De mais desejado a temido: o que mudou na imagem do Palmeiras no mercado?
Há um ano, o Palmeiras era cotado no Brasil como o clube mais desejado para se trabalhar. Sua diretoria reclamava, inclusive, de seu nome ser usado por empresários no mercado da bola como forma de promover jogadores e dirigentes em busca de uma valorização. Hoje, o clube sofre para conseguir acertar com um diretor de futebol. Anderson Barros, do Botafogo, é agora o mais cotado, mas ele foi apenas a quarta opção na lista. O que mudou?
Um dos motivos é a saúde financeira não ser a mesma de outrora. Embora ainda seja um dos que têm o maior poder aquisitivo do país, há dificuldades que apareceram nesta temporada. Foi, inclusive, um dos fatores que fizeram Rodrigo Caetano hesitar em trocar o Internacional pela equipe paulista. Diego Cerri, do Bahia, e Thiago Scuro, do Red Bull Bragantino, também preferiram ficar em seus clubes.
Apesar do maior patrocínio da América Latina com a Crefisa e da briga travada com a Globo por melhores condições no contrato da TV, o time paulista perdeu poder de investimento nesta temporada por conta da queda na arrecadação de ingressos, no número de sócios-torcedores e pelas eliminações antes do esperado em competições como a Copa do Brasil e a Libertadores.
Algumas dívidas de gestões antigas foram quitadas, levando o déficit acumulado até setembro a cerca de R$ 40 milhões. Os números tendem a piorar até o final do ano, ainda mais levando em conta débitos como a multa rescisória de R$ 3 milhões para a demissão de Alexandre Mattos.
Não à toa, o Alviverde até renegociou o pagamento de luvas de alguns atletas. O desembolso que seria feito nesta temporada será quitado apenas no ano que vem. Para poder agir no mercado como protagonista, o clube precisaria começar a vender alguns de seus jogadores para fazer caixa.
Outro aspecto é o da pressão considerada exagerada de seus torcedores. Felipão, Alexandre Mattos, Maurício Galiotte e Paulo Buosi (primeiro vice) foram alvos de protestos, alguns mais incisivos. No caso de Mattos, a organizada chegou a protestar diante de sua casa do dirigente e até enviou flores em tom de ameaça para a sua mulher.
O clube apenas divulgou notas protocolares sobre os problemas de violência enfrentados. A Crefisa, patrocinadora da equipe, não se manifestou e manteve o patrocínio irrestrito à Mancha Verde, por meio de sua escola de samba.
Enquanto isso, jogadores começaram a viver o ambiente de incerteza. O ônibus da equipe foi alvo de pedradas no primeiro semestre. Bruno Henrique e sua família foram alvos de intimidações após o jogo contra o Athletico na Arena da Baixada, e outros atletas precisaram evitar aparecer em público e fecharam as suas redes sociais para comentários.
Entre executivos, a ideia de um comitê gestor, com vices e diretores dando ordens no futebol, também não foi bem aceita. Diretores questionam qual a capacidade dos escolhidos por Galiotte para palpitarem no departamento.
A demissão de diversos treinadores também é um motivo que mostra a instabilidade do clube. Sob a gestão de Galiotte, cinco nomes foram demitidos: Luiz Felipe Scolari, Mano Menezes, Roger Machado, Eduardo Baptista e Cuca.
Sem diretor e sem treinador, o Palmeiras sofre para conseguir colocar em prática o planejamento para 2020. Uma lista de dispensas está pronta, mas sem ninguém para encabeçar as ações. Os nomes indicados dependem do próximo técnico.
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