Tinga sobre racismo contra Taison: "Só de precisar discutir é ignorância"
Em novembro deste ano, o brasileiro Taison foi alvo de racismo em jogo do Shakhtar Donetsk contra o Dinamo de Kiev no Campeonato Ucraniano. A torcida do time adversário, mesmo fora de casa, começou a proferir ofensas racistas e deixou Taison e o ex-corintiano Dentinho revoltados. O jogo foi paralisado, a dupla chegou a chorar em campo e Taison mostrou o dedo do meio para os agressores nas arquibancadas. O gesto o fez ser expulso pela arbitragem, mas abriu espaço para que mais atletas se posicionassem contra o racismo. O ex-volante Tinga, que viu Taison crescer no Internacional e também passou por casos semelhantes no futebol, logo se solidarizou com a história.
"Todas as pessoas são individuais e reagem de formas diferentes por não serem iguais. Por ser amigo dele e ter respeito pela história dele e da família, fiquei muito chateado. Ele me mandou mensagem, conversei com ele e é um cara maduro. Para sair de onde saiu e chegar onde chegou, com certeza passou por outras coisas dessas. E chegou a hora de ele explodir, de uma maneira que fez muita gente parar para pensar um pouco", afirmou Tinga, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
Apesar de considerar importante que Taison tenha gerado reflexão em muita gente, Tinga lamenta que em 2019 ainda seja preciso discutir casos de racismo. Ele mesmo enfrentou situação semelhante em 2014, em jogo pelo Cruzeiro contra o Real Garcilaso na Copa Libertadores da América. Desde então, o ex-atleta passou a ser um porta-voz da luta contra esse tipo de preconceito.
"Esses temas precisam ser abordados sempre. Não deveríamos ter data e hora para falar disso. Mas acredito que estamos em evolução. Eu, como eterno questionador da vida, quando pergunto para minha mãe como era há 50 anos e ela diz que era pior até para entrar num restaurante, eu vejo evolução. Vejo evolução porque consigo entrar em um restaurante e outras pessoas da minha cor também. Acredito que está melhorando. Mas é natural que com a tecnologia e a informação global uma coisa que acontece tão longe como na Ucrânia agora chegue rápido. Antes acontecia muito mais, mas não chegava [até outras pessoas]. A velocidade das redes sociais potencializa isso, mas também pode apresentar uma chance de mudança. Só que combater a ignorância é difícil. O melhor remédio seria a educação, mas é muito difícil. Só de precisarmos abordar isso hoje em dia já é uma ignorância com um remédio difícil de se arranjar", desabafou.
A Fifa recomenda que casos semelhantes ao vivido por Taison em novembro resultem na suspensão das partidas, mas há algumas burocracias para que isso aconteça. Não foi o caso desse jogo na Ucrânia, que precisou ser retomado. Taison ainda cumpriu gancho pelo gesto obsceno direcionado aos racistas.
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