros torcedores feridos.
Na saída do ônibus do Cruzeiro, houve tentativa de invasão, com torcedores forçando o portão. Grades de isolamento foram para o chão, e a polícia agiu com balas de borracha para dispersar os torcedores.
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