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Problemas de gestão e queda tornam ano o pior da história do Cruzeiro

Enrico Bruno

Do UOL, em Belo Horizonte

08/12/2019 18h33

Às vésperas do centenário, que será comemorado em 2021, o Cruzeiro vai amargar a disputa de uma Série B no ano anterior às comemorações. A temporada 2019 ficará marcada como a pior já registrada na história celeste, repleta de escândalos fora dos campos e que agora ganham a companhia de um inédito rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

O ano começou para lá de otimista. Depois de ver a equipe conquistar o hexacampeonato da Copa do Brasil em 2018, Wagner Pires e Itair, Machado não pouparam esforços para aumentar ainda mais os gastos e garantir que o Cruzeiro seria pelo menos um dos favoritos a qualquer torneio que disputasse no ano. No início, a expectativa se confirmou com o título mineiro e um passeio na fase de grupos da Libertadores. A história começou a mudar a partir de maio.

Wagner Pires e Zezé Perrella, do Cruzeiro - Bruno Haddad/Cruzeiro - Bruno Haddad/Cruzeiro
Imagem: Bruno Haddad/Cruzeiro

A crise começou a partir das denúncias graves de corrupção e práticas irregulares na administração do clube. Isso deu início a uma série de manifestações da torcida e dividu dirigentes e conselheiros da situação e oposição. Não demorou para os problemas dos bastidores respingarem dentro de campo.

Enquanto membros importantes da diretoria tentavam blindar o clube das notícias negativas, jogadores conseguiam até certo ponto separar a conturbada situação nos bastidores do campo. Isso só deu certo até a presença nas competições de mata-mata. Após as eliminações em Copa do Brasil e Libertadores, o que se viu foi um time em queda livre no Brasileirão. Somado a isso, gastos exorbitantes, dívidas crescentes e salários atrasados geraram um rombo na parte financeira.

De maio até dezembro, quatro comandantes passaram pelo Cruzeiro, repetindo o ano de 2011, quando o clube também lutou contra o descenso até a última rodada. Desta vez, Mano Menezes, Rogério Ceni, Abel Braga e Adilson Batista colecionaram números distintos, mas viram a mesma postura dos seus comandados: a de um time abatido, com boas peças no papel, mas que já não tinha mais cabeça para lidar com os maus resultados e parecia apenas esperar pelo pior.

A tentativa de reação veio, mas chegou tarde. Pelo menos na teoria, dirigentes investigados deixaram o clube, e novas tentativas foram feitas para reatar o casamento entre jogadores e dirigentes. Na prática, o Cruzeiro parecia seguir à risca uma receita para ser despromovido da elite nacional. Em todo o campeonato, o time teve oito oportunidades de sair da zona de rebaixamento dependendo apenas do seu próprio resultado, mas só aproveitou três delas.

A última tentativa aconteceu contra o Grêmio, mas a derrota no Sul caiu como no indício de queda para o time que já estava moralmente rebaixado. Contra o Palmeiras, um último suspiro foi dado, e o time já dependia do destino para saber seu futuro. Agora, uma nova realidade espera a equipe, devastada financeiramente e com necessidade de fazer uma reformulação geral para pelo menos evitar que o cenário de 2019 se repita.

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