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Saviola sofreu pelo River, mas aposta em sucesso mundial de Jorge Jesus

Javier Saviola foi jogador do Benfica, sob o comando de Jorge Jesus, de 2009 a 2012 - Bruno Piers/AFP
Javier Saviola foi jogador do Benfica, sob o comando de Jorge Jesus, de 2009 a 2012 Imagem: Bruno Piers/AFP

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo

15/12/2019 12h00

Resumo da notícia

  • Javier Saviola está no Brasil para defender o Barcelona na Legends Cup
  • Argentino chegou ao Benfica em 2009 junto com o técnico Jorge Jesus
  • Já experiente na época, ele diz ter crescido muito com o técnico português
  • Saviola só não esperava sofrer tanto nas mãos de Jesus na final da Libertadores

A final da Copa Libertadores da América deste ano foi um trauma para quem torce pelo River Plate. Imagine para quem foi criado no clube e é amigo do técnico Marcelo Gallardo. É o caso de Javier Saviola, ex-atacante de Real Madrid e Barcelona, que só não sofreu mais porque resolveu se apoiar no sucesso de Jorge Jesus.

O argentino chegou ao Benfica em 2009 a pedido do técnico, que também acabava de ser contratado pela equipe de Lisboa. Saviola já era experiente naquela altura. Tinha disputado uma Copa do Mundo, 28 anos, mais de 70 gols pelo Barça e uma passagem insossa pelo Real Madrid. Ir para Portugal poderia ser a estagnação de uma carreira que começou promissora no River. Até aparecer o agora técnico do Flamengo.

"Ele é realmente um bom técnico. Precisamos entender isso. Eu melhorei muitíssimo com ele. O Porto dominava a Liga Portuguesa, e Jesus chegou para mudar isso com um plano novo de ter jogadores com técnica e que controlavam bem a bola. Ele tentou impor nosso jogo e assim foi. Tivemos David Luiz, Pablo Aimar, Ángel Di María, Ramires, Óscar Cardozo... Todos jogadores espetaculares que formaram um equipaço e que tiveram um treinador que nos fez enfrentar o time mais poderoso e ser campeão. Ele nos deu a confiança e a segurança para que fôssemos nós mesmos em campo. Até hoje os torcedores do Benfica não se esquecem desse timaço", disse.

Com Jesus, Saviola foi campeão português logo na primeira temporada — 2009/10 — e depois faturou mais três edições da Taça da Liga. Esse espírito ofensivo e vencedor agora dá as caras no Flamengo, que em cinco meses com o "Mister" já ganhou a Libertadores e o Campeonato Brasileiro. Para o ex-atacante, Jesus agora pode provar que o Rubro-Negro é uma força ainda maior no Mundial de Clubes.

Enzo Pérez é um dos ídolos do River Plate que perdeu a final da Libertadores para o Flamengo - Ernesto Benavides/AFP - Ernesto Benavides/AFP
Enzo Pérez e Bruno Henrique disputam lance na final da Libertadores entre River e Flamengo
Imagem: Ernesto Benavides/AFP

"A final foi dura de digerir para nós do River, porque sem dúvidas estivemos a muito pouco tempo de ganhar outra Libertadores, a segunda consecutiva. Mas enfrentamos a um equipaço, um técnico como Jorge Jesus. O River caiu contra uma revelação do continente, uma das melhores da América. E que agora vai tentar se coroar no futebol mundial", elogiou, falando sobre a aventura flamenguista no Qatar que começa na terça-feira (17), às 14h30, contra os sauditas do Al Hilal.

Saviola está no Brasil para disputar a Legends Cup, um torneio organizado pelo São Paulo para reunir lendas do passado. O argentino vai representar o Barcelona, que estreia contra o Borussia Dortmund. O Tricolor pega o Bayern de Munique na primeira rodada. Serão jogos de 50 minutos — dois tempos de 25 —, definindo os finalistas e quem briga pelo terceiro lugar. O evento começa às 14h de hoje (15) no Morumbi.

"É um orgulho muito grande representar o Barça. Vamos desfrutar muito jogando e é importante que as pessoas venham assistir aos jogos para nos dar esse carinho. Fico grato ao São Paulo por ter nos recebido tão bem", destacou Saviola, que ainda aproveitou para comparar a diferença do sucesso de treinadores brasileiros e argentinos no futebol europeu. Na visão do ex-atacante, por muito tempo seus compatriotas se preocuparam mais em estudar para a função, algo que só a nova geração de técnicos do Brasil está fazendo.

"Creio que esteja ligado à formação. Eu particularmente fiz um curso de treinador em Madri e me formei muito bem, com ótimos professores que me ensinaram muito. O mais importante para todos é se nutrir de conhecimentos desde que termina a carreira como jogador. Há técnicos bons no Brasil, jovens que agora estão se destacando. E potências como Brasil e Argentina precisam incentivar esses técnicos. O melhor da Argentina hoje é Marcelo Gallardo, por tudo o que vem fazendo. Não é casualidade que tenha ganhado tanto nos últimos cinco anos. É muita coisa bem feita. Ainda mais em um futebol tão competitivo como o sul-americano, com times fortes e que requer esforços grandes para viajar a outros países. Esse River marcou uma época com títulos, bons jogadores e finais", encerrou.